Em entrevista à Agência PT de Notícias, o governador do DF e candidato à reeleição pelo PT, Agnelo Queiroz, falou de suas realizações nos últimos quatro anos e defendeu que as melhorias iniciadas em sua gestão não podem parar.
Entre as conquistas elencadas por ele estão investimento recorde na saúde pública e a contratação histórica de professores em número nunca igualado nas administrações anteriores.
Segundo ele, nos últimos quatro anos o governo entregou 28 creches públicas e está licitando a construção de mais 56. Além disso, até o final de 2014 serão 350 escolas de educação em tempo integral.
Somente nos últimos quatro anos, foram alfabetizados cerca de 20 mil adultos.
Na área da saúde, foram contratados mais de quatro mil médicos, 30 centros de saúde foram reformados, entregues seis Unidades de Pronto-Atendimento (UPA) e foi multiplicado por dois o número de Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs.) nos hospitais.
“Fizemos isso com muita dedicação e muito trabalho. Mostramos pouco, é verdade. E temos agora todo esse período da eleição para mostrar tudo que fizemos”, explicou Agnelo.
Nas palavras do governador, a população quer a continuação de um projeto vitorioso e não a volta ao passado sombrio que vivenciou há quatro anos, nem a aventura de pessoas que não tem experiência nenhuma, que nunca fizeram nada pela cidade.
Agência PT de Notícias: O senhor pegou o governo do DF em meio a uma crise institucional e ética. O que foi preciso enfrentar primeiro para “colocar a casa em ordem”, como o senhor costuma falar?
Agnelo Queiroz: Eu peguei um governo numa crise profunda, a ponto de Brasília quase perder a sua autonomia política. Uma situação de quase intervenção. Para se ter uma ideia, em 2010, antes da minha posse, Brasília teve quatro governadores.
O cenário era de uma política de terra arrasada, de inadimplência absoluta. Os convênios estavam sem prestar contas, tínhamos mais de 70 inscrições nos cadastros de inadimplência e estávamos impedidos de contratar.
Haviam também 157 obras paradas. O lixo não era recolhido, por todas as cidades se via o mato alto, o asfalto destruído. Uma tragédia absoluta.
Foi preciso primeiro enfrentar essa desorganização do estado para colocá-lo para funcionar.
“Foi preciso primeiro enfrentar essa desorganização do estado para colocá-lo para funcionar.”
Na saúde, tive que decretar o Estado de Emergência, para comprar os medicamentos e fazer as reformas. Existia um grande desabastecimento. Não tinha medicamento, não tinha leitos de UTI, não tinha profissionais. Uma situação dramática.
As aulas seriam iniciadas em 40 dias e as escolas estavam todas arrebentadas. Eu tive que fazer um mutirão para reformar as 300 piores escolas.
AGPT: O seu governo nomeou um número recorde de servidores da educação, aprovados em concurso. Assim foi também com policiais e profissionais de saúde. Mas sabemos que suprir as deficiências da rede de educação pública vai muito além disso. O que ainda deve ser feito?
AQ:Eu contratei seis mil professores. Foi a maior contratação de professores da história do Distrito Federal, fixos e temporários. Com isso, conseguimos com que nossa rede hoje tenha 30 mil profissionais.
Fizemos uma considerável ampliação do ensino infantil. Em 50 anos, Brasília não tinha uma única creche pública. Entreguemos 28 e vamos entregar 112 ao todo. A meta é também ampliar o acesso à creche. Agora mesmo estamos fazendo uma licitação simultânea para construir 56 creches.
AGPT: A meta estipulada para educação integral é audaciosa. Será possível cumpri-la nos próximos anos?
AQ: Sim, audaciosa, mas completamente possível. O ensino integral precisa ser ampliado. Hoje, o DF tem 332 escolas de educação integral. Vamos chegar a 350 até o final do ano. No próximo governo, todas as 650 escolas públicas terão educação integral.
É tão possível que já colocamos uma cidade inteira com escolas em ensino integral, que foi Brazlândia.
AGPT: E o selo de Território Livre do Analfabetismo?
AQ: Essa foi uma conquista extraordinária! Somos a primeira cidade a conseguir o selo de território livre do analfabetismo do Brasil. E isso aconteceu por um programa que fizemos ostensivo de alfabetização na cidade. Foram mais de 20 mil adultos alfabetizados.
AGPT: Pesquisa recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que o DF é a unidade da federação que mais investe em saúde pública no Brasil. Onde a população pode ver esses investimentos?
AQ: Essa foi a área que mais investimos e que precisamos continuar investindo. Contratamos 1,5 mil servidores para essa área, entre eles, mais de 4 mil médicos. Investimos mais de R$ 5,7 bilhões.
Com isso, reformamos 30 centros de saúde. Entregamos seis UPA’s (Unidade de Pronto-Atendimento) e nove Clínicas da Família. Inauguramos o Hospital da Criança, o Pronto-Socorro do Hospital de Taguatinga e da Ceilândia e a maternidade do Hospital de Sobradinho.
Fizemos mais leitos de UTI nesse período que os 50 anos do DF. Mais que dobramos o número de UTI’s.
“Fizemos mais leitos de UTI nesse período que os 50 anos do DF.”
AGPT: As UPA’s foram entregues, mas ainda enfrentam dificuldades.
AQ: Mesmo com seis UPA’s, a demanda da população aqui é muito grande. Quase metade dos pacientes vem de outros estados. E esses atendimentos vão direto para a emergência, para as UPA’s.
AGPT: O que ainda falta ser feito?
AQ: Até o final deste ano serão entregues mais duas UPA’s. A previsão é entregar mais seis, no primeiro ano do próximo mandato. São 14 ao total no nosso projeto de governo.
AGPT: Logo no início do governo o senhor teve também que enfrentar a sabida “Máfia dos Transportes”, que dominou o setor por tantos anos no DF. Foram várias as ações judiciais que tentaram impedir a realização das licitações e contratações. O GDF finalmente venceu essa batalha?
AQ: Vencemos. Nós fomos o primeiro governo a enfrentar o cartel do transporte. Fizemos licitações para o setor, depois de quase 50 anos de domínio dessas empresas. Fui o primeiro governador a ter essa coragem.
Depois disso, já substituímos 90% dos ônibus velhos por novos.
AGPT: A integração com outros modais, como o metrô e o Expresso DF Sul ainda está em fase de concretização, certo? O que falta ser feito?
AQ: Também pensando na mobilidade urbana, construímos o Expresso DF Sul, que liga o Gama e a Santa Maria ao Plano Piloto. Iniciamos a obra do Expresso DF Oeste, da Ceilândia até o Plano Piloto. Ainda este ano, vamos começar o Expresso DF Norte, que vai ligar Planaltina ao Plano Piloto. E está em fase de projeto-base o Expresso DF Sudoeste.
E não para por aí. Vou fazer a tão esperada ampliação do metrô. Fizemos também mais de 440 quilômetros de ciclovias.
Portanto, essa mudança está em curso. E ela é irreversível. Aquela humilhação que o povo passava, não passa mais. Agora é fazer ajustes, para dar mais eficiência a essa política de transporte público.
AGPT: A renovação da frota de ônibus é algo que pode ser confirmada a olhos vistos. Mas a população ainda se queixa de falta de ônibus e localidades que ainda não são totalmente atendidas. Como o senhor irá resolver esse déficit?
AQ: A demanda atual cresceu porque aumentou o número de usuários de transporte público. É uma demanda que nós queremos. Agora é preciso aperfeiçoar.
Agora queremos que a demora seja menor, que não fique tão cheio nos horários de pico. E isso será feito. Vamos botas mais ônibus. Esse é um problema que nós estávamos procurando para ter. [risos]
AGPT: Diferente do que tanto se alarmou, a realização da Copa do Mundo em Brasília foi um sucesso. Sucesso de público, de organização, segurança e, principalmente, de retorno. Quais os legados que o evento deixou para a população?
AQ: A Copa foi realmente um sucesso absoluto. Nós divulgamos a Capital do Brasil para o mundo inteiro. Em contrapartida, observamos que 98% das reportagens que foram publicadas sobre o evento aqui, eram positivas.
Recebemos 663 mil turistas, que deixaram R$ 1,3 bilhão na nossa economia. Desses, 96% disseram que querem voltar à Brasília. Transformamos Brasília em um centro de eventos nacionais e internacionais. Essa era nossa grande meta para incrementar o turismo.
A cidade está mais bonita e moderna. Temos hoje o aeroporto mais moderno e movimentado do Brasil, que aliás, ultrapassou Congonhas em número de voos. Temos um pavimento que é um tapete. Um estádio que é o mais moderno do País.
AGPT: O DF passou por períodos de intensa onda de crimes nos últimos anos. O que o senhor pretende fazer para o DF volte a ser uma cidade reconhecida nacionalmente pela segurança?
AQ: Quando recebi Brasília, estava entre as 50 cidades mais violentas do mundo. Hoje, no Brasil, são 16 cidades entre as mais perigosas, mas Brasília não está na lista.
Reduzimos os indicadores de criminalidade, de homicídios e de sequestros-relâmpago.
Contratamos mais de cinco mil policiais. São hoje mais de 500 duplas Cosme e Damião rodando as áreas principais da cidade. São 850 câmeras a serviço da política para monitoramento. Equipamos também a política com tecnologia.
AGPT: Assim como o governo da presidenta Dilma Rousseff, o déficit habitacional foi amplamente combatido no seu governo aqui no DF. O que foi feito? E o que ainda pode ser feito para que todo cidadão tenha acesso a um direito tão básico?
AQ: Nós mudamos a política habitacional. Fizemos uma parceria com a presidenta Dilma e estamos construindo 100 mil unidades habitacionais. É o maior programa de habitação popular do Brasil. Detalhe, em um lugar onde se falava que não podia ser feito o Minha Casa, Minha Vida.
Já entreguei 12 mil unidades habitacionais e estamos construindo 90 mil, com famílias habilitadas para receber seu apartamento com escritura, água, luz, toda infraestrutura e qualidade.
AGPT: Como o seu governo trabalhou no combate à ocupação irregular e a grilagem de terras, que perdurou por tantos anos do DF?
AQ: Demos um basta na grilagem de terra, impedindo qualquer tipo de invasão. Hoje temos uma política habitacional. Por isso ninguém precisa invadir para ter sua casa, seu apartamento. Estamos fazendo uma política em áreas com licença ambiental e qualidade de vida.
Estamos regularizando também. Tínhamos quase um terço da cidade na ilegalidade. São cidades inteiras sendo regularizadas. Já entregamos mais de 60 mil escrituras. Essa política precisa continua.
AGPT: A população do DF está em plena expansão. O que o senhor pretende fazer para gerar emprego e renda, para absorver essa demanda?
AQ: Fizemos um projeto de desenvolvimento econômico, retomando o planejamento, atraindo empresas e gerando emprego e renda.
Brasília tem hoje o menor desemprego da história. Em 2014, foi a cidade que mais gerou empregos, depois de São Paulo. E é a segunda que mais cresceu no Brasil. É a quarta cidade em população. Isso mostra que a economia está crescendo, precisa crescer o setor privado e ter um programa ofensivo de desenvolvimento econômico para absorver essa mão de obra.
Estou preparando a cidade para esse crescimento, inclusive os recursos humanos da cidade. É o melhor momento que a cidade está vivendo. Isso é fruto de uma política justa e correta de diminuição da desigualdade.
Antes, tínhamos 10% de extrema pobreza e agora são menos de 3%. O povo mais pobre dessa cidade foi o que mais ganhou. Incluímos socialmente mais de 63 mil famílias, com programas de transferência de renda, com a criação da Fábrica Social, oferecendo qualificação profissional.
AGPT: Com a saída do Arruda do páreo, de que forma o senhor pretende virar o quadro eleitoral? A proximidade do candidato Rodrigo Rollemberg (PSB) nas pesquisas eleitorais lhe preocupa?
AQ: A maior pesquisa é no dia 5 de outubro. E eu não tenho dúvida que vamos ganhar a eleição, porque nossa população é politizada e consciente. O que faltou foi divulgamos o que fizemos.
Pegamos uma cidade destruída e envergonhada. E hoje a cidade está com a autoestima elevada. Está com a credibilidade resgatada, dentro e fora da esfera pública. Fizemos isso com muita dedicação e muito trabalho. Mostramos pouco, é verdade. E temos agora todo esse período da eleição para mostrar tudo que fizemos.
A população não quer o passado e não quer a aventura de pessoas que não tem experiência nenhuma, que nunca fizeram nada pela cidade.
O povo quer a continuação de um projeto vitorioso. Estou mais experiente, mais tarimbado, com a máquina funcionando muito melhor hoje.
Por Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias