Na medida que formos nos aproximando da disputa de 2022, o debate ideológico, conceitual e programático tende a recrudescer e a se fortalecer.
Todos os campos da vida social e política do país precisam e vão ser revisitados, debatidos e melhor compreendidos. A sociedade brasileira necessita de um novo pacto político, a exemplo do que permitiu o fim da ditadura militar, roto unilateralmente pelos golpistas em 2016. E cabe ao povo brasileiro definir esse novo pacto.
São muitos temas e questões que sedimentarão o projeto democrático e que são premissas para uma vitória desse campo na disputa com o neoliberalismo e o autoritarismo da direita.
Algumas não passam de mazelas históricas que já corroem a vida e as relações sociais e inviabilizam o país faz muito tempo.
Outros, são temas emergentes e que se tornaram incontornáveis neste início do Século XXI.
Limites estruturais da economia brasileira, ainda sem solução e agravadas pelo neoliberalismo do atual governo, a crise sanitária, a abissal desigualdade social, os limites da nossa democracia, a comunicação em tempos digitais, a cultura como direito e como dimensão simbólica do país, a qualidade e a democratização da educação, a nossa soberania vilipendiada, a degradação das nossas cidades, a destruição da natureza e a degradação dos recursos naturais, o racismo estrutural, a misoginia a discriminação da comunidade LGBT etc..
Não temos tempo a perder! O tempo é um bem escasso e não renovável e temos poucos meses para por as nossas posições em dia e erigir um programa capaz de reencantar o país e unir as forças democráticas e populares.
E, a velocidade dos acontecimentos nesta conjuntura só faz aumentar… Cada dia é uma novidade importante. Muitas vezes modificando completamente a situação política.
Devemos, mais do que nunca, refletir e participar com coragem e determinação desses debates e estarmos disponíveis para renovar o nosso pensamento e atentos a todos os argumentos e formulações, de todos os campos em disputa, inclusive dos adversários, aprofundando nossas formulações, assimilando e agregando ao nosso pensamento questões novas e relevantes etc…
Assim, vamos nos exercitando, ganhando musculatura e nos fortalecendo, ampliando nosso repertório, nos renovando e nos tornando de fato contemporâneos.
A constatação de que os tempos são outros, deve ser apenas ponto de partida.
Não podemos esmorecer.
Os desafios são enormes! Vai ser preciso criar uma unidade política na luta em um grau ainda inexistente e criar uma coesão renovada no campo democrático e popular como parte da preparação para a disputa política e o enfrentamento dos projetos políticos para o país que virá brevemente.
Melhor dizendo, que já está em curso e terá seu ápice no processo eleitoral que se avizinha.
Não podemos nos acomodar. A fase da perplexidade já passou. Não podemos adotar a inércia nem a passividade, sob pena de ficarmos obesos ideologicamente e sedentários programaticamente.
Temos a responsabilidade junto ao povo brasileiro de fortalecer e construir as bases de uma retomada da democracia, da soberania nacional, da construção da justiça social e da sustentabilidade. Sem subestimar a importância e a complexidade da missão de recuperar os estragos em todos os campos da vida coletiva, nas relações sociais, no Estado, na deterioração da institucionalidade etc… causados pelos neoliberais e pela direita autoritária.
Coragem, inteligência, conhecimento, capacidade de comunicação, escuta, espírito de luta e generosidade são algumas das qualidades que a vida está nos demandando no Brasil.
Juca Ferreira foi ministro da Cultura nos governos de Lula e Dilma