Os constantes retrocessos e genocídio dos povos originários no governo de Bolsonaro e uma sequência de denúncias de violência contra os povos Yanomami será investigada pela Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado Federal a pedido do senador Humberto Costa (PT/PE), presidente da comissão. Por iniciativa do Partido dos Trabalhadores (PT), a missão externa em Roraima está prevista para o próximo dia 12 de maio.
“Os casos denunciados pelo Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY) e outras entidades são escabrosos. Estupro, homicídios, infanticídio, desaparecidos… Nós queremos averiguar a situação de perto para garantir uma apuração rigorosa dos casos. Está claro que o governo Bolsonaro não só estimula essa violência, como é cúmplice dela. A depender do governo federal, nada será investigado. E não vamos deixar que isso aconteça, enfatiza Humberto Costa.”
A coordenação Nacional do Setorial Indígena do PT, representada por Tani Rose Ribeiro e Romeu Silva, ressalta a relevância de investigação das denúncias e repudia a violência praticada contra os povos indígenas no país.
“É de fundamental importância que esta comissão faça a investigação das denúncias de violências que estão ocorrendo no território dos nossos povos Yanomami e Ye’kwana. É necessário pôr um basta a todos os tipos de violência e sofrimento que os povos originários vêm sofrendo. Lutamos pelo direito à vida e ao “bem viver” de nossos povos indígenas. Repudiamos o estupro e morte da menina de 12 anos, a queimada das terras dos nossos parentes, de toda opressão e crimes ocasionados pela invasão dos garimpeiros, permitidas por este desgoverno federal atual. Fora a violência!”
Episódios de violência
Em nota publicada nesta terça-feira, 3, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) – Regional Norte I denunciou a sequência de episódios de violência contra os Yanomami a partir do aumento de garimpeiros na região. O CIMI cobrou medidas de proteção aos indígenas e ao seu território. Em maio de 2021, o PT repudiou o ataque de garimpeiros a uma comunidade indígena Yanomami, que fica na região Palimiú, em Roraima.
“Apesar de tantas denúncias e de tantos crimes, mesmo com sucessivas decisões judiciais proferidas em diversas instâncias do Poder Judiciário brasileiro desde 2018 e da adoção de Medidas Cautelares por parte da Comissão Interamericana de Direitos Humanos em 2020, o Estado brasileiro persiste na omissão e na realização de operações pontuais claramente ineficientes”.
Estupro e assassinato
No último dia 25 de abril, uma adolescente de 12 anos foi estuprada e morta por garimpeiros que exploram ilegalmente uma Terra Indígena Yanomami, em Roraima. No mesmo dia, segundo denúncias de lideranças Yanomami, uma criança de três anos caiu no rio e desapareceu após a tia dessa criança tentar salvar a adolescente.
Os casos foram denunciados pelo presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami Ye’kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, e outras entidades. Um ofício foi encaminhado para o Ministério Público Federal (MPF), Funai e Polícia Federal, mas ainda não há esclarecimentos do crime.
Comunidade está desaparecida
Após o crime cometido contra a adolescente, a comunidade Yanomami desapareceu. A Terra, onde habitavam aproximadamente 25 indígenas, foi completamente queimada.
Artistas, políticos e entidades pedem esclarecimento com mobilização nas redes sociais. A denúncia foi divulgada no último dia 25, pelo presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami.
O caso ganhou repercussão nacional e tem mobilizado lideranças indígenas, autoridades, políticos, artistas e influencers que demonstraram apoio à causa repercutindo a situação nas redes sociais com a hashtag: “CADÊ OS YANOMAMI”.
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Da Redação, com informações do G1