“Brazil is back”. A tradução da frase que norteou os primeiros nove meses do governo Lula chegou às manchetes da imprensa internacional há duas semanas para destacar o discurso histórico do presidente brasileiro na abertura da Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
Muito além de decretar o fim de um triste período da nossa diplomacia, marcado pelo isolamento e pelo lugar de pária internacional, a mensagem transmitida pelo presidente Lula ao mundo consolida a volta do Brasil à condição de protagonista na mesa global de negociações sobre os temas mais importantes da atualidade.
Mais do que isso: a fala de Lula desperta nas lideranças mundiais um novo olhar para o nosso tempo ao associar a crise climática e o aumento das desigualdades, responsável pelo abismo cada vez maior entre a minúscula minoria rica e a gigantesca maioria pobre. Das enchentes na região Sul à seca na Amazônia, o povo humilde é sempre o mais atingido pelas mudanças do clima, que é resultado de décadas de um modelo que destrói a natureza, polui o Meio Ambiente e adoece o planeta.
Preocupado com este cenário, Lula já garantiu que o Novo PAC, para além das obras de infraestrutura essenciais para o desenvolvimento do Brasil, vai destacar ações com foco na transição energética. Serão R$ 540 bilhões investidos na produção de energia eólica, solar, biomassa, biodiesel e outras ações para consolidarmos uma indústria verde e sustentável. Esse compromisso, assumido por Lula já desde a sua campanha, terá absoluta prioridade ao longo dos próximos anos.
As mudanças climáticas e a desigualdade social são produtos da ação humana. E o combate a ambos só será possível a partir da indignação de todos. Fato é que como está, não pode ficar. Como citou Lula, diante de um Plenário da ONU lotado que o interrompeu com aplausos 7 vezes: os 10 maiores bilionários do mundo têm mais riqueza do que os 40% mais pobres – um dado tão alarmante que gerou suspeitas de que ele estaria equivocado. Mas infelizmente, essa é a mais pura verdade.
Passados 78 anos da criação da ONU, o planeta ainda não foi capaz de colocar em prática o Estado de Bem-Estar Social, nascido como resposta ao trauma da 2ª Guerra, mas mantido distante da ampla maioria das pessoas por meio da fome, da pobreza e da desigualdade.
A reforma do Conselho de Segurança voltou a ser destaque na assembleia da ONU por provocação do próprio Lula, que vê urgência na inclusão de atores que devem ter sua relevância geopolítica reconhecida. O mundo não resolverá seus conflitos sem que todas as forças políticas da atualidade tenham voz, como se a realidade em 2023 fosse a mesma de 1945.
Ao chamar a atenção dos principais líderes mundiais na ONU, Lula atinge um patamar compartilhado por poucos. Prova desse prestígio foi a quantidade de pedidos de chefes de Estado de todos os continentes para conversas exclusivas, numa clara busca por reaproximação de um País que havia se desligado do mundo. Não houve agenda para atender a todos e todas.
Numa das principais atividades da viagem aos Estados Unidos, Lula e o presidente Joe Biden lançaram um programa comum em defesa do trabalho digno. Uma inédita união de esforços para frearmos esse cenário de precarização que, cada vez mais, aniquila direitos e, na mesma medida, amplia lucros já excessivos. Novamente, o foco é o combate à desigualdade.
Ao reconectar o Brasil ao mundo, Lula também reata laços econômicos fundamentais para garantir investimentos capazes de retomar o nosso crescimento, com foco na geração de emprego e renda. Em poucos meses de uma política externa sólida e responsável, o país já garantiu a entrada de recursos na casa dos R$ 100 bilhões.
Lula e seu time de ministros vêm fazendo a diferença interna e externamente. Assim como é bonito de ver uma brasileira ou brasileiro brilhando lá fora, seja nos esportes, nas artes ou no meio empresarial, é motivo de grande orgulho termos hoje um presidente com tamanha capacidade de diálogo e conciliação em torno de causas tão caras à humanidade.
A manchete “Brazil is back” é, portanto, a consagração de um processo de resgate da presença do Brasil no mundo iniciado antes mesmo da posse, quando Lula foi convidado para a COP 27, no Egito, ainda como presidente eleito. De lá para cá, o país fez as pazes com a comunidade internacional.
O mundo hoje enxerga novamente o Brasil como um país que voltou a combater a fome, a melhorar a saúde, a educação e a cuidar do Meio Ambiente. A reconstrução da nossa imagem para a comunidade internacional é um passo fundamental para a atração de novos investimentos e parcerias para alavancarmos nosso crescimento. O Brasil, como se diz na linguagem popular, voltou a ser a bola da vez. E temos hoje, diariamente, sinalizações de todas as partes do planeta de que estamos no rumo certo.
Jaques Wagner é líder do governo Lula no Senado
Publicado originalmente em Carta Capital