Em pronunciamento de um minuto e 36 segundos em cadeia nacional, na noite desta sexta-feira (6), o presidente Jair Bolsonaro falou do coronavírus à população. Em tom protocolar, quase mecânico, usou o tema da enfermidade detectada inicialmente na China para pedir união ao país. Embora curta, sua fala teve um trecho contraditório: “O momento é de união. Ainda que o problema possa se agravar, não há motivo para pânico”, disse.
Segundo ele, “o governo federal vem prestando orientações técnicas a todos os estados, por intermédio do Ministério da Saúde”. “Os demais ministérios uniram esforços e juntos aos demais poderes seguirão garantindo o funcionamento das nossas instituições até o retorno à normalidade”, continuou.
No entanto, o país está longe da união. Na noite desta mesma sexta-feira, em dura mensagem publicada pelo Twitter, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) anunciou a possibilidade de o Nordeste romper com o governo federal.
O motivo são as informações de que a região é discriminada pelo governo Bolsonaro na distribuição de recursos do Bolsa Família. O Nordeste recebeu apenas 3% dos benefícios, enquanto ao Sul e Sudeste coube 75%.
“Se isto é fato, que eu custo a acreditar que seja fato, para esclarecer, estou pedindo a convocação com urgência do ministro da Cidadania (Onyx Lorenzoni), ainda na semana que vem, para vir ao Senado explicar que tipo de critério foi utilizado, para que possamos tomar as medidas cabíveis”, disse o senador em vídeo. Tasso continuou: “Isso pode significar não só o rompimento da bancada do Senado e da Câmara Federal, mas pode significar o rompimento do Nordeste com o governo Federal”.
Até o momento, o Brasil tem 13 casos confirmados do coronavírus. São quatro os estados onde há infectados: São Paulo (10), Rio de Janeiro (1), Espírito Santo (1) e Bahia (1).
Bolsonaro disse no pronunciamento que “o Brasil reformou seu sistema de vigilância em portos, aeroportos e unidades de saúde”. Segundo ele, “seguir rigorosamente as orientações dos especialistas é a melhor medida de prevenção”. Ele terminou o pronunciamento com a esperada exortação: “Que Deus nos proteja e abençoe o nosso Brasil”.