O PT vive um momento de crise. Não é nenhuma novidade dizer isso e também não é a primeira crise que enfrentamos nesses 37 anos de existência. Sendo o principal instrumento de luta da classe trabalhadora brasileira, o Partido dos Trabalhadores foi e é o principal alvo e inimigo das elites conservadoras de nosso país! Mas ao contrário dos partidos tradicionais da direita e da esquerda o PT nunca confiou em fórmulas e modelos prontos para superar suas crises: da mesma forma que a classe trabalhadora encara a realidade avançando e inovando a forma de lutar e enfrentando as dificuldades impostas pelo cotidiano, os petistas sempre transformaram crises em oportunidades para novos estágios da luta e de organização partidária.
Para isso continuar ocorrendo, é necessário que o PT mantenha-se como referência da classe trabalhadora, analisando o mundo que o cerca, enfrentando seus problemas internos e produzindo soluções a partir da experiência material de seus filiados e da classe trabalhadora.
A nossa crise não é somente eleitoral, mas principalmente de isolamento político e de desgaste da nossa imagem partidária. Tal isolamento se deve sobretudo à incapacidade de dialogar com a sociedade para além dos períodos eleitorais e à falta de iniciativa política diante da precarização do mundo do trabalho e do surgimento de uma nova juventude trabalhadora. É bem verdade também que poderíamos ter feito mais quando estivemos em melhores condições políticas e isso reflete diretamente na crise de representatividade e nos ataques à juventude, aos trabalhadores e principalmente aos negros e negras que sobrevivem em meio a um verdadeiro genocídio.
Se reverter o esvaziamento de nossos espaços e instâncias partidárias passa por enxergar as novas formas de organização de nossa sociedade, é também impossível preparar uma ofensiva política do Partido dos Trabalhadores sem melhorar a imagem de nosso partido junto ao povo. A corrupção não foi e não é uma marca do PT e devemos rejeitar qualquer afirmação de que nossos governos tenham sido responsáveis pelas promíscuas relações entre Estado e Capital, bem como individualizar as condutas sem nos orgulhar de que os avanços na denúncia e combate a esse traço estrutural da política brasileira devem-se, em grande parte, à iniciativa política do PT! Corruptos foram os que nos tiraram do poder!
O atual momento exige que nós preparemos o PT para uma nova hegemonia! Isso significará enfrentar o conservadorismo local nos municípios em que estamos organizados e principalmente no Estado de São Paulo, núcleo do pensamento retrógrado e reacionário brasileiro e a capital do golpe. Para cumprir essa ousada tarefa que é o motivo da nossa existência, precisaremos reinventar nossa forma de participação social na cidade mesmo sem vereadores, de modo a fazer das centenas de filiados petistas em Franca porta-vozes de nossas ideias e mobilizadores da participação popular!
Um partido de massas não pode limitar-se a seus dirigentes e filiados. Não podemos ficar sozinhos. A busca por setores democráticos da sociedade, criando espaços públicos de discussão, consulta e formulação conjunta, somados à democratização e abertura do partido, tanto em suas instâncias, como através da nucleação e da organização dos trabalhadores em seus bairros são fundamentais para combater o ideário imposto diariamente da descrença na política. Temos que fortalecer a concepção de que só a política é capaz de transformar a vida e abrir as portas de nosso diretório para novos filiados.
Para fazermos da política brasileira a arma democrática dos “politicamente excluídos, dos socialmente discriminados, dos economicamente explorados e dos culturalmente dominados” é necessário reforçar o nosso trabalho de base e os vínculos com a classe trabalhadora. Assim fortaleceremos o PT, fazendo da sua defesa as barricadas da democracia e aumentando as fileiras de nosso partido.
Por Fernando Martho (PT Franca), Raul da Silva Carmo (JPT Franca) e Vitor Quarenta (JPT Franca) para a Tribuna de Debates do 6º Congresso. Saiba como participar.