Partido dos Trabalhadores

Aliado fiel, Jefferson expõe violência e autoritarismo de Bolsonaro

“Bolsonaro é agressivo, uma máquina de destruição dos valores democráticos. É contra isso que o povo deve se dirigir às urnas”, diz Lula

Reprodução

Jefferson e Bolsonaro

O Brasil e o resto do mundo tiveram, no domingo (23), uma mostra perfeita do perigo que Jair Bolsonaro representa. Um dos maiores aliados do atual presidente, Roberto Jefferson tentou matar policiais federais que foram à sua casa cumprir ordem judicial.

Mesmo em prisão domiciliar, Jefferson, que é registrado como CAC (caçador, atirador, colecionador) e estava com a licença suspena, tinha em casa um forte arsenal e atacou os policiais com mais de 20 tiros de fuzil e duas granadas, ferindo uma agente e um delegado. Depois, ele recebeu proteção do ministro da Justiça, Anderson Torres, enviado por Bolsonaro.

Ao agir assim, Jefferson revelou a verdadeira face do bolsonarismo: violenta e antidemocrática, como disse Lula, em entrevista coletiva logo após o crime. “Nós disputamos tantas eleições e a gente nunca viu uma aberração dessa, uma ofensa dessa, uma cretinice dessa que esse cidadão que é o meu adversário estabeleceu no país”, afirmou.

“Bolsonaro conseguiu criar nesse país uma parcela da sociedade brasileira raivosa, com ódio. Não é a primeira violência. Tenho visto pela imprensa padres sendo ofendidos, pastores sendo atacados, evangélico sendo proibido de entrar na igreja. É uma máquina de destruição dos valores democráticos. É isso que está acontecendo no Brasil, e é contra isso que o povo deve se dirigir às urnas no dia 30 de outubro”, completou Lula.

Mais tarde, em entrevista ao podcast Desce a Letra, Lula acrescentou: “Bolsonaro é muito agressivo, é agressivo com todo mundo que não gosta dele e incentiva a agressividade. Ele teve a petulância de mandar o ministro da Justiça lá, para proteger quem? Um cidadão que tinha se recusado a se entregar para a Polícia Federal que cumpria um mandado de um juiz. Um absurdo. Por que não mandou o ministro ir saber por que matam tantos pobres na periferia todo santo dia? Por que, quando há uma chacina que morrem 18, 20, 24, 25, ele não manda o ministro da Justiça. Agora, para proteger um aliado dele…”.

Bolsonaro resolveu mentir mais

Como sempre faz, Bolsonaro tentou fingir que não tem nada a ver com o que ele mesmo faz e incentiva. Gravou vídeo fingindo uma indignação fajuta, chamando Jefferson de bandido, e chegou a dizer que nunca tinha nem mesmo tirado uma foto com o ex-deputado, o que é a mais deslavada das mentiras (veja galeria abaixo). 

Bolsonaro ainda citou um processo na Justiça combinado por ele e Jefferson para argumentar que nunca foi aliado do ex-deputado. “Em meados de setembro, ele entrou com uma queixa-crime contra o Superior Tribunal Militar, contra minha pessoa e do senhor ministro da Defesa (Paulo Sérgio Nogueira), por prevaricação”, disse à TV Record.

Porém, como a imprensa já mostrou muito bem, o objetivo do processo não era atacar Bolsonaro ou integrantes do governo, mas dar sustentação para que o presidente tomasse medidas mais duras contra o que considera excessos do STF. 

Tanto que o documento é assinado por duas testemunhas muito próximas de Bolsonaro: o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), que recebeu perdão de Bolsonaro após o STF cassar seu mandato, e o senador Eduardo Girão (Podemos-CE).

Bolsonaro não vai mudar; deve ser parado

O fato é que Jefferson e Bolsonaro são amigos e aliados, o que está claro para todo mundo. Além de os dois terem fotos juntos e de Bolsonaro ter se preocupado em mandar um ministro protegê-lo, o atual presidente já recebeu o ex-deputado no Palácio do Planalto mais de uma vez e o usou em vídeo para dizer que em seu governo não há corrupção (a mentira mais repetida por ele, aliás). 

Jefferson também lançou a candidatura de Padre Kelmon, que nos debates do primeiro turno serviu de apoio constante a Bolsonaro, e, por conta de vários vídeos atacando o STF e pregando o armamento da população, se tornou querido pelos apoiadores mais radicais de Bolsonaro. Tanto que, no domingo, após ser rendido pela PF, Jefferson foi saudado por bolsonaristas, que antes agrediram jornalistas.

Jair Bolsonaro encontrou em Jefferson um aliado disposto a amplificar seu discurso violento e de ataque às instituições democráticas, especialmente o STF. Tudo ia muito bem, até o ex-deputado resolver agir de acordo com a verdadeira índole dos bolsonaristas e mostrar como são violentos e desobedientes à Justiça.

Só aí Bolsonaro resolveu renegar seu aliado. Mesmo assim, mostrou que não aprendeu nada e que continua com seu objetivo de atacar a democracia do país. 

Afinal, mesmo depois de tudo que aconteceu, Bolsonaro fez questão de atacar a Justiça, ao se manifestar no Twitter: “Repudio as falas do Sr. Roberto Jefferson contra a Ministra Cármen Lúcia e sua ação armada contra agentes da PF, bem como a existência de inquéritos sem nenhum respaldo na Constituição e sem a atuação do MP”, escreveu. Bolsonaro não vai mudar. Ele precisa ser parado. E será, nas urnas.

Da Redação, com G1, Carta Capital e Folha de S. Paulo