“Com Bolsonaro envolvido até os dentes e delatado por Mauro Cid, o STF começa a julgar na quarta os três primeiros golpistas de 8 de janeiro; a punição tende a ser exemplar. E na CPMI vamos ouvir na terça a Cabo Marcela, que quase foi morta por bolsonaristas.”
Com pouco mais de 250 caracteres, o deputado Rogério Correia (PT-MG), membro da CPMI do Golpe, resumiu nas redes sociais a situação nada confortável em que se encontram Jair Bolsonaro e seus cúmplices golpistas.
Por mais que tentem espalhar versões mentirosas sobre o que provocou e o que ocorreu no 8 de Janeiro, os bolsonaristas são repetidamente atropelados pela verdade. Nesta semana, como frisou Correia, terão de lidar com o retorno dos trabalhos da comissão parlamentar mista de inquérito e com o julgamento dos primeiros golpistas flagrados atentando contra a democracia.
No entanto, é mesmo a delação premiada do coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que certamente tem tirado o sono do ex-presidente e sua turma. Segundo a CNN Brasil, o militar já passou muita informação para a Polícia Federal, que iniciou a fase de checagem do que foi relatado. E outros depoimentos serão colhidos, um deles ainda esta semana.
Bolsonaro no centro do golpe
As provas reveladas até agora mostram que Cid sabe muitos podres de Bolsonaro. Da fraude das vacinas ao esquema das joias, passando por todas as articulações de um golpe de Estado, o coronel, preso em maio e solto com tornozeleira eletrônica no sábado (9), presenciou ou participou de tudo.
“As regras da delação premiada são claras: não é permitido mentir nem omitir informações. (A delação de Cid) pode aumentar ainda mais o rol de provas da CPMI do Golpe, que já comprovou que a trama golpista não ocorreu só em 8 de janeiro. Foi uma sequência de fatos, encabeçados pelo ex-presidente, de atentado ao Estado Democrático de Direito”, avalia o senador Fabiano Contarato (PT-ES), líder do PT no Senado.
Seu colega de bancada, o senador Rogério Carvalho (PT-SE), por sua vez, prevê a implicação direta de Jair Bolsonaro: “Essa delação vai colocar o Bolsonaro no centro da preparação política e operacional de uma tentativa de golpe de Estado para permanecer na Presidência da República”.
“Agora a casa cai!”
Também membro da CPMI do Golpe, o deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA) destacou o potencial estrago que a delação deve provocar na extrema direita. “Delação de Mauro Cid? Agora a casa cai! Já tô até vendo os terraplanistas dizerem que ele era um petista infiltrado”, ironizou.
O deputado também ressaltou o grande número de escândalos que Cid pode esclarecer. “Finalmente saberemos quem dava as ordens para o ajudante de ordens mexer com cartão de vacina falso, joias, dinheiro em espécie, minuta golpista…”, enumerou.
A expectativa do deputado foi reforçada pelo advogado de Cid, Cezar Bittencourt, segundo o qual o coronel “vai contar tudo que viveu com o ex-presidente”, conforme apurou a jornalista Andrea Sadi, da GloboNews. De acordo com a apresentadora, o defensor declarou que “Cid era um assessor, um faz-tudo de Bolsonaro, que o mandava ‘resolver as coisas’.
Na avaliação do líder do PT na Câmara, deputado Zeca Dirceu (PR), o ex-ajudante de ordens pode revelar ainda mais crimes e ilegalidades cometidos por Bolsonaro. “Esperamos que a justiça seja feita e que ocorram as denúncias a partir de fatos que estão sendo revelados. Que haja o direito à defesa, o julgamento e a punição exemplar. Bolsonaro não pode ficar impune”, asseverou Dirceu.
Da Redação