A crise econômica brasileira e o aumento do desemprego, que atinge 13,1 milhões de trabalhadores e trabalhadoras, mais de 1,2 milhão demitidos nos últimos três meses, são reflexos do fim das políticas públicas que começaram a ser destruídas pelo governo do ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) e mais ainda pelo governo de extrema direita de Jair Bolsonaro (PSL/RJ).
Há sinais claros de que as decisões tomadas até agora por Bolsonaro vão piorar ainda mais a situação dos trabalhadores brasileiros e, consequentemente, aprofundar a crise econômica no país, analisa o ex-ministro do Trabalho e da Previdência Social e ex-presidente da CUT, Luiz Marinho, que critica a falta de políticas públicas que ajudem o país a recuperar os empregos e a renda perdidos nos últimos anos.
“O que gera emprego é credibilidade dentro do país e no exterior, coisa que esse governo não tem, e políticas públicas que busquem incluir o povo no orçamento, como diz Lula”, afirma Marinho.
Mas, segundo o ex-ministro, Bolsonaro faz tudo ao contrário. A começar pelo fim da Política de Valorização do Salário Mínimo, que estabelecia aumentos reais para os pisos salariais e servia de parâmetro para o pagamento de aposentadorias e benefícios assistenciais e trabalhistas, melhorando a vida de milhões de aposentados e trabalhadores que ganham o piso nacional,
ao mesmo tempo em que, por oportunismo, anuncia o pagamento do 13º para beneficiados do Programa Bolsa Família como se fosse uma grande coisa.
Luiz Marinho lembra que, divididos por 12 meses, esse 13º representa uma diferença de apenas R$ 7,00 por mês no orçamento das famílias e não vai tirar as pessoas da linha da miséria nem reduzir as taxas recordes de desemprego que vêm sendo registradas desde o golpe de 2016.
Política internacional exterminadora
O ex- ministro, que também foi prefeito de São Bernardo do Campo por duas gestões, ressalta ainda que o Brasil já começa a ser criticado no exterior e corre risco de ter grandes prejuízos financeiros pelos ataques que Bolsonaro vem fazendo às políticas públicas de proteção ao meio ambiente, ao povo índio, aos quilombolas, aos sem-teto, à população LGTB, entre outras minorias, que vêm sendo atacadas por sua gestão.
Marinho cita o documento publicado na revista Science, assinado por 602 cientistas europeus, defensores do meio ambiente, que defendem o boicote a produtos brasileiros. Em carta publicada na última sexta-feira (26) pela revista científica norte-americana, eles pedem que os 28 países do continente, segundo maior parceiro comercial do Brasil, condicione a compra de insumos brasileiros ao cumprimento de compromissos ambientais definidos pela legislação brasileira, que Bolsonaro insiste em criticar e querer mudar.
A Europa pensa em boicote pelas asneiras que esse governo fala e diz que vai fazer. Vai ser um desastre para a políticas de empregos no Brasil. A situação será catastrófica a médio prazo
Outras decisões deste governo que podem trazer prejuízos bilionários ao Brasil, prossegue Marinho, é a possível transferência da embaixada brasileira de Israel, de Tel Aviv para Jerusalém, compromisso que Bolsonaro assumiu com sua base evangélica, irritando os árabes que ameaçaram suspender a compra de carne brasileira e a ameaça que o governo da Rússia vem fazendo de suspender a compra de produtos agrícolas brasileiros por excesso de agrotóxicos utilizados pelo agronegócio.
Marinho, ainda, cita a saída do país do grupo suíço de medicamentos Roche, que anunciou em março o encerramento de suas atividades no Rio de Janeiro, alegando prejuízos financeiros.
Com Lula, políticas públicas geraram crescimento e renda
As políticas públicas de proteção ao meio ambiente, ao povo índio, quilombolas, aos sem-tetos e também as de incentivo à produção e consumo, desde que corretamente implantadas como foram no governo do ex-presidente Lula, geram emprego e renda, afirma Marinho.
Segundo ele, desde o início do governo Lula essas políticas já apontavam para melhoria na abertura de novos postos de trabalho e aumento no poder de compra dos trabalhadores e trabalhadoras. E isso, continua o ex-ministro, conquistou a credibilidade da população. As pessoas recuperaram o otimismo e passaram a consumidor e os empresários a investir no país.
Para Luiz Marinho, os incentivos à habitação, ao crédito para a agricultura familiar, para a produção do pequeno agricultor e a economia solidária também foram fundamentais para a geração de emprego e renda. Foi isso que derrubou o índice de desemprego de 10,5% para 5,3% entre dezembro de 2002, no final do governo FHC, e último ano do segundo mandato de Lula.
“São políticas públicas que geram emprego e criam oportunidades. É preciso que as pessoas tenham oportunidade de consumir. É preciso pensar em medidas que valorizem a produção e você aumenta a produção com crédito barato para o povo construir, incrementar a sua casa, fazer o seu puxadinho”, defende Luiz Marinho.
Por CUT