A incompetência do governo Bolsonaro causou mais um prejuízo à saúde dos brasileiros e aos cofres públicos: nada menos do que R$ 243 milhões serão perdidos em medicamentos como vacinas, testes e outros insumos porque o Ministério da Saúde deixou que expirassem. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, cerca de 3,7 milhões de itens que estão no centro de logística da pasta, em Guarulhos (SP), serão incinerados. Quase todos os medicamentos, que começaram a expirar há mais de três anos, perderam a validade durante a gestão de Bolsonaro.
De acordo com o diário, “a pasta usa documento interno de 2018 para negar pedidos de acesso aos dados sobre produtos armazenados ou vencidos, argumento já apontado como inadequado pela CGU (Controladoria-Geral da União)”.
Enquanto o governo deixou os medicamentos encalharem, vários insumos da lista estão em falta em hospitais da rede de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Entre os itens perdidos, há medicamentos para tratar hepatite C, câncer, Parkinson, Alzheimer, tuberculose, doenças raras, esquizofrenia e artrite reumatoide, entre outras doenças.
Segundo a Folha, o general da reserva Ridauto Fernandes, diretor do Departamento de Logística da Saúde, limitou-se a dizer que a perda de validade de produtos “é sempre indesejável”, mas ocorre “em quase todos os ramos da atividade humana”.
Marília cobra explicações da Saúde
A deputada federal Marília Arraes (PT-PE) é autora de um requerimento de informação, na Câmara dos Deputados, que cobra do governo federal esclarecimentos sobre os estoques que perderam a validade. O requerimento será protocolado nesta quarta-feira (08).
“Nosso requerimento questiona o Ministério da Saúde sobre o motivo desses insumos não terem sido utilizados”, disse a deputada. “É justo que frascos para aplicação de 12 milhões de vacinas para gripe, BCG, hepatite B e varicela tenham que ser jogadas no lixo por incompetência desse governo?”, questionou Arraes.
“Esse material é avaliado em cerca de R$ 50 milhões. Queremos garantir não só respostas para esse absurdo, mas, principalmente, medidas necessárias para que isso jamais volte a acontecer, além da responsabilização e punição dos responsáveis”, ressaltou Marília.
Alerta da Bahia
No fim do mês passado, o governo da Bahia alertou para o desabastecimento de 24 medicamentos obtidos pela Saúde. De acordo com a assessoria do governo, estados e municípios estavam com estoque zerado ou inferior a um mês de abastecimento.
De acordo com o portal do governo de Rui Costa (PT), os atrasos prejudicaram “os tratamentos de milhares de pacientes com diversas doenças, dentre elas, câncer, HIV/Aids, diabetes, anemia falciforme, acromegalia, alzheimer, amiloidose, artrite reumatoide, espondilite, crohn, psoríase, epilepsia, escleroses, esfingolipidoses, esquizofrenia, fibrose cística, mucopolissacaridose do tipo II, parkinson, trombose venosa”.
“Infelizmente, a maioria dos medicamentos não possui substituto, nem solução de abastecimento imediata, caso o Ministério da Saúde não regularize o fornecimento”, advertiu o governo.
“Degradação e desmonte”
O jornal citou como exemplo do desperdício do governo as 820 mil canetas de insulina que poderiam atender cerca de 235 mil diabéticos por um mês. Vencidas, as canetas agora sem utilidade representam um prejuízo de R$ 10 milhões.
Para o representante da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Wagner Gastão, a quantidade de medicamentos fora da validade aponta para uma “degradação e desmonte” da estrutura do Ministério da Saúde. “É uma máquina complexa, mas a história do ministério não é essa. Sempre há produtos vencidos, mas tem de ser algo residual, senão é indicador grave de ineficiência”, declarou o especialista ao jornal.
Da Redação, com informações de Folha de S. Paulo, Assessoria de Marília Arraes e Governo da Bahia