Com o desmantelo de órgãos ambientais promovido na gestão passada, no momento em que um terrorismo climático se instala no país, com diversos casos de queimadas, aliado ao aceleramento das mudanças climáticas, tornou-se urgente votar em candidaturas que tenham projetos de governo que prevejam ações conscientes de preservação ao meio ambiente. É preciso, então, pensar em ações territoriais que promovam uma mudança sistêmica na preservação do clima. E as eleições municipais terão um papel crucial no futuro do clima no Brasil.
Para que a justiça climática seja um denominador comum entre todos e todas, é preciso ter a compreensão de que as mulheres, em especial as negras, periféricas, indígenas, quilombolas e ribeirinhas, são as mais impactadas pela emergência climática, por serem maioria entre os grupos vulneráveis a eventos extremos. Por isso, é urgente consolidar o protagonismo das mulheres candidatas no debate ambiental na tentativa de alcançar a justiça climática.
“As mulheres são especialmente afetadas pelas mudanças climáticas, que estão acentuando ainda mais as desigualdades. O mundo precisa ouvir a voz feminina na tomada de decisões sobre o futuro. Só com as mulheres presentes nos espaços de poder conseguiremos construir as alternativas para gerirmos os riscos, promover proteção, e não só atuarmos depois dos desastres já ocorridos. Para atingirmos a raiz do problema, é preciso que as pessoas mais afetadas protagonizem a mudança necessária”, afirma a candidata à prefeita de Caxias do Sul (RS), Denise Pessôa.
Atenta a isto, a companheira listou no plano de governo para Caxias do Sul uma série de medidas voltadas para o clima da cidade, que fica no estado que foi severamente atingido por enchentes no primeiro semestre.
“Cuidar do meio ambiente é garantir um futuro seguro para Caxias. Antes de mais nada, precisamos de uma cidade mais limpa e cuidada. Para isso, vamos fortalecer a Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (Codeca) para melhorar a coleta e a destinação correta dos resíduos. Criaremos um grande programa de educação ambiental, para engajar a todos nesse cuidado. Vamos acelerar a criação do Plano Local de Ação Climática, para fazer a gestão de risco dos desastres, fortalecendo ações de prevenção e preparação”, diz trecho do documento.
“Liderar um planejamento regional, articulando ações com prefeituras vizinhas e desenvolver estratégias integradas, com a participação da sociedade e da comunidade científica. Caxias deve estar na vanguarda das ações para nos proteger de eventos climáticos extremos. Seremos um exemplo de gestão ambiental e climática. Queremos uma Caxias grande, humana e sustentável”, afirma a candidata.
Algumas das principais ações para uma Caxias ambientalmente equilibrada, segundo o plano de governo da candidata:
– Articular, em conjunto com as prefeituras da Região Metropolitana da Serra Gaúcha, ações de governança ambiental e climática regional, para a gestão do risco de eventos climáticos extremos e o enfrentamento de problemas comuns como a adaptação à mudança climática, destinação de resíduos sólidos, mobilidade, proteção contra deslizamentos, enchentes, inundações e alagamentos e outros.
– Estabelecer a transição ecológica como um dos objetivos centrais das ações do governo municipal, articulando especialmente a política de mobilidade urbana, a gestão dos resíduos sólidos e os cuidados com a água.
– Estimular as alternativas de bioeconomia, economia circular, compostagem e biodigestão, tornando resíduos uma fonte de recursos em escala comercial no município.
Já a candidata à prefeitura de Natal (RN), Natália Bonavides, submeteu suas propostas ambientais à plataforma Vote Pelo Clima, onde é possível conferir as ações que ela pretende executar caso seja eleita:
– Gestão de resíduos: Reestruturar a política de coleta seletiva na cidade, com inserção social dos catadores e cooperativas com atendimento aos bairros, estimulando a participação da população e a economia circular.
– Transporte e mobilidade: Ampliar gradativamente a gratuidade no transporte, com o objetivo de implantar a Tarifa Zero na cidade e incentivar a implantação de uma frota de energia renovável e de baixa emissão de carbono.
– Adaptação e redução de desastres: Utilizar materiais permeáveis ou semipermeáveis nas vias públicas, para absorção da água das chuvas; Executar plano de manutenção das lagoas de captação e um sistema de alerta de transbordamento.
Margarida Salomão, candidata à reeleição em Juiz de Fora (MG) vem desenvolvendo ações que, apesar de voltadas à população, impactam diretamente as mulheres ao aliviarem a sobrecarga mental, física e emocional que recai sobre elas também diante dos eventos climáticos: “Em todo o mundo as mulheres estão na linha de frente da luta pela justiça climática. As crises ambientais afetam de forma desproporcional as mulheres, que muitas vezes são as primeiras a enfrentar os desafios de cuidar das suas famílias em momentos de seca, enchentes ou outros desastres”, afirma.
“Por isso, é fundamental que os governos adotem políticas que não só protejam o meio ambiente, mas também promovam a justiça social, ouvindo e fortalecendo as vozes das mulheres que são essenciais na construção de um futuro mais justo e sustentável.”
Vereança também é local de cuidado com o meio ambiente
Anne Moura, secretária nacional de mulheres do PT e candidata à vereadora em Manaus (AM), também está atenta às mudanças climáticas, e como elas podem afetar as mulheres da região. Ela defende uma ação conjunta e coordenada junto ao governo federal.
“O apoio do governo Lula é fundamental. A seca é um desafio, impacta a vida das pessoas e a nossa economia, que depende dos recursos naturais. A falta de água compromete a agricultura, a pesca e ameaça a subsistência de milhares de famílias, além da saúde, e tem um grande impacto ao meio ambiente e a nossa biodiversidade”, afirmou.
Ainda de acordo com a candidata, ano passado, houve uma grande seca que prejudicou a logística fluvial na Amazônia e impediu a saída dos produtos fabricados no Polo Industrial de Manaus (PIM) para os grandes centros consumidores.
Por isso, ela propõe a criação de Planos de Contingência Municipais para lidar com os efeitos da seca e da fumaça, incluindo a alocação de verbas e recursos para ações emergenciais e de comitês de monitoramento e a implementação de políticas de prevenção. O objetivo é tornar Manaus referência nas políticas ambientais e para preservação da Amazônia para futuras gerações.
“Neste ano, o nível dos rios vem baixando de forma ainda mais acelerada e bem antes do previsto, com estimativa de afetar o setor econômico e de serviços no Amazonas. Estamos vivendo em uma panela de pressão, no meio da Amazônia! E estamos respirando fumaça todos os dias, não podem normalizar, o que será de Manaus daqui a 10 anos? 50 anos? Manaus bate recorde histórico de calor e seca extrema? Como podemos mudar isso? Cadê as políticas públicas ambientais? Quem tá fiscalizando e defendendo nossos direitos a qualidade de vida e um futuro melhor para nosso filhos e filhas? Precisamos de ações mais assertivas no combate ao desmatamento, incêndios e a seca severa na nossa região”, questiona.
Da Redação do Elas por Elas, com informações da Agência Brasil, das assessorias das candidatas e da plataforma Vote pelo Clima