Partido dos Trabalhadores

A barbárie espreita: Putin ameaça a existência da Ucrânia

Em artigo, Markus Sokol, membro do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, critica manifestação de Putin e defende “fraternidade entre os povos, paz, e direito a autodeterminação”

Kamila Ferreira

Markus Sokol, dirigente nacional do PT

Nesta hora grave, quando o mundo é impactado pela guerra na Europa, berço da classe trabalhadora, e envolvendo os EUA, por ora por meio de agentes interpostos (governos da União Europeia, colar de bases da Otan voltadas ao Leste – Rússia, China etc. -, e geograficamente por detrás da Ucrânia), agora ainda mais com sanções desprezíveis que recairão sobre o povo russo, neste momento terrível, quero reagir ao discurso bárbaro de Vladimir Putin nos jornais de hoje (OESP, NYT, AFP e, para os incrédulos, também em órgãos russos de língua inglesa, francesa e alemã) – (uma fala pior que a do deputado paulista Mamãe Falei (“as ucranianas são baratas”).

Putin jogou, e tem ainda mais, obuses, projéteis e mísseis, bem mais agravantes e humilhantes às mulheres e homens ucranianas e ucranianos, do que os trocados do idiota misógino Mamãe Falei, o qual é tão imbecil quanto os bolso-putinistas do Palácio do Planalto, os ex-bolsominios hoje bidenistas no mesmo Palácio do Planalto (do general Mourão a outros, não “menos votados”, por que nunca foram votados), e também conhecidos golpistas até “votados” quando Lula estava preso, quando o PT e outros setores populares estavam sendo perseguidos e ofendidos.

Pois Putin, a propósito deste próximo dia 8 de Março, Dia da Mulher na Federação Russa, companheiras e companheiros, saiu-se com esta ameaça à simples existência da Ucrânia.

“Em reunião com funcionárias da companhia Aeroflot, no Dia da Mulher russo, disse que ‘a liderança atual da Ucrânia precisa entender que se continuarem a fazer o que estão fazendo (sic), colocarão a existência do Estado ucraniano em risco. Se isso acontecer, a culpa será deles (!)’.”

Esta fala retoma o eixo do discurso fanatizador de Putin no último dia 21, quando negou a existência da nação ucraniana, “criada por erro de Lenin e do Partido Comunista”, ao anunciar o envio das tropas russas para dentro da Ucrânia.

A verdade histórica é que a entrada soberana da Ucrânia na União das Republicas Socialistas Soviéticas, nos anos 20, após a revolução de 1917, não foi a criação, mas a coroação da libertação da Ucrânia, em luta secular pelo direito a existência como nação, negada pela “prisão dos povos” (o Império Russo tzarista), assim qualificada pela opinião progressista à época.

Putin faz uma ameaça bárbara como essa, com tinha traços bárbaros o regime do Império Russo cuja nostalgia ele excita. As manchetes da imprensa falam de que cogita do fim da Ucrânia, e não é em relação à supostas “republicas independentes” no Donbass, na fronteira russo-ucraniana, não, nem do regime de Zelenski que é o que é, não, é do “fim do Estado ucraniano” mesmo que ele está falando.

Putin faz essa ameaça insuportável de escalada sem-fim, quando o povo russo sabe bem, como sabem os povos da Europa, e em certa medida os povos do mundo, que numa guerra são as mulheres quem mais sofre pelos encargos que se lhes acumulam em jornadas triplas ou quádruplas de trabalho: doméstico, familiar, público e privado.

Mas Putin não pode e não vai vencer esta parada bárbara. A começar do fato da resistência na própria Rússia, com dezenas de milhares em manifestações contra a guerra em São Petersburgo e Moscou – 8 mil presos -, de manifestos de milhares de cientistas, de mais um milhão de adesões em um abaixo-assinado contra a guerra etc. Lembrando as manifestações de massa, independentes de governos na Europa, como os 250 mil alemães por “Não à guerra” no domingo passado, mobilizados pela central sindical DGB (revoltada com a decisão do premiê social-democrata Scholtz de rearmar a Bundeswehr, o exército alemão, com 110 bilhões de euros nos próximos anos).

Neste dia 8 de março, em todo o planeta, vai ecoar o “Não à Guerra nas Ucrânia”. Mulheres e homens da classe trabalhadora unidas e unidos, conforme a origem do dia 8 de Março, decidido como Dia Internacional de Luta Pelos Direitos das Mulheres, na 2ª Conferencia Internacionalista das Mulheres Socialistas, em agosto de 1910. Com Clara Zetkin, Rosa Luxemburgo e todas as outras.

“Fraternidade entre os povos, paz, e direito a autodeterminação”.

Markus Sokol, membro do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores.