Sem novos casos e mortes por Covid-19, Cuba anunciou, na segunda-feira (25), a primeira fase de testes de uma vacina contra o coronavírus, a Soberana 01. Cerca de 700 pessoas devem participar dos testes, que irão prosseguir até fevereiro de 2021, quando o governo cubano deve apresentar os resultados. A primeira fase irá prosseguir até outubro. Desde o início da pandemia, Cuba registrou 3.744 casos e 91 mortes em decorrência da doença, um dos mais baixos da América Latina. Os testes, autorizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), poderão gerar a primeira vacina produzida na Região.
O diretor do Instituto Finlay de Vacinas, com sede em Havana, Vicente Vérez Bencomo, se disse otimista com a perspectiva da produção da vacina cubana.
“Diante de um vírus desconhecido como o Sars-CoV-2, era impossível prever que uma vacina que leva anos para se desenvolver pudesse ser feita em um ano”, disse Vérez Bencomo, em entrevista ao programa Mesa Redonda, apresentado pela tv cubana, na semana passada.
Bencomo lembrou que apesar das dificuldades impostas por restrições tecnológicas e o bloqueio econômico, foi o conhecimento público e de acesso gratuito dos cubanos que permitiu avanços fundamentais no campo da pesquisa. “No final de março, a pandemia estava ganhando força em Cuba, havia uma grande incerteza, havia muita tecnologia fora do alcance de nosso país e pensávamos que era impossível conseguir uma vacina antes do final do ano”, disse o cientista à TV cubana. “Não há ocasião anterior em que a humanidade tenha gerado tanto conhecimento científico em tão curto período”, observou.
De acordo com as autoridades e dirigentes do projeto científico, a vacina candidata está sendo elaborada com base em plataformas tecnológicas e de produção já existentes no país. A plataforma inclui modelo de produção de vacinas desenvolvidas em Cuba e com anos de uso e eficácia comprovada.
Autorização
O diretor celebrou a atual fase dos testes. “A autorização [da OMS] é uma etapa muito importante, a primeira das quatro etapas”, explicou o cientista. “No momento, temos que superar uma primeira fase de testes clínicos com um pequeno número de pessoas. Em seguida, passaremos para a fase 2 com um número maior de participantes”, enumerou.
“Nessas etapas verifica-se que a vacina tem capacidade de produzir a resposta imune necessária ”, explicou o diretor-geral do instituto, comemorando o fato de que a primeira etapa foi ultrapassada em três meses. Ele ressaltou que existem mais de 200 vacinas candidatas contra o coronavírus no mundo, mas apenas 30 obtiveram autorização para iniciar os ensaios, incluindo a cubana.
Certificado em imunologia
Segundo Belinda Sánchez Ramírez, diretora de Imunologia e Imunoterapia do Centro de Imunologia Molecular (CIM), graças à experiência do instituto na área de imunologia, foi possível avançar nos estudos. O CIM possui um sistema de qualidade certificado não só pela agência reguladora cubana, Cecmed, mas por outras agências reguladoras ao redor do mundo.
“Isso oferece a tranquilidade para que nossos processos tenham a capacidade de gerar produtos seguros”, afirmou a pesquisadora. “Estamos muito felizes com isso, porque nos sentimos úteis, e isso é a melhor coisa que pode acontecer a um cientista”, concluiu Ramírez.
“A vacina candidata cubana, Soberana, é a primeira da América Latina e a primeira de um país pobre em recursos econômicos, mas grande em espírito, razão pela qual tivemos sucesso”, destacou Vérez Bencomo. A segunda etapa da vacina, deverá ocorrer entre novembro e janeiro de 2021.
Da Redação, com informações de Mesa Redonda