Porta-voz do desgoverno genocida de Bolsonaro, responsável pelo segundo maior número de mortos por Covid-19 no mundo – mais de 662 mil vidas perdidas -, o ministro da Saúde Marcelo Queiroga decretou, em cadeia nacional, na noite deste domingo (17), o fim da emergência sanitária no país. Cara de pau, Queiroga escondeu no pronunciamento eleitoreiro os esforços de Bolsonaro para atrapalhar a campanha de vacinação, como o atraso na compra de imunizantes e os escândalos de corrupção envolvendo vacinas superfaturadas no ministério. Foi graças aos esforços da CPI da Covid em revelar ao mundo a estratégia de Bolsonaro de expor a população a um vírus letal para atingir a chamada imunidade de rebanho, que o governo, encurralado, avançou na campanha, mesmo aos trancos e barrancos.
“Graças à melhora do cenário epidemiológico, à ampla cobertura vacinal da população e à capacidade de assistência do SUS, temos condições de anunciar o fim da Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional”, mentiu Queiroga no pronunciamento, atropelando a própria Organização Mundial de Saúde (OMS), para quem a pandemia ainda é uma emergência mundial. A agência da ONU adverte que a alta transmissibilidade do vírus, aliada a uma baixa cobertura vacinal no mundo, não permitem baixar a guarda para a pandemia.
De acordo com o Comitê de Emergência da OMS, a pandemia permanece como “um evento extraordinário que continua a afetar negativamente a saúde das populações em todo o mundo, representa um risco contínuo de propagação internacional e interferência no tráfego internacional, e requer uma resposta internacional coordenada”.
Especialistas temem ainda o impacto da medida sobre a capacidade de resposta do sistema de saúde ao surto que, afinal, não acabou. O fim da emergência afetará diretamente a distribuição de vacinas – principalmente em estados que não atingiram uma cobertura mínima de 70% de imunizados e dependem de vacinas em caráter emergencial – e de medicamentos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
“O fim de emergência sanitária declarada pelo Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, é a declaração que o governo federal está lavando as mãos para o Brasil”, denunciou o deputado federal e ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT-SP). “Metas vacinais não [foram] alcançadas, o inverno chegando: o bolsonarismo está colocando o Brasil em perigo”, alertou o parlamentar, nesta segunda-feira (18), pelo Twitter.
Padilha chama a atenção para as consequências diretas da decisão: “Várias medidas de controle e cuidado executadas pelos estados estão amparadas na declaração de emergência: ações para vacinar, medidas para ampliar leitos se necessário, mobilização de recursos de outras áreas, passaporte vacinal para locais de circulação”.
Além disso, observa o ex-ministro da Saúde, “o anúncio em cadeia nacional gera uma onda de relaxamento geral. Transformou o fracasso de menos de 80% da população vacinada em sucesso. Não deu nenhum alerta ao outono e inverno que chegam. Sequer pediu para a população vacinar-se para o influenza”, lamentou Padilha.
“Medidas de proteção aos que mais sofrem têm amparo legal no decreto”, insiste o deputado. “Proibição de despejo de famílias, ações de segurança alimentar para milhões de pessoas, uso de transporte pelas equipes de saúde. Estados e municípios terão de fazer decretos próprios e a briga continuará”, advertiu.
“Autoridades internacionais de saúde alertam que ainda não é o momento de decretar o fim da pandemia, apesar da queda do número de casos e mortes de covid-19”, lembrou a presidenta Nacional do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PR). “Queiroga preferiu atender o pedido do chefe e decretou fim da emergência de covid-19 no Brasil. As consequência que viermos a colher será culpa dos dois”, reagiu.
Queiroga, o desastre em forma de ministro
Além da ameaça direta para a saúde dos brasileiros com o fim da emergência, Queiroga não tem motivos para celebrar sua atuação à frente da Saúde. Ao contrário, o médico encarna o desastre em forma de ministro. Em pouco mais de um ano no ministério, o Pazuello de jaleco foi responsável por 362.970 das mais de 662 mil mortes por Covid-19 no país, cerca de 54% do total de vítimas fatais. De fato, não há o que comemorar mas, sim, explicar.
“Bolsonaro terá de responder à ONU sobre o alto nível de mortalidade da Covid no país”, apontou o senador Humberto Costa (PT-PE), pelo Twitter. “Já são mais de 661 mil brasileiros mortos. Ano passado, a CPI da Covid exerceu papel fundamental denunciando as omissões e o negacionismo do desgoverno Bolsonaro e exigindo a vacinação de todos”, observou o senador.
Da Redação