Partido dos Trabalhadores

Vicente Cândido quer aprofundar democracia com reforma política

Deputado federal do PT apresentou, na Câmara dos Deputados, relatório da Reforma Política que defende mecanismos de democracia direta

Pedro Sibahi/Agência PT

Vicente Cândido apresentou relatório da reforma política onde defende mecanismos de democracia direta

“Nós precisamos dialogar mais com a sociedade, sobretudo com a juventude, ainda mais com a modernização dos meios de comunicação, das novas formas de comunicar. Esse projeto procura responder a isso”, afirmou o deputado federal Vicente Cândido (PT-SP) sobre as propostas de democracia direta contidas na relatoria da Reforma Política que ele entregou à Comissão Especial do tema no dia 4 de abril.

O deputado falou sobre os principais pontos do seu relatório em um debate realizado pela bancada do PT na Câmara dos Deputados na noite desta segunda-feira (18).

Segundo Cândido, a proposta de reforma se estrutura em torno de três eixos principais: fortalecimento de instrumentos de democracia direta, alteração de pontos da legislação eleitoral e financiamento de campanha.

Com relação à democracia direta, ele classifica este ponto como o “mais ousado” da proposta. “Há hoje uma crise de representatividade dos poderes. Depois da primavera árabe e junho de 2013, após as mobilizações que tivemos pró impeachment, contra as reformas, mostram que o Brasil precisa mudar, nós precisamos abrir, descentralizar”, avaliou.

Para mudar esse panorama, ele propõe a criação de um Projeto de Lei Ordinária que estabelece uma sistemática de subscrição de projetos de iniciativa popular.

Atualmente, a sociedade civil pode propor um projeto de lei, desde que seja subscrito por no mínimo 1% do eleitorado do país, distribuído por elo menos cinco estados.

A proposta do relatório é agilizar a coleta de assinaturas por meio de um mecanismo digital para conferência e estender o processo para a convocação de plebiscitos e referendos, além de permitir que o presidente da república peça um referendo sem passar pelo Congresso.

Legislação eleitoral

Com relação à legislação eleitoral, a principal mudança proposta é a criação do pré-registro de campanha, que se daria no mês de março do ano eleitoral, criando tempo hábil para a habilitação prévia dos candidatos por parte da Justiça Eleitoral. Atualmente a Justiça não consegue analisar todas as candidaturas e muitos políticos são eleitos sob judice.

O relatório de Cândido também propõe o retorno do prazo de campanha para 60 dias, estabelece a propaganda paga na internet, estabelece o período de propaganda eleitoral a televisão em 35 dias, e proíbe a divulgação de pesquisa eleitoral após último domingo que antecede data do pleito.

Com relação às candidaturas, a proposta de Vicente Cândido é pela lista fechada pré-ordenada para as legislaturas, mas apenas para nas eleições de 2018, 2020 e 2022. A partir de então, seria adotado o modelo distrital misto, com 50% dos candidatos escolhidos em seu distrito e 50% por lista fechada.

Cândido afirmou que pode existir uma dificuldade para aprovar o modelo porque “o que pega no Congresso é a demonização da lista fechada”. Para ele, a imprensa fez um “desserviço” para a nação brasileira com esse tema. “Tenho me digladiado com a mídia. Ela vem de cara colocando sua opinião e falando que congressistas querem a lista para se esconderem da operação da Lava Jato. Se fosse verdade, a lista teria 500 votos, mas é o contrário”, avaliou.

Ele também defende o fim da reeleição, com mandatos de 5 anos; extinção do cargo de vice para o Executivo em todas as esferas e a criação de mandato de 10 anos para juízes federais.

“Mandatos políticos, indicação política, são temporais, conjunturais, refletem um momento político da nação. Então, não é razoável que quem tem mandato de quatro anos vai escolher alguém que tem mandato de 40 anos”, explica Cândido em relação à proposta para juízes.

Debate ocorreu na Câmara Municipal de São Paulo

Financiamento

A proposta de Vicente Cândido de financiamento das campanhas é que ele seja misto, majoritariamente público, mas com uma parcela de dinheiro privado. A novidade é que ele proíbe o autofinanciamento e estabelece um teto de cinco salários mínimos para a doação privada, que só poderá ser efetivada por pessoas físicas.

Os recursos públicos não poderão ser mais do que 70% do teto de gastos, que no caso do cargo de presidente será de R$ 150 milhões no primeiro turno e R$ 75 milhões no segundo.

“O tema do financiamento público é vital. Os dados mostram que a eleição de 2016 teve muita contribuição do próprio bolso, mostra que precisamos de limitação, senão vira predomínio do poder econômico”, afirmou o presidente do PT Paulista, Emidio de Souza, que também esteve presente no debate.

Por Pedro Sibahi, da Redação da Agência PT de notícias