O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu que, independentemente da data que for definida para o seu depoimento na Operação Lava Jato, ele irá a Curitiba (PR), pois não há pessoa mais interessada que ele na verdade.
“Uma jornalista me perguntou se foi melhor ou não o depoimento do dia 3 ter sido suspenso. Eu não marquei dia 3 nem desmarquei dia 3. Na hora em que for marcado o meu depoimento, estarei em Curitiba ou em qualquer lugar que for, porque, entre todos do Ministério Público, do Poder Judiciário e da imprensa, quem mais deseja a verdade sou eu”, declarou Lula, durante o Seminário Estratégias para a Economia Brasileira, realizado nesta segunda-feira (24) e organizado pelas Bancadas do PT na Câmara e no Senado, em parceria com a Fundação Perseu Abramo.
Na sua avaliação, seu depoimento é uma grande oportunidade para se defender com sua própria voz. “É um direito meu, de defesa minha. Faz três anos que estou ouvindo. Será minha hora de falar”, declarou.
Lula afirmou ainda que tem sido tratado, pela Justiça e pela mídia, de forma pior que outros investigados e disparou: “Está chegando a hora de parar o falatório e mostrar as provas”.
O ex-presidente ainda declarou a necessidade de democratizar os meios de comunicação no Brasil.
“O que eu quero é que seja democratizado de verdade e que meia dúzia de famílias não detenham o monopólio dos meios de comunicação. E eles têm que saber disso, porque eu sei o que estou passando, eu sei a quantidade de mentiras que estão falando de mim 24 horas por dia, de segunda a domingo”, apontou.
Retrocessos de Temer
Em sua fala, o ex-presidente enfatizou que as medidas do governo golpista de Michel Temer trazem de volta o complexo de vira-lata da elite brasileira.
“Enquanto o resto do mundo se volta para uma nacionalização, para a proteção das empresas nacionais, eles estão arreganhando o Brasil. É a volta do complexo de vira-lata da elite brasileira.”
Para Lula, o País está desgovernado e não é possível um governo ter credibilidade se não tiver voto popular. Por isso, lembrou que, para resolver os problemas do Brasil, é fundamental ter eleições diretas.
“Esse País não precisa ter uma pessoa ocupando um cargo dizendo que não tem popularidade, mas tem voto no Congresso Nacional. Esse País precisa ser governado por alguém que saiba cuidar de 204 milhões de pessoas que precisam ser cuidadas”, declarou.
Lula também destacou uma entrevista do diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Alejandro Werner, que afirma ser “imperativa” a aprovação da reforma da Previdência no Brasil.
“O FMI não tem autoridade moral de dar nenhum palpite sobre o que nós devemos ou queremos com qualquer coisa no nosso País. Foi por isso que nós tomamos a decisão de não mais dever ao FMI”, lembrou Lula.
O petista ainda falou do papel do Partido dos Trabalhadores na conjuntura atual. Para ele, o PT precisa assumir o papel de oposição
“Seremos governo quando ganharmos as eleições de novo. Enquanto isso, temos que cumprir o papel do mais importante partido de oposição, com moral elevada, porque ninguém fez mais pelo Brasil que este partido”, ressaltou.
Seminário Estratégias para a Economia Brasileira
Na mesma mesa do Seminário Estratégias para a Economia Brasileira, a líder do PT no Senado, Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que o Partido dos Trabalhadores precisa dar uma resposta à sociedade e dizer o que faria caso ainda estivesse à frente do governo.
“Com os 13 anos dos nossos governos, temos sim a possibilidade de dar resposta ao povo brasileiro. Temos que dar respostas a curto prazo, mas também salvar o legado do PT e deixá-lo presente na memória do povo”, declarou.
Para ela, este seminário é resultado do incentivo, cobrança e exemplo do ex-presidente Lula, que sempre fala do papel do PT em ser propositivo e mostrar que sabe como governar e tirar o Brasil da crise.
Para o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), o governo golpista de Temer só tem um objetivo: “desorganizar, desfazer, retroagir, voltar atrás em tudo aquilo que foi conquistado pelo povo brasileiro em meio século de luta”.
“Eles não têm um plano nacional, um plano de desenvolvimento nacional, só querem tirar as conquistas do povo.” Zarattini reforçou ainda que o PT está apresentando diversas medidas para a saída da crise e a defesa dos direitos da população.
“Queremos imediatamente a revogação da Emenda Constitucional 95 do teto orçamentário, a retirada de pauta da dita reforma da Previdência, que na verdade é a demolição da previdência e o fim da aposentadoria. Vamos combater a reforma trabalhista, que é a tentativa dos empresários que querem resolver a crise jogando seu peso nas costas dos trabalhadores”, afirmou.
Presente ao Seminário, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, ressaltou que o PT já mostrou que sabe fazer o melhor para o Brasil.
“Fizemos e podemos fazer de novo. Mas isso requer, antes de tudo, que a gente derrube o governo golpista, que a gente consiga fazer eleições diretas”, declarou.
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Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias