“A fome é concebida e construída por aqueles que tem comida na mesa”, assim começa a síntese da análise de Anne Moura, secretária nacional de mulheres do PT, sobre a fome que atinge sobretudo as mulheres em todo país. Ela parafraseia Carolina Maria de Jesus, autora do famoso livro-diário “O quarto de despejo”.
A entrevista ao Jornal Brasil, da Rádio PT, realizada nesta manhã, tratou da pesquisa recente lançada pela Rede Penssan que demonstrou um cenário alarmante: mais de 33 milhões de brasileiros estão passando fome e o país retrocedeu ao quadro trágico de trinta anos atrás. E se a crise econômica é generalizada, quando se trata das mulheres, a situação é ainda mais grave. Atualmente, um em cada cinco lares chefiados por mulheres passa fome.
A pesquisa revelou também que a fome tem cor, tem gênero, tem classe social e tem território. As regiões Norte e Nordeste são as que mais enfrentam situações de insegurança alimentar.
“Chegamos naquela situação em que as mulheres têm que dizer a seus ‘toma água, meu filho, que a fome passa’. Eu não consigo imaginar qualquer pessoa que seja indiferente a essa situação”, enfatiza a secretária.
A entrevista também tratou do impacto da fome no desenvolvimento das crianças e de como isso pode condenar gerações inteiras. Mulheres negras, mães solo, chefes de família responsáveis pelo sustento não só de crianças, mas de idosos e pessoas que precisam de algum tipo de assistência como enfermos e com deficiência.
Confira a entrevista completa
Ana Clara Ferrari, Agência Todas