A tragédia causada pela maior crise de saúde do país ganhou destaque na imprensa internacional nesta sexta-feira (7). A triste marca de 200 mil mortes em decorrência da Covid-19 no Brasil foi registrada por veículos como Bloomberg, Associated Press, El País, Reuters, CNN e a agência francesa AFP, entre outras. A imprensa destacou a negligência do presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento da pandemia.
Segundo a ‘Associated Press’, cujos despachos são replicados por milhares de agências e sites de notícias em todo o mundo, “enquanto muitos países impuseram novas restrições para limitar a propagação do vírus em meados de dezembro, o governo do presidente Jair Bolsonaro deu sua bênção para a diversão das férias de verão”. A agência referiu-se à aglomeração causada pelo presidente em uma praia do litoral paulista. “Bolsonaro deu início a 2021 pulando de um barco e nadando em direção a uma multidão de apoiadores que, sem máscara, o aplaudiam”, descreve a agência.
A agência reporta como o negacionismo tomou conta de parte da população, citando a aglomeração vista na praia de Ipanema, no Rio, na véspera do Ano Novo. “Foi uma das muitas festas ao ar livre que ocorreram ao longo da vasta costa do Brasil desde o início do verão, enquanto o número de mortos por Covid-19 aumentava”, observa a ‘AP News’.
Falhas no plano de vacinação
Para a agência francesa ‘AFP’, diante de expectativas de que a pandemia do coronavírus perdesse força em 2021, o ano começou com “uma tempestade de controvérsias sobre falhas no plano de vacinação do governo e a contínua negação da Covid-19 pelo presidente de extrema direita, Jair Bolsonaro”.
A ‘Bloomberg’ noticia que enquanto o Brasil volta a ser atingido pela pandemia, “um plano de vacinação em todo o país permanece a semanas de distância, na melhor das hipóteses”.
Já o ‘El País’ relata, em reportagem destacada em manchete, que apesar de uma nota emitida pelo Ministério da Saúde lamentando os 200 mil óbitos, o presidente voltou a levantar dúvidas sobre o número de mortos. “Bolsonaro, em uma transmissão ao vivo nas redes sociais, voltou a questionar os dados sobre mortes, falando que pessoas morreram “com” covid-19, como se fosse possível separar as causas”, diz a reportagem assinada por Beatriz Jucá e Jorge Galindo.
“A gente lamenta hoje, estamos batendo 200 mil mortes. Muitas dessas mortes com covid, outras de covid, não temos uma linha de corte no tocante a isso aí. Mas a vida continua”, sugeriu Bolsonaro.
A reportagem do ‘El País’ traça um quadro sombrio para o Brasil nos próximos meses. “O país está prestes a entrar na sazonalidade que favorece a circulação de vírus respiratórios e espera um repique pelas aglomerações das festas de fim de ano enquanto se vê imerso em uma série de obstáculos para iniciar a vacinação”, observa o jornal. Além disso, continua, “ainda não tem uma política efetiva para frear os contágios mesmo com a iminência de uma variante do coronavírus mais transmissível”.
Da Redação, com ‘El País’ e agências internacionais