Os riscos da escassez de água parecem não ter sensibilizado os principais chefes de Estado do planeta. Apenas dez dessas autoridades, de acordo com a Agência Senado, estiveram presentes na abertura do 8º Fórum Mundial da Água, nesta segunda-feira (19), em Brasília (DF).
Presidente da Comissão Mista de Mudanças Climáticas e da subcomissão que acompanha o fórum da água no Brasil, o senador Jorge Viana (PT-AC) lamentou as ausências. “Não estou fazendo nenhuma ação de deseducação com os líderes mundiais que vieram, mas a constatação concreta é que os países mais poderosos, mais importantes do mundo não estavam representados”, disse.
“Alguns falam que isso é o desprestígio do governo brasileiro, que não passou pelas urnas, não tem a chancela da democracia e nem do voto popular”, acrescentou o senador petista em discurso ao plenário, nesta segunda.
Para o senador, muitos líderes mundiais ainda não dão a devida atenção ao tema. Ele espera que o Fórum, que acontece pela primeira vez no Hemisfério Sul, mude esse panorama.
O tema ‘Fórum Mundial da Água’ está entre os principais assuntos do dia no Twitter desde a abertura do evento. Um dos objetivos do encontro é discutir alternativas globais para o cumprimento da resolução da ONU que prevê o acesso à água potável e ao saneamento como direito humano essencial ao pleno desfrute da vida.
Voz dos movimentos
Paralelo ao Fórum Mundial da Água, ocorre o Fórum Alternativo Mundial da Água (Fama) – organizado por entidades sindicais e organizações não-governamentais (ONGs).
Para a senadora Fátima Bezerra (PT–RN), que participa dos dois eventos, é essencial que a voz dos movimentos sociais seja ouvida. “Especialmente em um momento que o governo, em total desprezo à soberania nacional, decide abrir mão de seus principais ativos, como a energia e o petróleo, optando por um projeto de desenvolvimento nacional que trará consequências gravíssimas, por exemplo, para a gestão das águas”, destacou a parlamentar.
O Fama, que também teve a abertura oficial nesta segunda, é um contraponto ao Fórum Mundial da Água. De acordo com os organizadores, o intuito é unificar a luta contra a tentativa das grandes corporações em transformar a água em uma mercadoria, privatizando as reservas e fontes naturais de água.
“O Brasil tem grandes aquíferos, como o Guarani, que precisam ser preservados. Nós, pequenos produtores do campo, vemos a água como um bem comum, enquanto o Fórum Mundial discute esse bem como um negócio”, afirmou uma das organizadoras do Fama e secretária do Meio Ambiente da Contag, Rosmarí Malheiros.
De acordo com Malheiros, ao final do Fama, será elaborado um documento com o resultado dos debates no evento. As atividades começaram no dia 17 e vão até 22 de março. Já o Fórum Mundial da Água iniciou no dia 18 e vai até 23 de março.
No Brasil
O Brasil dispõe de 12% da água doce do mundo, mas a distribuição desse recurso pelo território não é equilibrada. A maior concentração de águas superficiais do país está localizada na bacia hidrográfica amazônica, com 81%. Essa região, no entanto, abriga apenas 9% da população. Sendo assim, o abastecimento de 91% dos habitantes precisa vir das outras bacias.
Os governos Lula e Dilma atuaram para melhorar a distribuição da água doce no Brasil, especialmente com a construção de cisternas e do projeto de integração do Rio São Francisco.
“Levar as águas do Rio São Francisco é fundamental, diante das crises hídricas enfrentadas sobretudo pela população do Nordeste Setentrional, onde 12 milhões de pessoas dos estados do Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte sofrem, há séculos, com a falta de água”, explicou a senadora Fátima Bezerra.
Por PT no Senado com informações da Agência Senado e assessoria da senadora Fátima Bezerra