A presidenta do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), afirmou hoje (11) que o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, escancarou o esquema envolvendo setores da mídia e do Judiciário para tirar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da disputa pela Presidência da República, que elegeu Jair Bolsonaro (PSL).
“A fala do general Villas Bôas evidencia a trama política contra Lula. Deixa claro que houve ingerência em decisão do STF (Supremo Tribunal Federal)”, disse a dirigente por meio de seu perfil nas redes sociais.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, publicada neste domingo, o comandante foi questionado, entre outras coisas, sobre a moderação que marcou o comando do Exército assumido por ele em 2015, mesmo em momentos de crise.
Em sua resposta, o ele afirmou que os militares da reserva exercem influência quando se pronunciam, o que às vezes repercute interna e externamente. “Eu precisei ter o domínio da narrativa. Por isso, às vezes nós éramos mais enfáticos na expressão, sempre no limite para não invadir o espaço de outras instituições”.
“Eu reconheço que houve um episódio em que nós estivemos realmente no limite, que foi aquele tuíte da véspera da votação no Supremo da questão do Lula. Ali, nós conscientemente trabalhamos sabendo que estávamos no limite. Mas sentimos que a coisa poderia fugir ao nosso controle se eu não me expressasse. Porque outras pessoas, militares da reserva e civis identificados conosco, estavam se pronunciando de maneira mais enfática. Me lembro, a gente soltou [o post no Twitter] 20h20, no fim do Jornal Nacional, o William Bonner leu a nossa nota”, continuou Villas Bôas.
Em sua manifestação, Gleisi questiona aspectos sobre os quais o militar fala de maneira superficial. “O que poderia fugir do controle? Quais as suas razões? Teve de agir por que? Que limite tinha? Ela lembra que o que se esperava, do julgamento, era uma decisão judicial que observasse a Constituição. Bagunçaram o país pra impedir Lula de ser candidato”, escreveu a dirigente.
Nesta semana completou sete meses que o ex-presidente está preso. Em julho, lideranças do PT entraram com habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) para libertar Lula, cuja condenação se deu apesar da falta de provas. O desembargador de plantão, Rogério Favaretto, acolheu o pedido. No entanto, o então juiz Sergio Moro, mesmo de férias fora do Brasil, interferiu diretamente no caso e derrubou a decisão de Favaretto. Moro, agora no governo de Jair Bolsonaro (PSL), deverá dar explicações sobre o caso ao Conselho Federal de Justiça (CNJ).