A atuação da bancada do PT na Câmara dos Deputados foi celebrada na noite desta quarta-feira (9) com a aprovação, após décadas de discussão no Congresso Nacional, da reformulação da Lei de Cotas no ensino federal.
O Projeto de Lei 5.384/20, aprovado com a relatoria da deputada federal, Dandara Tonantzin (PT/MG), propõe o aprimoramento e a continuidade da lei, ampliando a acessibilidade no ingresso ao ensino superior público de estudantes negros, pardos, indígenas e com deficiência.
“Garantir a continuidade e o aperfeiçoamento desta importante política de ação afirmativa é uma grande vitória, resultado de décadas de discussão, mobilização, suor e sangue do povo preto e pobre em nosso país”, ressalta a parlamentar.
Tonantzin relembra que, em 2012, a Lei de Cotas foi sancionada pela presidenta Dilma Rousseff para assegurar o acesso de milhares de estudantes negros, pardos, indígenas e com deficiência ao ensino superior. “Foi um importante passo no combate à desigualdade social, ao racismo estrutural e ao capacitismo. Agora vamos garantir condições para a permanência e a conclusão do curso dos cotistas. As cotas continuam! Nossa vitória nunca será por acidente”.
A deputada federal Maria do Rosário (PT/RS), que também é autora da proposta, destaca o apoio de todos os líderes, bancadas para que o país tenha universidades e institutos cada vez melhores e inclusivos.“Quando aprovamos essa matéria, lá no primeiro governo Lula, sabíamos que podíamos fazer muito melhor pro Brasil e conseguimos criar universidades, valorizar, e superar a barreira do racismo em muitos aspectos, ainda que muito existe para fazer, prezados líderes”, explica.
“Agora, com apoio de todos os líderes, bancadas, apoio de todos e todas, nós vamos fazer uma universidade cada vez melhor, institutos federais de educação, ciência e tecnologia cada vez melhores. O que acontece em um Brasil melhor quando há justiça social e enfrentamento a esse racismo estrutural”, aponta a deputada.
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Revisão das regras
Quando legitimada por Dilma, a Lei de Cotas determinava a revisão das regras uma década depois, o que não aconteceu em 2022 no governo bolsonarista.
Com o texto substitutivo do PL aprovado pela Câmara, a avaliação do sistema de cotas agora deverá acontecer a cada dez anos, com reserva de acesso ao ensino federal também para os quilombolas.
O projeto estabelece ainda um novo mecanismo para o preenchimento das cotas. Em vez de os cotistas concorrerem somente às vagas estipuladas para seu subgrupo (pretos, pardos, indígenas, etc.), eles concorrerão às vagas gerais. Caso não alcancem a nota para ingresso, então sua nota será usada para concorrer às vagas reservadas a seu subgrupo dentro da cota global de 50%.
Valorização do Movimento Negro
O secretário Nacional de Combate ao Racismo do PT, Martvs Chagas, destaca e parabeniza a atuação das deputadas Maria do Rosário e Dandara Tonantizn.“Mais uma vez, a atuação do PT, através de sua bancada na Câmara fez a diferença. Entendo que essa vitória foi uma maneira honrosa de valorizar a trajetória do Movimento Negro, que luta incansavelmente, por melhores dias para a população negra do Brasil”, elogia.
Chagas enfatiza que “em um ambiente amplamente conservador, a aprovação da lei se insere de forma espetacular, junto com a retomada do diálogo, o fortalecimento da democracia e permitindo que negros e negras continuem no caminho da busca da igualdade através da educação”.
Inclusão social e reparação
Para o senador Paulo Paim (PT/RS), que será o relator do projeto no Senado Federal, a medida é extremamente relevante para a inclusão social no Brasil e garantia de oportunidades para todos e todas estudantes. “O projeto que busca tornar a Lei de Cotas permanente e aprimorar suas medidas é de extrema importância para a inclusão social, a garantia da igualdade de oportunidades e a promoção da justiça no país”.
Ele também ressalta que o projeto é uma maneira de reparar o povo preto que, por muito tempo, sofreu racismo, discriminações e foi excluído da sociedade.“É uma medida reparadora para grupos historicamente marginalizados em nossa sociedade e uma forma de combater o racismo e as discriminações. E isso o Brasil precisa cada vez mais. As mulheres foram decisivas para a aprovação do projeto na Câmara”, observa Paim.
“Elas escreveram caminhos, encurtaram distâncias e construíram a união pela consistência de suas ideias, que, aliás, já estão eternizadas em nossas memórias. Agora, o projeto vai tramitar no Senado. Eu fui escolhido para relatá-lo. Estamos comprometidos em lutar incansavelmente por essa causa”, reforça.
A senadora e coordenadora do Setorial Nacional de Educação do PT, Teresa Leitão, também destaca a Lei de Cotas como um ato de reparação para a população preta brasileira.“A Lei de Cotas é uma das grandes medidas de reparação do nosso país. A aprovação da revisão, que estabelece cotas para os cursos de pós-graduação e para quilombolas e prioridade para os cotistas receberem benefícios de assistência estudantil, é mais um avanço para o acesso e a permanência na educação”, disse Leitão.
“A juventude negra desse país vai continuar a sonhar”
Nádia Garcia, que é secretária Nacional da Juventude do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras (PT), comemora a aprovação da Lei de Cotas pela sua transformação de poder proporcionar a continuidade e a esperança de tempos melhores para a juventude negra no Brasil.
“A aprovação da continuidade da lei de cotas é certeza que a juventude negra desse país vai continuar a sonhar e realizar seus sonhos. A lei de cotas transformou a realidade das juventudes negras e periféricas do país e foi essencial na construção de uma nova ordem de igualdade, de justiça e de oportunidade do nosso país”, festeja Garcia.
Ela enfatiza ainda que a permanência da lei garante a certeza que o Brasil, com o governo Lula, voltará a ser feliz.“A aprovação dessa continuidade fala muito mais sobre a esperança de tempos melhores, do que necessariamente sobre a entrada na universidade ou não”, argumenta.
“Quando um jovem negro entra na universidade, não é só sua vida que se transforma, a vida da sua família, da sua comunidade, do seu território, da sua quebrada. A continuidade da lei de cotas nos dá a certeza de que a gente não parou por aqui, de que o Brasil vai sim, voltar a ser feliz não só nos quatro anos de governo do nosso presidente Lula, mas o período total que a juventude negra possa viver com excelência, dignidade e igualdade em suas vidas. Entrar na universidade, permanecer, e sair com o diploma na mão”.
O secretário Nacional de Juventude do governo Lula, Ronald Sorriso, festeja a conquista da deputada Tonantzin e ressalta a importância da Lei de Cotas em proporcionar novos caminhos e transformar a vida da juventude.“O fato de uma deputada jovem, petista, cotista com Dandara, ainda dá mais símbolo a essa vitória. Demonstra que as cotas não só abrem portas, como ela tem a possibilidade de fazer com que a sociedade se transforme”, constata.
“Então, tenho certeza que a partir de agora, com essa estabilidade na Lei de Cotas a gente vai ter muita possibilidade de ampliar ainda mais o acesso e a qualidade desse acesso à universidade para população preta, que foi alijada depois de 300 anos de escravidão em mais cento e tantos anos de segregação no nosso país”.
Ouça o secretário Nacional de Juventude, Ronald Sorriso:
Ouça o boletim da Rádio PT sobre a aprovação da Lei de Cotas:
Da Redação, com informações da Agência Câmara