Lula: Brasil vai apresentar proposta de transição energética e ecológica em agosto

Em Bruxelas, onde participou da III Cúpula CELAC-UE, presidente disse que a medida reforça o compromisso com a preservação ambiental e vai atrair investimentos

Ricardo Stuckert

Lula: "O Brasil vai mostrar ao mundo que nós vamos definitivamente entrar na chamada bioeconomia, na economia verde"

O presidente Lula afirmou, nesta quarta-feira (19), em Bruxelas, que o governo vai apresentar, em agosto, uma proposta de transição energética e ecológica, com o objetivo de atrair investimentos em economia verde no país. Ele falou sobre o assunto durante coletiva de imprensa, quando também fez um balanço positivo da III Cúpula CELAC-União Europeia, que reuniu representantes de 60 países na capital belga.

“Nós vamos apresentar agora em agosto uma proposta de transição energética e transição ecológica. Ou seja, o Brasil vai mostrar ao mundo que nós vamos definitivamente entrar na chamada bioeconomia, na economia verde, para que a gente possa servir de exemplo para o mundo e para que a gente possa dar a nossa contribuição na questão da preservação do nosso planeta”, disse o presidente.

Lula reafirmou que essa será mais uma demonstração do compromisso do Brasil com a preservação ambiental, um dos pontos centrais das discussões sobre o acordo Mercosul-União Europeia, que o governo brasileiro pretende ver concluído ainda neste ano. “O Brasil está com decisões tomadas, acertadas, e decisões que nós vamos cumprir, de fazer com que a transição energética seja a possibilidade de um investimento na chamada economia verde”, afirmou.

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O presidente observou, entretanto, que o Brasil não pretende transformar a Amazônia em um “santuário da humanidade”. “Nós queremos transformar a Amazônia num centro de desenvolvimento verde. Queremos compartilhar a exploração científica com o mundo que queira participar, porque nós achamos que é possível extrair da grandiosidade do ecossistema da Amazônia e da riqueza da biodiversidade coisas importantes para o desenvolvimento de novas indústrias”, pontuou.

Durante a entrevista, Lula também destacou as potencialidades do Brasil nesse campo, como por exemplo, o fato de o país ter 87% da energia elétrica renovável, contra o índice mundial de 28%.

“Nós temos, de toda a matriz energética, envolvendo combustível, 50% totalmente renovável contra 15% do resto do mundo. Eu vou dar esses números para dizer para vocês que pouca gente tem autoridade moral para falar em transição ecológica com o Brasil sem levar em conta a realidade brasileira”, disse o presidente, que voltou a criticar a proposta da União Europeia de impor sanções a países do Mercosul que descumprirem o Acordo de Paris – tratado internacional de mudanças climáticas.

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“A Europa tinha feito uma carta agressiva. A carta que a Europa fez para o Mercosul era uma carta que ameaçava com punição se a gente não cumprisse determinados requisitos ambientais. E a gente disse para a União Europeia que dois parceiros estratégicos não discutem com ameaças. A gente discute com propostas”, disse o presidente, informando que os países do Mercosul elaboraram uma resposta que será entregue ao bloco europeu em até três semanas.

Balanço

Durante a coletiva, Lula avaliou a cúpula como “extremamente exitosa”, pelo fato de a União Europeia ter demonstrado o interesse de voltar a investir no continente latino-americano.

“Acho que de todas as reuniões que eu participei com a União Europeia essa foi a reunião mais exitosa de todas elas por uma razão: havia oito anos que não havia reunião da CELAC e havia muitos anos que o Brasil não participava desses encontros internacionais. E o fato de fazermos a reunião entre CELAC e União Europeia com a participação de 60 países demonstrou de forma inequívoca o interesse da União Europeia em voltar os seus olhos para a América Latina”, disse. “Eu poucas vezes vi tanto interesse político e econômico dos países da União Europeia com os seus interesses para a América Latina”.

O presidente também celebrou o interesse demonstrado pela UE em realizar investimentos da ordem de 45 bilhões de euros (cerca de R$ 242 bilhões) na América Latina.

Da Redação

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