Partido dos Trabalhadores

Caixa gasta R$ 10 mi em festa para defender redução de gastos

Instituição organizou festa para 6 mil funcionários no estádio Mané Garrincha, sindicatos realizaram protesto no local

Reprodução/RBA

Protesto em frente a festa milionária da Caixa

Após anunciar cortes de R$ 2,5 bilhões e o fechamento de cem agências, a Caixa organizou nesta quarta-feira (16) um evento para seis mil gerentes, com custo superior a R$ 10 milhões, segundo informou o jornal “Folha”. O ministro da Fazenda do governo golpista, Eduardo Guardia, esteve presente.

Segundo a própria Caixa, a proposta do evento era “motivar e preparar os funcionários para a necessidade de redução de gastos e ganho de eficiência“, a fim de cumprir a meta de lucro do ano, que subiu de R$ 7,3 bilhões para R$ 9 bilhões.

A Caixa também alegou que o evento tinha como objetivo mostrar aos funcionários que o banco está em nova fase de gestão, com aprimoramento na governança, decorrente da aprovação de seu novo estatuto. O conselho de administração da Caixa, presidido pelo Ministério da Fazenda, aprovou na quinta-feira a criação de duas diretorias para reforçar a governança do banco: a Diretoria Executiva de Controles Internos e a Diretoria de Auditoria Interna.

Em frente ao estádio, funcionários da Caixa e de outras instituições bancárias, junto com trabalhadores de diversos setores participaram de ações da mobilização intitulada “Dia Nacional de Luta” contra o desmonte da Caixa e o desrespeito aos trabalhadores.

Eles protestaram, em especial, contra as medidas que estão sendo tomadas pelo governo federal para reduzir o quadro de pessoal da Caixa e que envolvem, segundo informaram, “reestruturação de áreas, verticalização e descomissionamentos arbitrários”.

A manifestação foi convocada pelo Sindicato dos Bancários de Brasília e teve a participação de entidades como a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae). Para o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, “um dos mais recentes golpes contra a Caixa, ao seu caráter 100% público e aos direitos da categoria, é a nova reestruturação, chamada de Programa Eficiência, que mira na redução de despesas em R$ 2,5 bilhões até 2019”.

Em nota de protesto, os bancários questionaram que “debater medidas que significam o enfraquecimento da Caixa é inadmissível, fazê-lo em um megaevento financiado com dinheiro público chega a ser deboche”. Eles reclamaram do fato de gerentes de todo o país terem sido convocados com obrigatoriedade de presença ou justificativa de ausência. E, ainda, de frases espalhadas pelo evento com chavões como “Em campo pelo Brasil e Todo um país vibrando por você”.

“O Brasil não está vibrando e tampouco joga no time da dilapidação de empresas públicas. Caixa, Eletrobras, BNDES e Correios, entre outras, são fundamentais para os brasileiros”, ressaltaram, no documento.

Sobrecarregados

Representantes do sindicato dos bancários disseram ainda que, no momento os empregados da Caixa estão a cada dia mais sobrecarregados, adoecendo em função da piora das condições de trabalho e até em função de casos variados de assédio moral.

“O ambiente é hostil para os trabalhadores, de desrespeito e sem levar em conta nossos limites”, contou a bancária Karla Benfica.

O presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília, Eduardo Araújo, disse considerar o encontro promovido pela Caixa com os gestores “uma afronta”. “Mostra a contradição da reestruturação pregada pela entidade, que fala em reduzir despesas com o quadro funcional e ao mesmo tempo financia com dinheiro público um exemplo dessa natureza”, reclamou.

“Além da incoerência em si, o evento exclui a grande maioria dos empregados, o que é lamentável. Quanto às metas, tenho medo do que será divulgado e cobrado desses colegas, o que consequentemente vai acarretar em mais adoecimento de todo o corpo funcional da empresa”, afirmou a secretária de Cultura da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Fabiana Uehara Proscholdt.

“A Caixa 100% pública e social não está em jogo. É fundamental que entidades, empregados e sociedade se unam ainda mais para reafirmarem que não abrem mão do banco como parceiro estratégico na execução de políticas públicas e na prestação de serviço dos brasileiros”, acrescentou Fabiana.

Da redação da Agência PT, com informações da RBA