O relatório Conflitos no Campo Brasil 2018, elaborado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), mostrou que, no ano passado, 482 mulheres foram vítimas de violência no campo, o que representa um aumento de 377% em relação a 2017. O documento, lançado na sexta-feira (12), traz dados alarmantes sobre o crescimento da violência no contexto da luta pela terra, conforme repercutiu o portal De Olho nos Ruralistas. No total, foram registrados 964 ataques, que resultaram em 25 mortes de homens e mulheres que são lideranças camponesas, indígenas e quilombolas.
As camponesas, indígenas e quilombolas foram vítimas de ameaças de morte, sendo que seis delas sofreram tentativas de assassinato e outras seis foram feridas durante tentativas de despejo. Além disso, duas mulheres denunciaram torturas, uma sofreu um aborto e duas morreram nos conflitos agrários. A criminalização de suas lutas também contribui para a violência: 15 mulheres foram presas em ações policiais.
O documento também mostra que as mulheres sofrem mais restrições que os homens no acesso à água, à titulação das terras, ao crédito rural, à assistência técnica e à compra de sementes. Elas ainda são mais discriminadas no mercado de trabalho, compõe o grupo mais sensível ao desemprego, são maioria na informalidade e as principais responsáveis pelo trabalho doméstico e de cuidados. Por isso, as mulheres são especialmente prejudicadas pela proposta de reforma da Previdência apresentada por Jair Bolsonaro (PSL).
O relatório Conflitos no Campo Brasil 2018 indica ainda que há uma invisibilização das mulheres no campo brasileiro e aponta desafios. “As alternativas reais requerem processos de mobilização e organização das mulheres, bem como visibilidade das notificações e subnotificações de violências sofridas por elas no campo, e pelo acesso à informação, para que se reforce a conscientização sobre o tema e sua desnaturalização”, conclui o documento.
Da Redação da Agência PT de notícias, com informação do De Olho nos Ruralistas