Centenas de pessoas se reuniram na Casa de Portugal, em São Paulo, para reforçar o “Fora Temer” e, sobretudo, o “Volta Dilma”. Durante o ato de lançamento do livro “A Resistência ao Golpe de 2016”, os discursos manifestaram o inconformismo com a retirada ilegítima da presidenta eleita Dilma Rousseff (PT).
“O que nós precisamos é criar um clima de rebelião no Brasil”, afirmou o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP). Para Teixeira, o golpe ocorreu para possibilitar uma série de práticas patrimonialistas, como a mudança no marco regulatório do petróleo, o fim da demarcação de terras indígenas, o estatuto do desarmamento, entre outros.
Também presente no ato, a cineasta Tata Amaral lembrou que a cultura pode se desenvolver nos últimos anos devido a políticas públicas que incentivaram esse processo, e que isso está em risco com o novo governo. “Nós demos um salto muito grande. Isso é fruto de uma política cultural. A resistência cultural é a grande resistência contra o golpe”, disse ela.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou um vídeo especialmente para o ato. Lula afirmou que depois do golpe, a Rede Globo retirou a presidenta eleita Dilma do ar, “como se ela não estivesse lutando diariamente para reestabelecer o mandato e o Estado democrático de Direito”. “Querem reescrever a história, apagando o que não lhes convém”.
Lula também denunciou o fato de que o novo governo age como um governo definitivo, coisas que não é. Também lembrou do desmonte de direitos promovidos pelo governo Temer. “A luta pela legalidade e pelo respeito as urnas vai continuar. Até a votação no Senado e até que o Estado democrático de direito volte a prevalecer no Brasil”, afirmou ele.
Emidio de Souza, presidente do diretório estadual do PT, afirmou que a resistência democrática está muito acima do que o esperado pelos golpistas e que “quem achou que derrubar os militares iria garantir a democracia hoje é chamado a lutar”.
O ator e diretor Celso Frateschi apontou que por trás do golpe, está o grande capital “A violência que estamos sofrendo tem uma razão: acúmulo de capital. Eles estão de olho no nosso petróleo. Nas nossas riquezas, na nossa água”, afirmou. Para ele, a esquerda precisa se reunir e traçar uma estratégia comum para barrar esse ataque.
Gisele Citadino, uma dar organizadoras do livro, lembrou que quem mais sofrerá com esse processo são as camadas populares, que terão seus direitos retirados. Para ela, os golpes são recorrentes no Brasil, e ocorrem sempre que as elites se sentem acuadas. “Nos não podemos imaginar que esse país viverá soluços temporários de inclusão que serão interrompidos violentamente como em 1964 ou por uma ruptura institucional como em 2016”, afirmou.
Tamires Sampaio, vice-presidente da UNE, destacou que a história do Brasil é marcada pela violência, mas também pela resistência. “Esse golpe foi contra um projeto de país que se iniciou no governo de Lula. Esse golpe é contra uma elite que historicamente não suporta mulheres negras sejam presidenta de centros acadêmicos, ou que uma mulher chegue na Presidência da República”, colocou.
Anita Freire, companheira de Paulo Freire, também discursou e relembrou da luta de muitos pela democracia durante a ditadura militar. “Esse governo está destroçando os sonhos de milhões e milhões de brasileiros. Esse governo que está aí quer que esqueçamos tantos anos de luta daqueles que morreram por um Brasil melhor, que lutaram por uma democracia realmente participativa”, afirmou.
O vereador Nabil Bonduki (PT) afirmou que o golpe está significando uma reviravolta em todas as políticas públicas desde a redemocratização, entre elas, o fim da vinculação de gastos de saúde e educação, que rompe com dispositivos constitucionais.
Outras personalidades como o ex-ministro de Direitos Humanos Paulo Vannuchi, o vereador Jamil Murad (PCdoB), os jornalistas Luis Nassif e Laura Capriglione, o ator Pascoal da Conceição, entre outros, também estavam presentes no ato.
Da Redação da Agência PT de Notícias