Durante ato realizado no domingo (23), em Manaus (AM), contra o PL 1904, que equipara o aborto ao crime de homicídio, a secretária nacional de mulheres do PT, Anne Moura, foi coagida e intimidada por um homem que tentava impedi-la de falar. Segundo a equipe jurídica do Elas por Elas, importunar alguém, em lugar público ou acessível ao público, de modo ofensivo ao pudor, pode passar a ser considerado crime, punível com detenção de um a dois anos.
“Enquanto eu estava aqui, iniciamos uma live, e chegou um cara tentando me coagir e intimidar, cobrando o meu posicionamento e querendo impedir a minha fala no ato. Ele gritava o tempo todo o meu nome. E é exatamente por esse tipo de comportamento, que eu continuo lutando. Sistematicamente tem homens querendo silenciar as nossas vozes e querendo decidir sobre nossos corpos e nós não vamos aceitar”, disse Moura.
“Não aceitaremos que nos calem, porque a nossa luta é para a gente não ser mais violentada, para que não tenham mais estupros, para que a gente garanta o bem-estar das nossas crianças e dos nossos adolescentes. E por isso quanto mais vierem para cima de mim, mais eu estarei nas ruas defendendo os direitos de todas as mulheres, e, principalmente, o direito das crianças. Não vão nos silenciar porque já passou essa fase, e quanto mais vierem para cima, mais para as ruas nós iremos e nós queremos o arquivamento deste PL porque criança não é mãe, e estuprador não é pai.”, acrescentou.
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Desde que teve o regime de urgência aprovado pela Câmara dos Deputados, no último dia 12, o terrível PL 1904 conseguiu resgatar a mobilização popular para ocupar as ruas, praças e avenidas, sob a liderança das mulheres, que protestam contra o projeto e pedem o seu arquivamento.
“Durante a semana nós gritamos bem alto contra esse PL, e não vai adiantar que venham nos intimidar para nos calar porque nós vamos seguir firme lutando pelo arquivamento desse PL. Estamos lutando por essa geração e por todas as gerações que virão. As mulheres têm lutado pelo seu direito de existir, pelo seu corpo. Não ficaremos caladas e eu deixo aqui meu registro pela coragem e solidariedade de todos que estão aqui. Vamos continuar vigilantes até que este PL seja arquivado”, garantiu a secretária.
Em nota contra o projeto, a Secretaria Nacional de Mulheres do PT orientou as secretarias estaduais a manterem mobilizações permanentes.
“Devemos conscientizar nossas companheiras de que este projeto significa a criminalização dos três casos de interrupção da gestação previstos na lei: casos de gestação de feto anencéfalo, decorrente de violência ou risco de vida da pessoa gestante. Os dois últimos casos estão previstos no Artigo 128 do Código Penal e não estabelecem limite gestacional. Caso o PL seja aprovado, não apenas as vítimas serão criminalizadas, mas também os profissionais de saúde que realizam os procedimentos para interrupção da gravidez” diz trecho o posicionamento.
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Da Redação Elas por Elas