Já não é de hoje que venho cumprindo meu papel de fiscalizador do governo. Sim, sou deputado estadual e também tenho esta função. Ando pelos quatro cantos de Mato Grosso verificando como o Estado tem aplicado seus recursos. E pasmem, a coisa anda feia em todos os setores.
Na educação, por exemplo, diversas escolas estão sofrem com a falta de infraestrutura. Paredes rachadas, pintura velha, problemas elétricos e hidráulicos, vazamentos e infiltrações… Enfim, falta de gestão. Muitas obras que iniciadas ainda no governo anterior foram abandonadas. Em novembro passado, estive com o secretário de educação Marco Marrafon que prometeu colocar as mãos na massa. Mas…
Na ocasião, falei dos problemas na Escola Estadual Tancredo Neves, em Carlinda onde a reforma licitada em 2014 parou no ano seguinte por atraso nos pagamentos à empresa executora. Falei também, da Escola Estadual Carlos Pereira, em Santa Terezinha, onde obras autorizadas pelo Estado não saíram do papel.
Na zona rural, a situação é ainda mais difícil. Muitos alunos continuam em escolas provisórias. Em Cláudia, por exemplo, cerca de 1.200 crianças dos assentamentos da reforma agrária são orientadas em três barracões. Além disso, os servidores não são efetivos.
Se na educação as coisas vão mal, o que dizer das rodovias estaduais? A MT-413, que faz a ligação da BR-158 com o município de Santa Terezinha, ainda possui 25 quilômetros de buracos. A MT-388, principal via de escoamento da produção agrícola do município de Campos de Júlio está intrafegável causando prejuízos aos produtores agrícolas. Chegar à Nova Bandeirantes pela MT-417 é uma aventura: 16 quilômetros da rodovia que ligam a MT-208 à cidade são a cara do abandono. Estou fazendo apenas alguns apontamentos que ajudam a entender porque a 80,1% da população rejeita o governo Taques quando o assunto é infraestrutura.
Agora, pior que tudo isso é saber que a saúde em Mato Grosso está na UTI. Nos últimos dois anos, quatro secretários foram nomeados e ainda convivemos com atrasos nos repasses para hospitais regionais e conveniados, irregularidade no pagamento de salários dos médicos dos terceirizados, falta de vagas nas unidades de saúde e mortes neonatais. Sim, só em Sorriso, 11 bebês morreram antes de chegarem aos seus lares. Tudo isso por completa incompetência administrativa do governador Pedro Taques que insiste num modelo de gestão centralizador sem cumprir acordos e contratos.
Pra se ter uma ideia do caos, o Hospital São Benedito está há sete meses sem receber repasses do governo. A dívida chega a R$ 14 milhões. Estou falando do hospital que sempre foi usado pelo governo para o cumprimento de liminares em favor de pacientes críticos. Em Colíder, o último contracheque dos médicos que atuam no Hospital Regional é referente a janeiro de 2017. O Hospital de Câncer, um Cuiabá, continua dependendo de doações para se manter atuante, já que os repasses estaduais que servem para a aquisição de equipamentos não chegam. Talvez seja por tudo isso que 75,8% da população matogrossense reprova a administração Taques no quesito saúde.
Não estou fazendo oposição por oposição, mas revelando números apresentados pelo Mark Instituto de Pesquisa e Opinião Pública divulgados na última terça-feira (21). A pesquisa mostra que se as eleições fossem hoje 19,8% da população “não votaria de jeito nenhum” no governador Pedro Taques numa campanha à reeleição.
Que bom que não sou o único a perceber o quão desastroso tem sido este governo para o estado de Mato Grosso. Diante deste cenário, precisamos refletir e avaliar que tipo de governo queremos para o próximo pleito. Afinal de contas, já são dois anos de caos.
Valdir Barranco é deputado estadual por Mato Grosso e presidente do PT/MT.