Representações sindicais dos petroleiros de todo o país realizam, nesta sexta-feira (3), a partir das 7h30, atos em frente a refinarias do Sistema Petrobras, com maior mobilização na Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, primeira a ter o processo de privatização totalmente concluído. Desde quarta-feira (1º), o fundo Mubadala, dos Emirados Árabes, assumiu o controle da unidade.
Além de denunciar o assalto ao patrimônio público realizado com a venda da refinaria, negociada por metade de seu valor, a manifestação dá continuidade à luta contra o desmonte da Petrobras. Outro objetivo das entidades envolvidas – FUP, CUT, sindicatos, movimentos sociais e lideranças políticas – é deixar claro para a Mubadala que os trabalhadores brasileiros têm uma organização sindical forte e coesa, que não medirá esforços para defender os direitos dos empregados da RLAM.
A conclusão da venda da refinaria baiana é mais um capítulo vergonhoso do processo de desmonte da Petrobras. Após ter seu valor avaliado entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), a RLAM acabou entregue por US$ 1,8 bilhão.
O governo de Jair Bolsonaro já deu início ou anunciou a intenção de vender outras sete refinarias da Petrobras, dando continuidade à entrega da Petrobras ao capital estrangeiro, processo tocado a todo vapor desde o golpe de 2016 e que já resultou na privatização de partes da estatal, como a BR Distribuidora e a Liquigás.
Todo esse processo coloca a Petrobras na contramão do que têm feito as grandes petrolíferas do mundo, como explicou recentemente o ex-presidente da empresa, Sérgio Gabrielli. “As grandes empresas de petróleo do mundo são integradas, ou seja, extraem o petróleo, refinam (transformam em derivados como gasolina e diesel), participam da distribuição e chegam, em alguns casos, ao posto de gasolina. Hoje, nós caminhamos no sentido inverso. A Petrobras era uma empresa integrada, que produzia do poço ao posto, mas está se tornando, rapidamente, uma empresa exportadora de petróleo cru”, descreveu Gabrielli à TvPT (assista abaixo).
Seguindo por esse caminho, o Brasil perderá totalmente o controle sobre a produção de combustíveis. Com isso, a dolarização dos preços, que tanto tem prejudicado a população, não será nem mais uma escolha (claramente equivocada), mas algo imposto ao país pelas empresas estrangeiras.
Greve e calendário de luta
Por isso, a luta em defesa da Petrobras não pode parar. Nesse sentido, em reunião na terça-feira (30), o Conselho Deliberativo da FUP aprovou um calendário de ações contra as privatizações no Sistema Petrobras, incluindo assembleias para avaliar o indicativo de Estado de Greve Nacional, caso o governo Bolsonaro leve adiante a ameaça de apresentação de um projeto de lei para privatização final da Petrobras.
Outra ação aprovada pelos sindicatos da FUP é a ampliação da atuação da Brigada Petroleira em Brasília, nos estados e municípios para construir apoios da sociedade civil à luta para que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue as ações de inconstitucionalidade das privatizações que vêm sendo feitas sem o aval do Poder Legislativo.
“Eles estão pegando ativos da empresa mãe, a Petrobras, transformando-os em subsidiárias e vendendo essas subsidiárias, que foram criadas artificialmente. Com isso, fogem do processo de licitação e do crivo do Congresso Nacional”, denuncia Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP e trabalhador da RLAM. “O próprio ministro do STF Alexandre de Moraes já declarou que ‘essa patologia não deveria ocorrer’. A gestão da Petrobras está se desfazendo de ativos importantes para o país, tornando-a uma empresa pequena, exportadora de óleo cru, ‘suja’ ambientalmente. É preciso barrar essas privatizações”, completa.
Da Redação, com informações da FUP e do Sindipetro Bahia