Lula fala aos sindicalistas: “Soberania é ser capaz de cuidar do povo” 

Em encontro com as centrais sindicais, Lula lembrou que uma nação é soberana quando é capaz de tomar as próprias decisões, em defesa de sua população 

Ricardo Stuckert

Lula, Alckmin e líderes sindicais: pela reconstrução do Brasil

Ao se reunir com as centrais sindicais, nesta quinta-feira (14), em São Paulo, Lula destacou que, com união, é plenamente possível reconstruir um Brasil justo e soberano, que segundo ele, são duas coisas inseparáveis.

Após lembrar que, depois do golpe contra Dilma Rousseff e sua prisão, o povo brasileiro voltou a sofrer com a fome, a inflação e o desemprego, o ex-presidente explicou: “Destruíram uma coisa sagrada para um país, que é a soberania. Uma nação tem que ser soberana, e ela ser soberana não é apenas tomar conta das suas fronteiras, ser respeitada por outros países, é ela, sobretudo, cuidar do seu povo” (veja trecho abaixo e assista à íntegra do discurso no fim desta matéria).

Soberania, lembrou Lula, é ser capaz de decidir os próprios rumos, em benefício de sua população. “A maior fotografia da soberania de um país é a qualidade de vida do povo daquele país, é a qualidade salarial do povo daquele país. Como é possível falar de soberania num país que é o terceiro maior produtor de alimento do mundo e tem 116 milhões de pessoas com algum problema de insuficiência alimentar? Como é possível falar em soberania com 19 milhões de pessoas passando fome, com pessoas procurando carcaça de frango ou osso para fazer mistura e jantar à noite? Como é possível falar em soberania num país que não cuida da educação dos seus jovens, que não tem aumento real do salário mínimo há muitos anos?” 

Moradia e impostos

Pré-candidato à Presidência, Lula, que foi ao evento acompanhado do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin e da presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, recebeu uma carta de reivindicações e garantiu que, se voltar a governar o país, ouvirá sempre a classe trabalhadora, que o ajudou a tomar várias decisões acertadas quando governou o país, de 2003 a 2010. “Foi graças a uma reunião com as centrais sindicais que passamos a dar aumento de salário mínimo todos os anos”, exemplificou.

Lula defendeu ainda a retomada da construção de casas populares e uma reforma tributária que faça os ricos pagarem mais impostos, e os pobres, menos. “Quem é o presidente que fez a correção da tabela do imposto de renda? Há quanto tempo não tem correção na tabela do imposto de renda num país em que o rico, proporcionalmente, paga menos imposto que o povo trabalhador?”, indagou, lembrando que nos governos Lula e Dilma a tabela foi corrigida em 69%. “É por isso que eu tenho dito que nós temos de fazer uma reforma tributária que leve em conta que quem ganha mais pague mais”, completou.

Em seguida, porém, fez um alerta: “Agora, é importante lembrar, que para a gente fazer as mudanças necessárias, a política tributária necessária, é preciso que a gente eleja a maioria de deputados e senadores. Porque se você conseguirem eleger um presidente da República e um vice, e só eleger uma pequena parte de deputados, a gente vai chorar e o Centrão vai continuar fazendo o orçamento secreto e fazendo com que o dinheiro seja revertido para quem menos precisa e não para quem mais precisa.” 

União pela classe trabalhadora

O ex-presidente ressaltou também ter certeza de que é possível resgatar a democracia e a soberania brasileiras. “É plenamente possível a gente ter um país mais justo e solidário, gerar os empregos de que a classe trabalhadora tanto precisa para viver com dignidade, colocar o povo mais humilde dentro das universidades, fazer as pessoas tomarem café, almoçar e jantar todo santo dia, fazer com que o povo possa usufruir das coisas que ele produz. E é plenamente possível o Lula e o Alckmin fazer uma chapa para reconquistar os direitos dos trabalhadores deste país”, disse, referindo-se à aliança entre PT e PSB, aprovada nesta semana pelo Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores.

Antes de Lula, o ex-governador Geraldo Alckmin, hoje pré-candidato a vice ao lado de Lula, falou aos trabalhadores. Lembrou que se tratava de um encontro histórico, no qual todas as centrais sindicais se uniam, de forma inédita, para apoiar um mesmo projeto de reconstrução nacional.

“O Brasil está aqui, unido neste momento grave, quando temos um governo que odeia democracia, um governo que tem admiração pela tortura, que faz o povo sofrer. É neste momento, de desemprego, de inflação, de fome, de morte, que o Brasil se agiganta, aqui hoje nesta reunião histórica, com as mais importantes centrais sindicais. E quero dizer a vocês que venho somar o meu esforço, pequeno, humilde, mas de coração e entusiasmo, em benefício do Brasil. A luta de você, a luta sindical, deu ao Brasil o maior líder popular deste país. Lula, viva Lula. Viva os trabalhadores do Brasil”, disse.

Da Redação

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