Evangélicas, candidaturas laranjas, impactos da crise internacional na vida das trabalhadoras, educação libertadora, combate às fakenews e estratégias de ampliação da participação das mulheres na vida pública foram temas de debate no Conselho Nacional de Mulheres do PT.
O evento foi realizado no Rio de Janeiro, nos dias 4, 5 e 6 de fevereiro, e contou com a participação de cerca de 60 mulheres representando 26 estados brasileiros. As parlamentares Benedita da Silva, Maria do Rosário e Gleisi Hoffmann, também presidenta do PT, fizeram parte do time de debates. O Conselho Político é formado pelas secretárias estaduais, o coletivo nacional de mulheres do PT, e mulheres dos movimentos sociais que visa articular e integrar a atuação feminista do maior partido de esquerda da América Latina.
A criação do Conselho Político é uma ação pioneira da Secretaria Nacional de Mulheres do PT que busca incentivar a integração das mulheres de todas as regiões do país e ajudam de forma horizontal na organização partidária das mulheres.
“Temos muito orgulho do Elas Por Elas e sabemos que mulheres em espaços de poder fazem diferença para a consolidação das nossas pautas e o olhar para as políticas públicas. Por isso, seguimos em frente no fortalecimento e na ampliação desse espaço”, explica Anne Karolyne, secretária nacional de mulheres do PT.
O primeiro dia foi destinado à roda de diálogo com movimentos sociais, populares e sindicais convidados como CUT (Central Única dos Trabalhadores), MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), MMM (Marcha Mundial de Mulheres), UNE (União Nacional dos Estudantes), ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos), Movimento Economia Solidária Feminista, MNLM (Movimento Nacional de Luta pela Moradia) e Mulheres Amazônicas.
Na parte da tarde, as organizadoras apresentaram um balanço de prestação de contas e debateram a organização do Elas por Elas para o próximo período.
“Não podemos esquecer que o PT foi o primeiro partido a implantar a política de cota para as mulheres internamente. Essa é a nossa história. Atualmente, temos uma mulher presidenta e ocupamos diversos cargos de decisão e conseguimos consolidar uma secretaria responsável e com credibilidade”, relembrou Benedita da Silva, que era senadora quando o PT implantou a cota de mulheres.
A presidenta do PT e deputada federal, Gleisi Hoffmann, reforçou os marcos que o partido vem alcançando na participação das mulheres dentro da organização e do reflexo dessa medida para a conjuntura nacional:
” Hoje, nós estamos com mulheres nos principais cargos de decisão do PT. Isso é uma demonstração importante para a sociedade”, afirmou Gleisi.
PT do tamanho da diversidade do Brasil.
Mais de 20 estados brasileiros estavam representados pelas secretárias estaduais de mulheres do PT que participaram ativamente dos debates. A troca de experiências de norte a sul, de leste a oeste do país é fundamental para elaborar um plano de ação em defesa das mulheres que contemple as diversas realidades.
“Devemos apontar caminhos e propostas na pauta econômica; valorizar as redes de mulheres e as novas tecnologias sociais, que tem muito no Nordeste, para se transformar em políticas públicas”, apontou Fátima, secretária estadual de mulheres do PT do Ceará, NE.
“Ampliar o grau de escuta é importante. Participei de grupos de convivência em que não se podia nem falar a palavra política; depois de muitos anos de aproximação, conseguimos mostrar para essas mulheres como a política afeta diretamente o cotidiano delas”, compartilhou Marcilei, secretária estadual de mulheres do PT de Santa Catarina e vereadora em Chapecó, SC.
Apesar das diversidades regionais, o projeto neoliberal de retirada de direitos e precarização da vida se estende de maneira uniforme por todas as trabalhadoras. A criação de uma pauta comum para fazer o enfrentamento e fortalecer a participação das mulheres na política, principalmente no período eleitoral, também veio à tona.
“Por detrás do massacre, há um modelo de disputa de classes” pontuou Lucimar, secretária estadual de mulheres do PT de Goiás.
“Temos que ter em vista que vamos fazer o enfrentamento em locais muito marcados pelo poder oligárquico”, reforçou Ednalva, secretária estadual de mulheres do PT de Maranhão.
“É importante entender que seremos atacadas não apenas por sermos mulheres, mas porque faremos o combate tendo em vista recortes de classe social, raça, etnia e, claro, de gênero. O nosso projeto é de enfrentamento à fome, à precarização e à retirada de direitos. E esses ataques têm alvo certo”, explicou Anne, secretária nacional de mulheres do PT.