As centrais sindicais Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil e a Intersindical, juntamente com a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo convocaram, nesta sexta-feira (11), o Dia Nacional de Greve e Paralisações. Atos aconteceram nesta sexta-feira em pelo menos 15 estados e no Distrito Federal.
Por todo o País, trabalhadoras e trabalhadores protestam contra a PEC 55 e retrocessos do governo usurpador de Michel Temer, promovendo ocupações de universidades, trancaços em rodovias, garagens de ônibus foram fechadas, prédios de estatais também foram tomados e diversas categorias paralisaram.
Na opinião dos organizadores, atos serviram para colocar pressão no governo golpista e demonstram que os trabalhadores não estão de acordo com o pacote de retrocessos promovido pelos golpistas. “Temer deveria ver esse dia como um alerta de que essas propostas de retirada de direitos são extremamente impopulares e os trabalhadores vão se manifestar contra elas,” afirmou o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas. “A inflação continua aumentando, o emprego diminuindo e não há ilusão de que vai melhorar”.
Em São Paulo (SP), ocorreram pelo menos três mobilizações que se encontraram na Praça da Sé, local histórico para os movimentos sociais no centro da cidade. Um dos atos começou na Avenida Paulista, com participação de algumas centrais sindicais e movimentos de moradia, seguindo em marcha até a Sé. O outro partiu da Praça da República, onde a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) realizou uma manifestação em frente à Secretaria de Educação do Estado, seguindo depois em direção aos outros grupos.
“Toda vez que tem crise, o remédio é o mesmo: diminuir os investimentos, privatização do estado, perda de direitos trabalhistas e previdenciários”, afirmou Raimundo Bonfim, coordenador da Central de Movimentos Populares. “A literatura dessa linha sempre fala em 3 ou 4 anos, mas no Brasil eles querem fazer por 20 anos, congelar os investimentos subordinados à inflação do ano anterior. É um ataque total a classe trabalhadora”, avaliou.
“Você terá uma retração econômica, vai aumentar o desemprego, terá menos investimento, menos Estado. Com isso, menos arrecadação, menos recurso para áreas sociais. Por isso estamos na rua, os movimentos sociais, a classe trabalhadora, protestando contra a PEC 241, também contra a reforma da previdência, da CLT, e contra essa criminalização dos movimentos sociais o que tem sido uma constante nos últimos dias”, finalizou.
Para Maria Izabel Azevedo Noronha, presidenta da Apeoesp, “as duas áreas mais importantes vão sofrer um impacto fortíssimo, que são a saúde e a educação”. Para ela, a PEC 55, antiga PEC 241, “vai diminuir as verbas da educação, o número de alunos vai aumentar e lá na frente não terá dinheiro, daí para a privatização. Esse é um dia de luta contra a PEC 55, a MP da reforma do ensino médio, contra terceirização e qualquer forma de tirar direitos”.
Na praça da Sé acontecia o principal ato da cidade, que recebeu as outras duas manifestações por volta das 17h e continuou mesmo após uma forte chuva.
Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores, Vagner Freitas, “se o Temer tiver alguma sensibilidade, ele devia se preocupar muito com o que aconteceu hoje. Nós estamos dizendo que o povo não vai deixar que ele tire os direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras do Brasil”, afirmou. “Todos os trabalhadores e trabalhadoras estão contra a PEC 55, contra a retirada de direito da previdência, contra acabar com a CLT, contra terceirização, contra a violência, contra os ataques aos estudantes que se organizam nas escolas para ter educação de qualidade e pública no Brasil”.
De acordo com Freitas, “o Temer precisa entender que ele não tem legitimidade porque ele não foi eleito, então ele não vai retirar os direitos conquistados arduamente pela luta dos trabalhadores. Isso foi um passo, o próximo é a greve geral para restituir a democracia do Brasil e não permitir nenhum direito a menos”.
Atos em todo o Brasil
Durante todo o dia aconteceram protestos na capital de São Paulo (SP). O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região realizaram paralisação em diversas agências; o Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo e servidores da saúde protestaram em frente ao Hospital das Clínicas; Hospital do Ipiranga teve paralisação. Trabalhadores da Sabesp também pararam pela manhã e houve mobilização dos trabalhadores na Comgás-Figueria-Brás.
Na Grande São Paulo, a cidade de Guarulhos amanheceu parada por conta da paralisação dos motoristas, cobradores e trabalhadores das garagens de ônibus. O principal terminal da cidade parou, atingindo quase uma centena de linhas e usuários afetados foram informados sobre as razões do protesto. Em Mauá, trabalhadores da Recap e terceirizados ficaram mobilizados desde às 6h. Também participam do ato aposentados do Daesp e militantes de movimentos sociais. Em Santo André, categorias se reuniram e fizeram panfletagem na cidade e nas agências bancárias paradas. Em São Bernardo, houve paralisação dos químicos na Empresa Nazca Cosmético e ato no Pavilhão Vera Cruz com movimentos e sindicatos de diferentes categorias do ABC.
No Rio de Janeiro (RJ), servidores públicos protestaram diante da Igreja da Candelária, no Centro do Rio. Por volta das 19h, o grupo seguiu em direção ao prédio da Assembleia Legislativa (Alerj), também no Centro.Em Belo Horizonte (MG), vários concentrações se espalharam pela cidade, e se encontraram na Praça Sete de Setembro. Unidos, seguiram até a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, onde aconteceu uma Audiência Pública sobre a CLT.Em Maceió (AL), cerca de 5 mil realizaram marcha pelo Centro da Cidade, onde bloquearam a Rua do Sol, principal rua do comércio. Paralisações dos rodoviários e bloqueios de pistas em vários pontos da capital marcam o dia de luta. No interior do estado de Alagoas, houve mobilização nas regiões do Sertão, Agreste e Zona da Mata.
Salvador (BA) também parou com a greve dos trabalhadores e trabalhadoras do transporte coletivo. A paralisação, acompanhada de protestos dos sindicatos nos terminais de ônibus, começou às 4 da manhã e os ônibus voltaram a circular após as 8 horas, gradativamente. O edifício administrativo da Petrobras em Salvador ocupado pelos manifestantes. Em Feira de Santana, também na Bahia, funcionários das empresas de fretamento de ônibus pararam integralmente até as 7 da manhã. Houve diversos trancaços nas estradas em todo o estado.
Em Brasília, funcionários do transporte público cruzaram os braços até as 9 da manhã, quando os ônibus voltaram a circular. Simbolizando a morte dos Direitos trabalhistas, cruzes foram posicionadas em frente ao Conjunto Nacional e houve manifestação em frente ao Ministério da Educação. Trabalhadores terceirizados na limpeza dos hospitais e escolas públicas, juntamente com o pessoal da merenda escolar no Distrito Federal (DF), protestaram na Câmara Legislativa do DF (CLDF).
Em Fortaleza (CE) houve uma caminhada pela manhã em ato unificado das Centrais Sindicais, Frente Brasil Popular e Frente Brasil Popular. No centro de Fortaleza lojas fecharam e motoristas de ônibus paralisaram os terminais rodoviários.
Em Campo Grande (MS), houve um ato formado em sua maioria por trabalhadores e trabalhadoras em educação, diversas entidades sindicais e estudantes.Atos em Belem (PA) ocorreram em dois locais: trabalhadores urbanos, estudantes e populares se reuniram ao lado do Mercado de São Brás; enquanto trabalhadores rurais ligados à Federação dos Trabalhadores em Agricultura (Fetagri) e Sem Terras se concentraram num outro ponto da cidade, na sede do INCRA. As duas manifestações saíram em caminhada por volta das 11h30 pela avenida Almirante Barroso, encontrando-se em frente a sede do Tribunal de Justiça. Além do protesto contra os retrocessos do governo Temer, manifestantes repudiaram a postura do Judiciário brasileiro. Em Abaetetuba, região nordeste do Estado, a 100 quilômetros de Belém, houve ocupação do prédio do INSS. Já em Santarém, manifestantes caminharam pelas ruas com paradas estratégicas em frente a Caixa e INSS. A Universidade Federal do Oeste do Pará também foi ocupada.
Em João Pessoa (PB), CUT organizou panfletagem nos principais mercados públicos de João Pessoa explicando sobre a retirada de direitos e convocando todos ao ato que aconteceu à tarde.
Movimentos sociais e centrais sindicais também foram às em Goiânia (GO). Ato se concentrou em frente à Federação das Indústrias do Estado de Goiás.Na capital do Paraná, Curitiba (PR) houve paralisação dos servidores Municipais, Professores (APP) e Petroleiros. Em todo o estado, aconteceram atos em Curitiba, Maringá, Toledo, Londrina, Francisco Beltrão, Umuarama e Foz do Iguaçu
Em Pernambuco, houve trancaços de estradas em todo o estado. Na capital, Recife (PE), garagens de ônibus e principais avenidas foram fechadas. Metrô e ferroviários pararam na parte da manhã e SUDENE, universidades e escolas públicas foram ocupadas.
Em Teresina (PI), motoristas e cobradores do transporte público pararam em peso suas atividades na parte da manhã
Em Natal (RN), a adesão atingiu 100% das garagens na manhã de hoje. A atividade foi organizada pelo sindicato do setor filiado à CUT.
No Rio Grande do Sul houve piquete na empresa pública de ônibus de Porto Alegre (RS), logo cedo. Estudantes e militantes do MTST param Av. Bento Gonçalves. No interior do estado, a Universidade Federal de Santa Maria foi ocupada; e teve ato e caminhada operária e estudantil em São Leopoldo.Mais de 20 cidades catarinenses realizaram atos e paralisações por todo o estado. Florianópolis (SC) amanheceu sem transporte público; os motoristas e cobradores ficaram parados das 5 da manhã até às 9h. Agências bancárias do centro trabalharam somente no período da tarde os professores e técnicos da UFSC fizeram mobilização pelas ruas da capital.
Além deles, os professores estaduais, trabalhadores na saúde pública estadual, trabalhadores no serviço público municipal de Florianópolis, São José, Palhoça, Blumenau, Criciúma, Chapecó e região, cruzaram os braços. As mobilizações em todas as cidades ficaram marcadas pela adesão dos estudantes das escolas ocupadas.
Veja mais notícias dos atos que marcaram o Dia de Greve e Paralisações neste dia 11 de novembro.
Da redação da Agência PT de notícias, com infomações da CUT e Mídia Ninja