Mais de 5 mil pessoas marcharam pelo centro de São Paulo na tarde de quinta-feira (11) em protesto contra o aumento da tarifa de ônibus, metrô e trem na cidade. O protesto organizado pelo Movimento Passe Livre contou com a presença de diversos grupos políticos e terminou com repressão da Polícia Militar (PM).
O valor das passagens na cidade subiu de R$ 3,80 para R$ 4 no último domingo (7), em um reajuste de 5,26%.
A concentração da manifestação começou em torno das 17h no Teatro Municipal, da onde o grupo saiu em passeata por volta das 18h30, passando pela prefeitura de São Paulo e pela Praça da Sé.
Os manifestante seguiram com gritos de ordem contra o aumento da tarifa, contra o golpista Michel Temer, o prefeito João Doria e também Geraldo Alckmin.
Mais de 400 policiais, dezenas de carros e motos da PM acompanharam a ação, além do Batalhão de Choque, que reprimiu os manifestantes ao final do ato.
Sem relatos de violência ao longo do trajeto, com 4 quilômetros de caminhada, o ato terminou em frente à estação Brás do trem. Lá, os manifestantes foram barrados pela polícia, que começou a atirar bombas de efeito moral e e balas de borracha.
Para Francisco Bueno, uma das liderança do MPL, “temos um governador completamente envolvido em esquemas de cartéis do metrô e um prefeito que não conhece nenhuma realidade da população pobre de São Paulo, da realidade de São Paulo, da classe trabalhadora de São Paulo”.
“Aumentaram a tarifa que vai atingir diretamente a sobrevivência. A população vai passar um aperto maior economicamente, na renda familiar. Com esse aumento, quem pega duas conduções para ir e voltar do trabalho e ganha um salário mínimo terá que gastar 20% da sua renda com as tarifas. Quem pega integração chega a gastar 32% de sua renda com transporte”.
Bueno ainda destacou que “o aumento da tarifa vem junto com o corte do passe estudantil. Ele foi reduzido no ano passado a duas cotas de jornadas, de quatro conduções duas vezes por dia. Quem pegava ônibus tinha direito a 8 ônibus e 2 metrôs, a partir do ano passado os estudantes não tem mais direito ao passe livre, agora é só para ir à escola”.
“A gente chamou o bloco do DCE livre da USP para compor essa marcha porque a gente acha muito absurdo o que a prefeitura em conjunto com o governo do estado está fazendo”, relatou o membro do DCE da USP e estudante de Ciências Sociais, Davi Paraguai.
“Você aumenta o preço sem oferecer contrapartida para a população. O transporte fica mais caro e mais difícil das pessoas realizarem a locomoção. É uma atitude casada: junto com o aumento da tarifa vem os cortes das linhas dos ônibus. Lá na USP isso é uma pauta muito grande, porque diversos ônibus que passam lá foram cortados, com a desculpa de que a integração seria mais rápida, mas acontece o oposto, a integração é mais devagar. Além de mais caro, está mais lento”, completou’.
A advogada e militante do PT Maíra Pinheiro também estava no ato e afirmou que “o aumento da passagem é emblemático de uma gestão que se resume a marketing”.
“Quando era interessante, ele falou que não ia aumentar a tarifa e assim que ele pode, no segundo ano de mandato, ele restringiu o passe livre para estudante, ele diminuiu a merenda das crianças do ensino público municipal e ele fez uma série de medidas para restringir direitos e limitar o acesso da população que mais precisa de serviços públicos de qualidade, além de aprofundar o processo de privatização da cidade”.
Por Pedro Sibahi, da Agência PT de notícias