O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), teve o passeio de bicicleta interrompido por um casal, ainda não identificado, durante a inauguração de novo trecho da ciclovia da Avenida Paulista na manhã do último domingo (23).
O prefeito participava da entrega dos 750 metros da ciclovia na Avenida Bernardino de Campos, quando foi abordado no cruzamento da Rua Augusta com a Paulista e teve a bicicleta que usava segurada pelo homem, enquanto os dois o insultaram, aos gritos. A equipe de segurança recuperou a bicicleta e Haddad seguiu o trajeto a pé.
Em nota, Haddad “considerou a manifestação inoportuna e pediu para que isso não estragasse o sucesso do dia”.
“A Prefeitura esclarece que, no evento de inauguração da ciclovia da Bernardino de Campos, ocorreu um pequeno incidente que não abalou o clima geral festivo e de alegria com pedestres e ciclistas na Av Paulista. Próximo ao cruzamento da Paulista e da Augusta, um homem e uma mulher abordaram o prefeito Fernando Haddad e impediram que ele seguisse seu percurso de bicicleta, com gritos e insultos. Quando o homem segurou a bicicleta do prefeito, ele desceu e seguiu a pé. A segurança do prefeito buscou liberar a bike e dissuadir ciclistas de reagir contra o homem e a mulher”, informa a nota da assessoria do prefeito.
Para a deputada estadual Beth Sahão (PT), discordar faz parte da democracia, mas a atitude do casal foi classificada como uma “prática fascista”, de quem não consegue conviver com o diferente. “Que exemplo eles dão a seus filhos? Que filhos são esses que eles estão preparando para conviver com outras pessoas?”, questiona a parlamentar.
“Essa ideia, desse projeto da implantação das ciclovias, foi muito bem aceita pela população. Obviamente que se tem fascistas na cidade, infelizmente, e que acabam tendo esse tipo de atitude grosseira, indelicada, agressiva. Ainda bem que eles são minoria”, declara a deputada.
A complexidade da cidade de São Paulo exige de seus moradores a competência de saber viver com a diversidade, afirma a deputada, que lembra que as ciclovias não servem apenas ao lazer, mas são instrumentos de integração entre as pessoas e democratização do espaço público.
“As ciclovias estão presentes nas principais cidades do mundo. Por que São Paulo, a principal cidade da América Latina, não pode conviver com isso?”, questiona Beth.
Com o novo trecho, a capital conta agora com 356,8 quilômetros, dos 400 de malha cicloviária pretendidos pela prefeitura. Ontem foi também o segundo domingo em que a Avenida Paulista foi fechada ao tráfego de veículos, como proposta da administração de tornar o espaço uma área de lazer para os paulistanos.
O prefeito ressaltou a importância da conexão das ciclovias. De acordo com ele, a criação da malha cicloviária dará mais segurança para as pessoas, não apenas para irem trabalhar, mas também disporem de momentos gratuitos de lazer. Para Haddad, a cidade tem que oferecer essa opção e a bicicleta é um exercício “magnífico”, que melhora o sedentarismo.
“A Bernardino conecta a Vergueiro à Paulista. Agora você consegue ir da avenida Jabaquara até o Pacaembu e logo mais até quase a Lapa de bicicleta”, declarou o prefeito.
Para o deputado estadual João Paulo Rillo (PT), as mudanças sociais e democráticas incomodam setores desacostumados a dividir o espaço público e ter privilégios questionados.
“Os setores mais resistentes a essas transformações urbanas precisam aceitar que a cidade não é deles, é um espaço de todos, público, embora historicamente venha sendo dominado por eles”, explica o deputado.
Por Guilherme Ferreira, da Agência PT de Notícias