Partido dos Trabalhadores

Veja como Bolsonaro, em quatro anos, arruinou o futuro das crianças no Brasil

Desnutrição, exploração, evasão escolar, desamparo social e emocional: saiba como Bolsonaro tem destruído a infância no Brasil

Elas por Elas

Apenas 26% das crianças de 2 a 9 anos conseguem realizar 3 refeições diariamente. Imagem: Elas por Elas

Sem comida, sem escola, órfãs pela pandemia, exploradas, desnutridas e desamparadas: este é o legado de quatro anos do governo Bolsonaro para as novas gerações de brasileiros e brasileiras.

Esse é o presidente que usa, de forma inadequada e irresponsável, a imagem de crianças em propagandas para fazer média com a população e ataca o direito ao futuro das novas gerações de todas as formas possíveis.

A começar pela crise econômica e a alta do preço dos alimentos que tirou da mesa de milhares de lares brasileiros a possibilidade de garantir as refeições diárias, passando pelos cortes na Educação Infantil, a volta da poliomielite alimentada pela retórica antivacina, os cortes nos direitos trabalhistas que forçam as mães a deixarem bebês de 2 a 3 meses na creche (quando há vagas), as desinformações sobre violência obstétrica na hora do parto, evasão escolar, apologia ao trabalho infantil, fechamento de creches, fome e extrema pobreza.

Da gestação à juventude, passando pelo puerpério, exterogestação (primeiros três meses) e primeira infância, até o fim da idade escolar — o governo conseguiu prejudicar a vida das crianças de diversas maneiras, acompanhe aqui:

Fome

A fome atinge 60% dos brasileiros, os mais afetados são lares com crianças menores de 10 anos. Toda família sabe a dor de não saber se vai conseguir colocar comida na mesa para seus filhos. No Brasil de Bolsonaro, 7 em cada 10 crianças passam por alguma restrição alimentar durante o dia. Isso significa que apenas 26% das crianças de 2 a 9 anos conseguem realizar 3 refeições diariamente. Nos governos do PT, mais de 75% das crianças tinham as três refeições diárias garantidas.

Pobreza e Extrema Pobreza

A pobreza infantil aumentou no país depois da pandemia, segundo estudo feito por pesquisadores da PUC do Rio Grande do Sul. Os dados da PNAD Contínua, do IBGE, revelam que a proporção de crianças com até seis anos vivendo abaixo da linha da pobreza saltou de 36,1%, em 2020, para 44,7%, em 2021.

Desnutrição infantil

Depois de cair consistentemente a partir de 2004, número de crianças abaixo do peso ideal voltou a subir em 2019. Hoje, mais de 700 mil brasileiros de 0 a 5 anos estão nessa situação. Quando se olha para a população negra, a tragédia é bem maior. Entre as crianças pretas e pardas, o índice de desnutrição na mesma faixa etária atinge 7,4%. Os dados são do Instituto Desiderata.

A volta da paralisia infantil – crianças desprotegidas e vulneráveis a doenças

Os cortes na saúde pública, a retórica antivacina, a irresponsabilidade, a desinformação e a crueldade do presidente Bolsonaro já cobraram sua fatura nas crianças: as três vacinas que tiveram menor cobertura em 2021 foram poliomielite (paralisia infantil), tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e tetraviral (a tríplice mais proteção contra varicela ou catapora). Os dados são do estudo realizado pela pesquisadora de políticas públicas Marina Bozzetto, da Universidade de São Paulo (USP).

Exploração de trabalho infantil – não foi só uma ‘declaração infeliz’

Em 4/7/2019, o presidente defendeu publicamente o trabalho infantil dizendo que “não prejudica as crianças”. Ao contrário de apenas uma “declaração infeliz”, o país vem sofrendo um aumento significativo na exploração de trabalho infantil, segundo dados do IBGE. De 1992 a 2019, o país registrou queda nesse índice. Desde que assumiu o poder, especialistas apontam que esse índice voltou a crescer. Em 2020, levantamento do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em São Paulo revelou aumento de 26% no número de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos submetidos a trabalho infantil.

Educação Infantil – corte de verba, fechamento de vagas e prejuízo no aprendizado

Com corte de 96% das verbas para Educação Infantil, Bolsonaro inviabiliza retomada do aprendizado de nossas crianças no pós pandemia; prejudica mães solo e fecha portas para o retorno e qualificação das mulheres ao mercado de trabalho. Atualmente, o país tem 20 milhões de crianças que, segundo a Unicef, ainda sofrem com os efeitos de dois anos de pandemia. E a projeção é de fechamento de vaga, demissão de professores e precarização do ensino.

Evasão escolar — Crianças de 11 a 19 anos fora da escola

Dois milhões de crianças e adolescentes de 11 a 19 anos, que ainda não haviam terminado a educação básica, deixaram a escola no Brasil desde a pandemia, em 2020, segundo a Unicef. As famílias mais pobres são as mais atingidas: a média global de estudantes fora da escola é de 11%, nas classes D e E, e chega a 17%. Quatro vezes mais que o índice de evasão nas classes A e B (4%). Além de não ter uma política de inclusão das crianças, o governo propôs para 2023 um corte de R$ 1,096 bilhão no programa “Educação básica de qualidade”.

Ensino doméstico (homeschooling)

Bolsonaro mobilizou sua base de apoio e defende publicamente a implementação do “ensino doméstico” que vai ampliar ainda mais a desigualdade do acesso à educação em todo país. Quem tem dinheiro, poderá pagar professores para ensinar em casa. Enquanto à população mais pobre restará um ensino precarizado, sem socialização.

Sem falar no ataque ao pensamento crítico e à formação da cidadania: especialistas apontam que quando a criança é privada do convívio coletivo e da socialização, ela está ainda mais suscetível a reforçar preconceitos, a não ter respeito pelas diferenças, tampouco a ser empática e perseverante.

Órfãs da pandemia

A gestão genocida de Bolsonaro durante a pandemia fez mais de 12 mil crianças, de até seis anos, perderem pelo menos um dos pais, entre março de 2020 e setembro de 2021. Segundo dados dos cartórios em todo país, mais de 25% delas não tinha sequer completado um ano de vida.

Crise econômica afeta primeiros três meses de vida dos bebês

Em 2022, o número de bebês com menos de dois meses matriculados em creche é quase o dobro do registrado no mesmo mês do ano passado. Há casos de bebês com 19 dias. A crise econômica e o fim dos direitos trabalhistas fazem com que essas mulheres tenham que procurar a creche pública com muito mais antecedência do que procurariam se elas tivessem segurança alimentar, trabalho, emprego e renda. Esta é a conta da crise econômica, do desemprego e da fome promovidas pelo governo Bolsonaro, que prejudica milhares de famílias e compromete o futuro dessas crianças e bebês.

Até na hora de nascer: desinformação e violência obstétrica

Em maio deste ano, o governo federal lançou uma nova versão da Caderneta da Gestante repleta de desinformações, adotando uma linha divergente da base científica. O documento reforça práticas de violência obstétrica e confunde a mulher sobre métodos contraceptivos pós-parto. Os primeiros “mil dias” da crianças, desde o parto, são considerados fundamentais para um desenvolvimento saudável. A violência obstétrica prejudica não só a mãe, mas também pode afetar todo o desenvolvimento ao longo da primeira infância.

Ana Clara Ferrari