Os números recentes das últimas pesquisas, em especial do Datafolha, apontam para o avanço consistente e generalizado das intenções do voto no presidente Lula. Chama a atenção a força da candidatura entre os mais pobres, as mulheres, a população negra e a juventude. Revelam também aquilo que defendemos há algum tempo: a campanha está completamente polarizada e sem espaço para a chamada terceira via, em uma espécie de segundo turno antecipado.
No DataFolha, Lula abriu 21 pontos sobre Bolsonaro e está com 54% dos votos válidos, o que aponta, neste momento, para uma possibilidade de vitória já no primeiro turno. O ex-presidente também ampliou a vantagem de 21 para 25 pontos sobre Bolsonaro em um cenário do segundo turno.
Não menos importante é a análise dos índices de rejeição dos dois candidatos. A rejeição de Lula diminuiu 4 pontos percentuais, atingindo 33%, enquanto a de Bolsonaro segue com um proibitivo índice 54%. Ademais, a reprovação ao atual governo, de 48%, dá a medida do fracasso do governo Bolsonaro na dimensão essencial de uma disputa política: a vida do povo.
A história nos mostra que, em todas as campanhas presidenciais desde 1989, todos os candidatos que lideravam as pesquisas a quatro meses das eleições acabaram vitoriosos. A única exceção foi justamente a eleição de 2018, em que a Lula liderava todas as pesquisas e seguramente também venceria aquele pleito, mesmo de dentro do cárcere de Curitiba, mas foi alijado da disputa pela farsa jurídica e pelo lawfare, reconhecidos pelo STF e pela ONU, da desmoralizada Lava Jato.
O fato é que quanto mais o povo compara os governos Lula com o de Bolsonaro, mais Lula cresce. O ex-presidente terminou o governo com 87% de aprovação e entregou um país com estabilidade, que registrou a maior média de crescimento do PIB em duas décadas, com respeito integral à democracia e às instituições, com aumento da renda do povo, inflação controlada, redução da desigualdade, emprego de qualidade, mais oportunidades para todos, especialmente os mais pobres, com avanços significativos na área ambiental e projeção e protagonismo internacional inéditos na história do Brasil. Sem falar em políticas públicas consagradas, que mudaram a vida das pessoas e que estão nas mentes e no coração do povo, como o Bolsa Família, o aumento real do salário mínimo, o Luz para Todos, a ampliação das nossas universidades, o Prouni, o Fies, o SAMU, a Farmácia Popular, entre outros.
Do outro lado, Bolsonaro terá que defender um governo responsável pela volta do desemprego aberto, da miséria e da fome. Foi por sua gestão que a economia está em frangalhos e a inflação, acima de dois dígitos. Isso corrói de forma cruel a renda do povo. Sem falar nos desmontes promovidos no Estado brasileiro, a devastação ambiental, o terraplanismo diplomático que relegou nosso país à condição de pária internacional, a destruição do tecido social e da relação harmoniosa entre os poderes, as recorrentes agressões à nossa democracia, os ataques às minorias e uma multidão de mortos deixados pelo descaso e pelo negacionismo sanitário na gestão da pandemia.
O crescimento de Lula se explica também pelo reencontro dele com o povo brasileiro. Ele voltou a andar o país e não vai parar mais. Por onde passa, a onda de esperança culmina em atos políticos com nossa militância. É impressionante a força, o engajamento e a motivação dos militantes nos encontros com Lula.
Para além do mundo político, a construção da chapa Lula-Alckmin é a expressão do diálogo, do encontro e da aliança entre diferentes para derrotar o antagônico, como ensinava Paulo Freire e que foi relembrado por Lula.
Há uma ampla mobilização de artistas, estudantes, intelectuais, centrais sindicais, trabalhadores do campo e das cidades, povos indígenas, o movimento negro, os jovens de periferia, as mulheres, as universidades e setores comprometidos com os valores civilizatórios e a democracia no Brasil. Foi assim no Rio de Janeiro, em Brasília, em Minas Gerais, em São Paulo, no Paraná e na Bahia. E, seguramente, esse sentimento será ainda mais forte nos estados que Lula visitará daqui para frente.
Frente à derrota que se aproxima, Bolsonaro irá radicalizar mais, como a extrema direita internacional já demonstrou e como ele tem feito ao longo do governo. O desequilíbrio e o desespero do ex-capitão são cada vez mais explícitos e a tendência é que ele intensifique os ataques à democracia, às instituições e ao nosso sistema eleitoral. É esse o método empregado por ele para criar cortinas de fumaça e não debater os problemas reais do povo brasileiro, ao mesmo tempo que mantém a própria base radicalizada e agressiva mobilizada. Por isso, as provocações e mentiras contra a nossa campanha também irão aumentar.
A quatro meses das eleições, o cenário é muito favorável para o nosso campo, mas temos que manter os pés no chão e trabalhar muito, com humildade e determinação, para seguirmos avançando nas disputas das ruas e das redes, locais em que os comitês populares pró-Lula terão papel central.
Nossa campanha não tem que aceitar as provocações e deve continuar debatendo a economia e o social e comparando os governos Lula e Bolsonaro. Estes são os caminhos que explicam o nosso crescimento e que nos levarão á à vitória. Lula é o acolhimento e a esperança e, por isso, vencerá.
Aloizio Mercadante é presidente da Fundação Perseu Abramo, economista, professor licenciado da PUC-SP e Unicamp, foi Deputado Federal e Senador pelo PT (SP), Ministro Chefe da Casa Civil, Ministro da Educação e Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação.