Em 2023, a renda do trabalho dos brasileiros registrou o maior crescimento desde o período do Plano Real, destacou o jornal Folha de S. Paulo, com base em dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 2,9% no ano passado, a massa de rendimentos do trabalho teve um aumento real de 11,7%, superando uma inflação de 4,62%, a menor desde 2020.
Essa elevação é quase o dobro da registrada em 2022 (6,6%) e representa o melhor resultado desde 1995, conforme cálculos realizados por Marcos Hecksher, do Ipea.
O jornal cita também informações fornecidas por Marcelo Neri, diretor da FGV Social, segundo as quais a renda real domiciliar per capita teve um salto de 12,5% no último ano. Essa análise considera a renda das famílias dividida pelo total de membros.
LEIA MAIS:
Efeito Lula: desemprego no trimestre encerrado em janeiro chegou a 7,6%, o menor desde 2015
Ambos os indicadores têm como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para Neri, o programa Bolsa Família está entre os principais impulsionadores do aumento na renda em 2023.
Ele destaca que, a partir do direcionamento de recursos para os mais pobres, há um efeito multiplicador considerável não apenas na renda, mas também no emprego, contribuindo, assim, para a redução da pobreza e da desigualdade.
LEIA MAIS:
“Faz o L!”: em 2023, PIB cresceu 2,9% frente a 2022 e superou expectativas
Estudos realizados por outros especialistas também evidenciam a potência multiplicadora de programas como o Bolsa Família na renda e no emprego. Naercio Menezes Filho, do Centro Brasileiro de Pesquisa Aplicada à Primeira Infância, ressalta que, para cada R$ 1 adicional per capita oferecido por meio dessas políticas, o PIB per capita do município onde esses recursos são aplicados aumenta em R$ 4.
O resultado histórico divulgado pela Folha de S. Paulo confirma o acerto das políticas públicas adotadas pelo governo federal para reduzir desigualdades e gerar emprego e renda. Como repete o presidente Lula, a circulação de dinheiro entre os trabalhadores é fundamental para aquecer o setor produtivo e fortalecer o PIB, como ocorreu no ano passado.
Ouça o Boletim da Rádio PT:
“Estudo do IPEA confirma o aumento da renda do trabalho no primeiro ano do governo Lula. É o maior crescimento desde 1995, após o lançamento do real. É dinheiro na mão do trabalhador e das famílias que faz a economia do país girar e melhora a vida das pessoas. Foi pra isso que a gente fez o L”, celebrou a presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PT), na rede social X.
Os esforços do governo nesse sentido incluem, além dos programas de transferência de renda, a retomada da política de aumento real do Salário Mínimo, a igualdade salarial entre homens e mulheres e o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até dois mínimos (R$ 2.824).
Como resultado, o Brasil registrou, além dos 2,9% de crescimento do PIB em 2023, um aumento do consumo das famílias de 3,1% em relação a 2022 e a geração de 1,5 milhão de empregos com carteira assinada.
Juros altos são empecilho
Os resultados positivos da economia em 2023 poderiam ter sido ainda melhores, não fossem os elevados patamares da taxa básica de juros (Selic) definidos pelo Banco Central, presidido pelo bolsonarista Roberto Campos Neto.
LEIA MAIS:
“Campos Neto quer submeter o país a uma ditadura monetária”, diz Gleisi
Segundo os dados do PIB, divulgados IBGE, houve uma queda de 3% nos investimentos no país em 2023. Em razão dos juros altos, o PIB da construção civil, por exemplo, sofreu queda de 0,5% no ano passado, em razão da asfixia da capacidade de investimento do setor, que responde por 45% do total dos investimentos que foram analisados pelo IBGE.
Segundo a pesquisa Sondagem da Construção, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com o apoio da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), os juros altos ocuparam o topo do ranking dos principais problemas do setor em 2023.
“A construção pagou a conta das taxas de juros em alto patamar”, disse Ieda Vasconcelos, economista da CBIC, em matéria publicada no site da entidade.
Da Redação