O PT do Mato Grosso saiu fortalecido na eleição do deputado estadual Valdir Barranco como novo presidente estadual do partido. O desafio agora é se reaproximar das bases, movimentos sociais e periferias. Paralelamente, segue no enfrentamento ao governo de Pedro Taques (PSDB), envolvido em casos de corrupção e arapongagem.
“Tivemos um fortalecimento a partir do PED no Mato Grosso, rearticulando o partido. A partir do deputado Ságuas [Moraes Souza] tínhamos como meta realizar o PED em 50 municípios. Mas fizemos em 79. Desde então temos realizado encontros bastante participativos e vamos organizar comissões provisórias nos municípios que ficaram sem”, disse Barranco.
Ele elogiou o 6º Congresso Nacional do PT e a resolução de não se votar em um presidente no caso de eleições indiretas. “O 6º Congresso teve muito êxito. Respeitando as diferenças e os pensamentos das tendências, o 6º Congresso trouxe unidade em torno das Diretas Já. Não aceitar eleições indiretas e deixar claro que nossos parlamentares não votarão, se houver, é uma decisão muito importante”, disse.
O foco de atuação no estado será nas bases. Segundo Barranco, o desafio é levar o PT ao encontro dos movimentos sociais e dos que mais precisam. “Vamos nos reaproximar da periferia das grandes cidades, das nossas bases, dos movimentos das igrejas, principalmente da católica. Isso é um desafio que a gente começa a cumpri-lo desde já”.
O novo dirigente estadual elogiou a eleição da senadora Gleisi Hoffmann para a presidência do partido. “Gleisi é muito determinada, de fibra, com experiência, que tem feito bom mandato de senadora. Foi uma ministra da Casa Civil bastante articulada e dará mais dinamismo ao partido. Ela não tem poupado esforços de visitar os estados, algo importante nesse momento de fortalecimento do partido”.
Sobre as próximas eleições, Barranco afirma que o cenário ainda é obscuro, em parte devido ao atual governo estadual. “Como o governador é perseguidor, os políticos que têm interesse em colocar o nome à disposição têm medo de fazê-lo. Esse governador está mal, não deve se recuperar e isso vai nos ajudar a definir uma oposição. Nosso interesse é ter uma candidatura de centro-esquerda”.
Embate com o governo corrupto
Mato Grosso vive atualmente uma situação de grande instabilidade política, uma vez que o governador Pedro Taques, já citado em um suposto esquema de propina no final de 2016, agora aparece próximo a outra denúncia: grampos ilegais para monitorar adversários políticos.
“Pedimos abertura de CPI, não conseguimos maioria, mas não desistimos. Estamos avançando agora porque a Justiça tem feito bom trabalho de apresentar as pessoas envolvidas na ‘grampolândia’ e tem avançado para chegar até o mandante”, afirma Barranco.
O presidente do PT do Mato Grosso conta que Taques não teve um só dia sem manchas na vida política. “Caiu a máscara do ‘paladino da ética e moralidade’ que ele dizia ser. Antes da eleição dele para senado, adulteraram a ata da convenção substituindo o segundo suplemente pelo primeiro porque era mais conveniente para ele. Esse processo se arrasta pela Justiça”.
Barranco comenta ainda sobre uma operação do Gaeco, no primeiro ano do mandato do governador, em 2015, na Secretaria da Educação. “Desbaratou uma quadrilha que se beneficiava do desvio de recursos para a construção de escolas e para merenda, por meio de fraudes de licitação”, afirma. Nessa operação foi preso o secretário de Educação, homem de confiança do governador e integrante do PSDB.
“Depois veio a prisão do Alan Malouf, que confessou ter colocado R$ 30 milhões em caixa 2 na campanha de Taques e que, combinado com o governador, teria o dinheiro devolvido a partir de recurso desviado do Estado”. O mesmo depoimento cita o deputado federal Nilson Leitão, relator da CPI da Funai, e o primeiro secretário da Assembleia Legislativa estadual, Guilherme Maluf.
Cenário conturbado no estado
No dia 16 de junho, o presidente do diretório municipal de Tangará da Serra (MT), Valdir Alves de Andrade, foi brutalmente assassinado em um roubo seguido de morte. O presidente do PT-MT lembra que Andrade “era da educação, quadro importante, batalhador, sonhador, defendia muitos movimentos, especialmente LGBT”.
“Cobramos providências das autoridades. Ele havia sido eleito presidente do Diretório Municipal de Tangará, era candidato a vereador, e lamentamos muito o ocorrido”.
Por Pedro Sibahi, da Redação da Agência PT de Notícias