Mais uma vez, a Folha de S. Paulo comprova ser só de fachada um dos seus slogans – “Um jornal a serviço do Brasil” – e segue jogando no lixo o que lhe resta de credibilidade. Agora, em editorial de capa, volta a mentir para os leitores ao afirmar que as privatizações já realizadas foram positivas para o país e que, por essa razão, devem ser também entregues ao setor privado as três maiores empresas estatais brasileiras: Petrobras, Caixa e Banco do Brasil.
Não bastasse a defesa da manutenção da segunda maior taxa de juros real do mundo e da realização de cortes nos programas sociais, o “jornal”, agora, levanta uma bandeira que nem Paulo Guedes teve coragem de levar a cabo, afirmando que “o trio de gigantes deve ser o próximo tabu a ser derrubado no bem-sucedido programa brasileiro de desestatização”.
Como? “Bem-sucedido”? A entrega ao setor privado, a preço de banana, da Vale, da Eletrobrás, da Enel, foi positiva para o país? Será que a Folha se esqueceu dos apagões que ela própria noticiou em novembro de 2023, quando a Enel deixou sem energia elétrica, durante 60 horas, pelo menos 4,2 milhões de pessoas da cidade de são Paulo e de 23 municípios da região metropolitana?
Mas desfaçatez não para por aí. O editorial da Folha diz ainda que novas entregas de estatais ao capital privado serviriam para combater a “ineficiência” da gestão pública. “Ineficiência”? Os números oficiais dizem totalmente o contrário.
“As estatais brasileiras tiveram lucros somados de R$ 197 bi em 2023, dos quais R$ 49 bi foram para a União na forma de dividendos e participações. Petrobras, BB e Caixa foram responsáveis por R$ 170 bi desse lucro, e é justamente sobre estas três que a Folha, em seu editorial de capa, escancara a cobiça privatista no editorial desavergonhado deste domingo”, afirmou, pela rede social X, a presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR).
“Diante desses números, dizer que o conjunto das estatais seria “custosamente mantido” pelo Estado é mentira grosseira. Afirmar que as privatizações feitas pelos governos neoliberais foram “bem-sucedidas”, diante de descalabros com o serviço de energia de São Paulo ou de escândalos como o subfaturamento da Vale e da Eletrobrás é menosprezar o bom-senso. O entreguismo da Folha evidencia que o jornal está a serviço de poderosos interesses, mas não do Brasil”, acrescentou a parlamentar.
Inimiga do país
Realmente, a Folha não está a serviço do Brasil. Atua justamente contra os investimentos e os bancos públicos, que têm sido alavancas fundamentais para a retomada do crescimento econômico verificada durante o governo do presidente Lula.
Diversos estudos e pesquisas têm demonstrado que a ampliação do acesso ao crédito, promovida pelos bancos públicos, melhorou a saúde financeira das empresas, que regularizaram suas contas, passaram a investir, a produzir mais e a gerar mais empregos.
A Caixa, por exemplo, é pilar fundamental do Minha Casa, Minha Vida, o maior programa de habitação da história do país e que levou o setor imobiliário brasileiro a uma plena expansão e a bater todos os recordes. As vendas de imóveis no país cresceram 17,9% entre abril e junho, em comparação ao segundo trimestre do ano passado. E o principal responsável por esse aquecimento é o Minha Casa, Minha Vida, cujas comercializações subiram 46% no período.
Já o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) liberou R$ 66,5 bilhões em créditos no primeiro semestre deste ano, um recorde para o período nos últimos seis anos.
A Petrobras, por sua vez, é a empresa do mercado global de óleo e gás cujo investimento mais cresceu no mundo. Em 2023, a companhia praticamente dobrou seu esforço, somando US$ 21,4 bilhões entre investimentos diretos e ativos relacionados ao arrendamento de unidades de produção, contra um montante de US$ 10,9 bilhões em 2022.
A Petrobras também tem retomado a operação de unidades importantes para a soberania energética e alimentar do país e que sofreram verdadeiro desmonte durante os anos de entreguismo de Bolsonaro e Guedes. A retomada da Fábrica de Fertilizantes Araucária Nitrogenados S.A. (Ansa), por exemplo, vai garantir a soberania brasileira no setor, principalmente no momento em que o acesso ao produto é dificultado por guerras e disputas geopolíticas. “A Petrobras é do povo brasileiro”, disse o presidente Lula, no último dia 15, em Araucária (PR), durante visita para acompanhar a retomada das operações da fábrica.
Braço do sistema financeiro
Da mesma forma que a presidenta do PT, vários parlamentares da bancada do partido na Câmara também rechacharam mais esse ataque da Folha, braço do sistema financeiro, contra o país e a soberania nacional.
“A Folha faz editorial mentiroso hoje para defender a privatização da Petrobras, do Banco do Brasil e da Caixa. As estatais são lucrativas e deram retorno bilionário para a União em 2023. O editorial mente ao dizer que a maior parte do povo brasileiro é a favor das privatizações, que as privatizações no Brasil são um sucesso e que as empresas públicas são ‘custosamente’ mantidas pelo Estado”, postou o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ).
Segundo o parlamentar, “a Folha escancara os interesses privados sobre ativos estratégicos do país no setor de petróleo e gás e também no sistema financeiro. A quem interessam Petrobras, BB e Caixa privados? Certamente não é ao povo brasileiro. O editorial é uma clara afronta à nossa soberania e deve ser repudiado!”
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Para Carlos Zarattini (PT-SP), o editorial é na verdade um “delírio privatista!” . No X, ele escreveu que a “hoje a Folha resolveu retomar a ladainha das privatizações. Mais guerrinha contra o governo Lula. No fundo estão dando lavagem pro gado bolsonarista!”.
Folha mente sobre Datafolha
Segundo a Revista Fórum, a Folha mentiu descaradamente sobre a própria pesquisa Datafolha para defender a privatização da Petrobras, do Banco do Brasil e da CEF. Ao defender que o “trio de gigantes deve ser o próximo tabu a ser derrubado no bem-sucedido programa brasileiro de desestatização”, o jornal da família Frias diz que “o Datafolha mostrou, no ano passado, que as opiniões favoráveis a privatizações já realizadas ou em curso —da telefonia ao saneamento, de rodovias e aeroportos à energia— superam as contrárias”.
No entanto, a própria reportagem linkada no texto disponibilizado no site, com o resultado da pesquisa divulgada em 8 de abril de 2023, mostra que 45% dos brasileiros se dizem contrários às privatizações, contra 38% que se dizem a favor.
A pesquisa revela ainda que há maior rejeição ainda à privatização do “trio de gigantes”: 53% são contra a privatização da Petrobras e 55% não querem a venda do BB e da Caixa.
A mesma pesquisa Datafolha que mostrou que a maioria dos brasileiros é contra a privatização da Petrobras, BB e Caixa aponta que o maior apoio à venda das estatais se encontra entre os simpatizantes do PL, do ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro: 70% ante 30% que dizem ser contra.
Entre os simpatizantes do PT, de Lula, a pesquisa mostra o inverso: 56% são contra e 28% a favor. A pesquisa ainda mostra que aqueles que simpatizam com “outro partido” também rechaçam a política neoliberal: 43% contra e 41%. Assim como entre os que não têm preferência partidária: 41% a 39%.
Diz a Fórum: “Dona do banco virtual PagBank, que lucrou R$ 542 milhões no segundo trimestre de 2024 (alta de 31%) e que dá lastro às atividades “jornalísticas” do grupo Folha, a família Frias repete a mesma ladainha de décadas, sobre “aparelhamento e má gestão”, para justificar a venda das três empresas.”
Mídia golpista
A Fórum lembra que a defesa da privatização das três grandes empresas públicas – que têm importância estratégica diante de dois setores, de petróleo e bancos, cobiçados pelo sistema financeiro internacional – “acontece em meio ao flerte da família Frias com o bolsonarismo. Neste mês, a Folha vem se alinhando ao bolsonarismo e incitando, por meio de denúncias vazias, uma nova ação de extremistas ligados a Jair Bolsonaro contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e, principalmente, Alexandre de Moraes.”
Ainda conforme a revista, “Em um levante contra o ministro, um dos principais inimigos de Bolsonaro, a Folha acusou Moraes de “atuar fora do rito” em uma série de denúncias vazias a partir do vazamento de conversa de assessores subordinados a ele no STF e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As gravações foram vazadas à Folha e ao jornalista Glenn Greenwald, ao que tudo indica, por policiais subordinados ao governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) a partir de uma prisão suspeita do ex-chefe do departamento de fake News do TSE, Eduardo Tagliaferro, propagada nas redes por Carla Zambelli (PL-SP).”
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Da Redação, com PT na Câmara