À Frente Brasil Popular e todos os sindicatos, partidos e organizações que compõem a FBP:
Na presença de mais de uma centena de lutadoras e lutadores pela democracia, advindos dos mais diversos segmentos – sindicalistas, militantes e políticos do PT, PCO, PDT e PSOL, artistas, intelectuais, feministas, ativistas LGBT, lideranças contra o racismo, aposentadas, trabalhadoras e trabalhadores das mais diversas categorias, midiativistas – foi lançado o COMITÊ DE LUTA VOLTA DILMA, PELA DEMOCRACIA, ANULA IMPEACHMENT.
Como a grande maioria de nós faz parte das organizações que compõem a FBP, este é o nosso caminho natural. Portanto, à FBP que nos dirigimos prioritariamente para comunicar o significado do lançamento de nosso comitê.
O primeiro significado é a insatisfação com o fato do nome de Dilma estar apagado nas manifestações que se seguiram ao impeachment. A existência de um comitê que traz Dilma no nome é a expressão de que o desejo de romper o silenciamento sobre Dilma é uma potência política.
Sabemos que a FBP tem uma pauta que prioriza a luta pelo Fora Temer e por eleições diretas. Para nós, esta pauta só é coerente como luta contra o golpe se incluir a luta concreta contra o impeachment. NÃO HOUVE CRIME DE RESPONSABILIDADE. O IMPEACHMENT PRECISA SER DESMASCARADO COMO PARTE DE UM GOLPE MAIOR CONTRA O POVO. E, consequentemente, anulado. É justo!
Nossa experiência nas ruas mostra que o povo entende facilmente que, com a anulação do impeachment, Temer sai e Dilma estaria em condições reais (que inexistem agora) para abrir um diálogo com o povo sobre a saída democrática para a crise, que podem ser eleições diretas, como diz a FBP, ou gerais, como diz o MST, ou ainda algum tipo de consulta popular que escolha um novo Congresso e Judiciário para que, enfim, Dilma possa governar com o povo que a elegeu. Difícil, sim. Impossível, diriam alguns. Mas nossa existência é a afirmação de que existem atores sociais, em sua maioria mulheres, dispostos a fazer o que precisa ser feito: o bom e LEGÍTIMO!
A não inclusão da anulação do impeachment entre as bandeiras da FBP exclui a componente que luta pela reversão do golpe, dividindo a própria resistência ao golpe. Não pode a FBP abrir mão de fazer a unidade entre os que resistiram ao golpe em nome de uma “pretensa” unidade com os que diziam “Fora Dilma”, “Fora PT” enquanto lutávamos para defender o mandato que ela recebeu do povo.
Em nome da unidade contra o golpe, o comitê lançado neste dia 25 de janeiro se dirige à FBP e a todos os setores democráticos fazendo um amplo CHAMADO DE UNIDADE PELA ANULAÇÃO DO IMPEACHMENT. Ou seja, da defesa do direito de Dilma não ser retirada da Presidência por um crime que não cometeu.
A bandeira de anulação do impeachment agrega para as bandeiras da FBP coerência e, principalmente, muita vontade de ir pras ruas, esclarecer a população e lutar até reverter o golpe. Acreditamos que a aceleração da decomposição do País pelas mãos dos golpistas precisa receber uma resposta também acelerada nossa. De forma que é necessário que a FBP não perca tempo em aceitar a luta pela anulação do impeachment como uma de suas componentes.
Em unidade, construiremos as atividades de um calendário que nos permita ir num crescente de mobilização, que tem condições de culminar numa GREVE GERAL em 15 de março junto com a CNTE, preparada por um massivo 8 DE MARÇO duplamente simbólico:
– Na luta contra a violência institucional machista do Estado brasileiro , que não poupou nem a presidenta da República.
– Na comemoração de 100 anos que as mulheres de Petrogrado decidiram lutar, se dirigiram aos homens das fábricas das redondezas para que se juntassem a elas em greve desencadeando, assim, fatos que levaram à Revolução Russa.
Rio de Janeiro, 25 de janeiro de 2017
Por Comitê Volta Dilma, criado no Rio de Janeiro em 25 de janeiro de 2017, para a Tribuna de Debates do 6º Congresso. Saiba como participar.