Durante sessão solene em homenagem aos 35 anos da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e ao 39º aniversário da Lei da Anistia (Lei 6.683/79), sindicalistas, representantes de movimentos sociais e anistiados políticos defenderam nesta segunda-feira (27), no plenário da Câmara dos Deputados, a democracia, o respeito aos direitos dos trabalhadores e anistiados políticos, além de exigirem a liberdade de Luiz Inácio Lula da Silva. Os dois eventos foram realizados a partir de requerimentos apresentados pelo deputado Vicentinho (PT-SP), ex-presidente da CUT Nacional, e Erika Kokay (PT-DF), ex-presidenta da CUT-DF.
Em nome da direção nacional da CUT, a vice-presidente da entidade, Carmem Helena Ferreira, destacou a importância histórica da central sindical e o objetivo estratégico de lutar pela liberdade de Lula. “O papel da CUT é lutar por democracia, por direitos e trabalho decente para a classe trabalhadora, principalmente para mulheres, jovens, negros e sem-terra, organizando os trabalhadores do campo e da cidade. Foi assim que produzimos o maior líder político e o melhor presidente da história deste país, Luiz Inácio Lula da Silva. Por isso, neste momento, é importante termos Lula livre, para retomar a democracia e recompor as perdas que tivemos desde o golpe de 2016”, destacou.
Na mesma linha de raciocínio, o presidente em exercício da CUT do Distrito Federal, Rodrigo Rodrigues, ressaltou que, ao nascer defendendo a democracia e o protagonismo da classe trabalhadora, a CUT não pode deixar de defender a liberdade de Lula. “Hoje lutamos contra o golpe e a favor da democracia. Defendemos aquele que é o líder das intenções de votos, que melhorou a vida do povo, e que está preso injustamente, condenado sem crime e sem prova”, afirmou.
Durante a sessão, os sete militantes de movimentos sociais que durante 26 dias realizaram greve de fome em defesa de Lula e dos direitos do povo brasileiro também foram homenageados. Todos foram aplaudidos de pé.
Perseguição
O ex-presidente Lula foi lembrado ainda nos pronunciamentos dos representantes dos anistiados políticos. Ao lembrar os 604 oficiais, 1335 sargentos e suboficiais e os mais de quatro mil cabos, marinheiros e soldados cassados pelo regime militar, o capitão Wilson Silva, presidente da Associação de Militares Anistiados (AMPLA), destacou que historicamente as elites brasileiras perseguem os defensores da população. “Quem luta pela coletividade tem que ser condenado, segundo as oligarquias dominantes deste país”, afirmou.
Em seu pronunciamento, a representante da Associação dos Aposentados, Pensionistas e Anistiados da Petrobras do Rio de Janeiro, Rosa dos Santos, afirmou que o governo Temer vem atuando para dificultar a reparação a perseguidos pela ditadura militar. “Antes torturavam nos porões, agora nos torturam com a caneta. O secretário-executivo do ministério da Justiça, Gilson Libório Mendes, tem indeferido os julgamentos dos pedidos de anistia”, denunciou.
Para os deputados Vicentinho e Erika Kokay, autores do requerimento que viabilizou a sessão solene, tanto a luta da CUT quanto a dos anistiados políticos têm como único objetivo a construção de uma sociedade mais justa e fraterna.
Ao lembrar a história da CUT, hoje a maior central sindical do país e a quinta maior do mundo, Vicentinho destacou que a entidade nasceu a partir da realização de um Congresso, em 1983, que contou com a participação de mais de cinco mil delegados de todo o Brasil, inclusive de Lula e Chico Mendes. Sobre a luta dos anistiados, Vicentinho lamentou que após quase 40 anos muitos perseguidos durante a ditadura não tenham tido seus direitos reparados.
“Esses brasileiros deveriam receber prêmios por defender a democracia, porque foram perseguidos e torturados. O que me deixa triste é ainda hoje discutirmos o cumprimento dessa Lei da Anistia, quando todos os anistiados já deveriam ter tido todos seus direitos reparados”, lamentou.
A deputada Erika Kokay disse que a luta da classe trabalhadora por direitos e dos anistiados políticos por reparação das injustiças só pode avançar com um Brasil livre e verdadeiramente democrático.
“Por isso, estamos lutando para que se faça justiça neste país, que viveu os períodos traumáticos do colonialismo, da escravidão e da ditadura militar. Como não fizemos o luto desses períodos, hoje convivemos com pedaços deles. Defendemos Lula Livre, já que ele está encarcerado em Curitiba sem prova e sem crime, como tantos antes dele foram encarcerados na ditadura, quando os algozes utilizavam fardas. Hoje, o que vestem é a toga, que também rasga a Constituição ao prenderem Lula e também os sonhos do povo brasileiro”, lamentou.
Por CUT