Um em cada 5 lares chefiados por mulheres passa fome

Retrocedemos ao patamar de fome de trinta anos atrás, revela pesquisa da Rede Penssan.

Leonardo França/ Brasil de Fato

Neste momento, 33 milhões de pessoas passam fome no país. A pesquisa feita pela Rede Penssan mostrou que 6 a cada 10 brasileiros convivem com algum grau de insegurança alimentar. São 125,2 milhões de pessoas nesta situação, um aumento de 60% na comparação com 2018.

Se o cenário geral já é grave, quando se trata das mulheres a situação é ainda mais calamitosa. O levantamento revelou que um em cada cinco lares chefiados por mulheres estão passando fome. Esse índice ultrapassa a média nacional de brasileiros nessa situação.

“Não existe política de combate à fome que não comece pelas mulheres, populações negras e indígenas”, afirmou Anne Moura, secretária nacional de mulheres do PT.

De fato, o estudo feito pela Rede Penssan desenhou o perfil da fome da país: ela está nos lares brasileiros chefiados por mulheres pretas ou pardas, com baixa escolaridade e trabalho informal.

Elas residem principalmente nas regiões Norte e Nordeste, na zona rural e em domicílios chefiados por mulheres ou por pessoas pretas e pardas.

Esses dados foram apresentados pelo 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, feito pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional) e executado pelo Instituto Vox Populi.

Do Fome Zero ao Todo Mundo com Fome

O combate à fome foi um dos compromissos assumidos pelos  governos petistas. Em 2004, criamos o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome que tirou 36 milhões de brasileiros e brasileiras da extrema pobreza e outros 42 milhões ascenderam à classe C. Tudo graças à política consistente de transferência de renda aliada a aumentos reais do salário mínimo, estímulo ao consumo interno, acesso ampliado à moradia, à saúde e à educação.

Por ter construído uma estratégia de combate à fome e ter reduzido de forma muito expressiva a desnutrição e subalimentação nos últimos anos, no ano de 2014, o Brasil chegou a ser destaque no “Relatório de Insegurança Alimentar no Mundo”.

Depois do golpe contra a presidenta Dilma, os dados de insegurança alimentar só dispararam. Durante o governo Bolsonaro, no intervalo de um ano, 14 milhões de brasileiros passaram a conviver com a fome em suas casas.

Mulheres em situação de extrema vulnerabilidade social buscam alimentos em caminhão de lixo, em Fortaleza.

De acordo com a pesquisa, em 2022, 1 de cada 3 brasileiros já fez alguma coisa que lhe causou vergonha, tristeza ou constrangimento para conseguir alimento.

“E quem é ainda mais empurrada para uma situação humilhante e de perda da dignidade são as mulheres, que precisam buscar sobrevivência não apenas para si, mas também para sua família”, denuncia Anne Moura.

Ana Clara Ferrari, Agência Todas

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