Entre os muitos impactos da pandemia na população jovem no país, está as dificuldades de acesso à educação. As desigualdades que ficaram ainda mais evidentes nesse período expuseram o abismo relacionado às condições de acessar ferramentas, que em período de ensino remoto, se tornaram essenciais para o aprendizado.
Falta de acesso à internet, sobrecarga de tarefas domésticas, relacionadas ao cuidado, apoio insuficiente de escolas e faculdades e espaço físico para estudar, falta de dinheiro para aquisição de materiais necessários para o ensino on-line foram as principais dificuldades enfrentadas no período de isolamento. Além das condições materiais, milhares de jovens também conviveram com os efeitos provocados pela ansiedade, falta de concentração e foco para estudar em casa.
Todos esses aspectos foram apresentados na pesquisa Vidas Interrompidas 2: Em suas próprias vozes – O Impacto da COVID-19 na vida de Meninas e Jovens Mulheres, divulgada em maio pela organização Plan Internacional, ouviu meninas de 15 a 24 anos em 14 países, entre eles o Brasil.
“O futuro das meninas e jovens mulheres está ameaçado no Brasil e no mundo. A pandemia aprofundou as desigualdades sociais que já eram muito marcantes em nossa sociedade e está nos fazendo dar vários passos para trás em conquistas importantes de direitos fundamentais para a igualdade de gênero e de oportunidades”, afirma Cynthia Betti, diretora-executiva da Plan International Brasil.
Na primeira etapa da pesquisa, descobriram que 19% das meninas em todo o mundo acreditavam que a pandemia forçaria a suspensão dos estudos, 7% temiam ter que abandonar os estudos.
Para amenizar os efeitos provocados pelas dificuldades de acesso à educação no período da pandemia, a Organização orientou que os governos diminuam as barreiras financeiras impostas às meninas, entre as medidas propostas destacam-se vale-alimentação, alimentação escolar e programas de transferência de renda para incentivar as meninas a voltarem à escola, aliviando a carga sobre a renda familiar.
Uma pesquisa da Unicef divulgada em julho deste ano, mostrou que cerca de um em três países onde as escolas estão ou foram fechadas ainda não está implementando programas reparadores após o fechamento de escolas por causa da Covid-19. “Ao mesmo tempo, apenas um terço dos países está tomando medidas para mensurar as perdas de aprendizagem no ensino fundamental – principalmente entre os países de alta renda”, aponta trecho.
Universidades
No Brasil, milhares de estudantes abandonaram os estudos por faltas de recursos. Um dos sucateamento na educação, promovidos pelo governo de Jair Bolsonaro atinge Universidades e Institutos de Ensino do país, houve um corte orçamentário de R$ 1 bilhão que atingiu as 69 universidades federais.
“Esses cortes orçamentários comprometem o próprio funcionamento das universidades. O prejuízo atinge toda a área de pesquisa e os projetos de extensão universitária. Um duro golpe na função social da universidade e na expansão dos cursos com vistas à inclusão educativa”, aponta a coordenadora do setorial de Educação do Partido dos Trabalhadores (PT), Teresa Leitão.
Para debater sobre os cortes orçamentários na educação, as deputadas federais Marília Arraes (PT/PE) e Natália Bonavides (PT/RN) propuseram uma audiência púbica para analisar os impactos negativos na educação do Nordeste, que acontece na segunda-feira, 9, às 9 horas. O evento virtual poderá ser acompanhado pelos canais oficiais da Câmara dos Deputados.
Foram convidados para a audiência pública os reitores de UFPE, UFRN, UFBA, IFPE, IFRNm além de representantes do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) e do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe).
CNPQ
Um dos exemplos da falta de investimentos e incentivos à ciência no país, está na recente pane do sistema de dados Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Nos últimos anos, o que ocorre com a ciência brasileira é uma sabotagem sistemática, com recursos cada vez menores para a área. Nem mesmo a pandemia de Covid-19, que levou vários países a aumentar o orçamento da área, comoveu o governo Bolsonaro, que, em 2021, cortou em 29% os recursos destinados ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Análise da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) indica que o total de recursos da pasta pode chegar a R$ 2,7 bilhões, desde que créditos suplementares à Lei Orçamentária Anual (LOA) sejam aprovados.
Redação Elas por Elas