Nesta segunda-feira (23) foi realizado na Esquina Democrática, no centro de Porto Alegre, o lançamento do Plebiscito Popular sobre as privatizações no Rio Grande do Sul. O ato contou com a participação da CUT-RS, centrais, sindicatos e federações de trabalhadores, movimentos sociais e partidos políticos.
A consulta será realizada entre os dias 16 e 23 de outubro.
Também foram realizados atos simultaneamente em Canoas, Caxias do Sul, Pelotas, Três Passos, Vacaria, Taquara, Santana do Livramento, Ijuí, São Luiz Gonzaga e Sapiranga, na região metropolitana de Porto Alegres e interior do estado.
O governo do Rio Grande do Sul, comandado por Eduardo Leite (PSDB), já aprovou medida para privatizar a Corsan (Companhia Riograndense de Saneamento), o Banrisul (Banco do Estado do Rio Grande do Sul) e a Procergs (Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Rio Grande do Sul S.A.), entre outras importantes empresas estatais.
Everton Gimenis, vice-presidente da CUT-RS, que coordenou o ato de lançamento, lembrou a importância do evento ser lançado durante a primavera. “Nós estamos chamando esse plebiscito de primavera da democracia porque ele vai acontecer de 16 a 23 de outubro. E é muito importante que a gente faça essa primavera porque nós sabemos que as elites do nosso estado e do nosso país não querem ouvir o povo”, enfatizou.
Gimenis denunciou o fim dos plebiscitos garantidos pela Constituição Estadual com a aprovação da PEC 280. “A aprovação da PEC 280 rasgou a nossa Constituição Estadual e tirou do povo o direito de decidir através de plebiscito, que estava no Artigo 2º da Constituição, o destino das empresas públicas do nosso estado, em especial do Banrisul, da Corsan e da Procergs. Eles já tinham feito isso antes com a CEEE, a CRM e a Sulgás”.
Funcionamento do Estado
Amarildo Cenci, presidente da CUT-RS, destacou a importância de um instrumento como o plebiscito lançado para se debater o funcionamento do estado.
“Essa campanha vai ser uma caminhada de muita conversa, pois esse plebiscito tem essa expressão, esse símbolo de disputa de uma opinião sobre como deve funcionar o estado. Mas, além da disputa do papel do estado, é uma ferramenta para desenvolver conexão e relação com a população, que está correndo atrás de um posto de trabalho, de renda, de um prato de comida”, afirmou Cenci.
“Querem vender aqui no Estado a Corsan, o Banrisul e a Procergs. São nossos ativos, nossas estatais. E, além disso, também querem entregar os serviços públicos, a exemplo do que o Guedes e o Bolsonaro fazem lá no Palácio do Planalto”, criticou.
“Eles dizem que querem vender as estatais, entregar o serviço público para dar mais emprego e renda, para melhorar o serviço, para melhorar o atendimento, para ampliar o investimento. Mas, aonde foi feito isso no país? O preço do gás, o preço da gasolina, o custo de vida da população não para de crescer por conta dessa lógica de querer tirar, não só os serviços públicos e vender as estatais, mas o pouco de dinheiro que ainda tem o povo trabalhador”, enfatizou Amarildo.
“Por isso, estamos junto com as centrais sindicais, com os movimentos populares, com os partidos que têm compromisso com o Brasil para organizar, realizar e fazer desse plebiscito uma grande marcha em defesa da democracia, dos direitos, e de um país que só funcionará se tiver serviços públicos de qualidade”, ressaltou o dirigente da CUT-RS.
O presidente do Sindiágua, Arilson Wünsch, destacou a resistência dos trabalhadores da Corsan na luta contra a privatização da água e afirmou que “a aprovação da PEC280 acabou com o direito ao plebiscito para a população do RS e o movimento visa uma consulta popular, já que o governo do Estado não quer ouvir o povo”.
Para o deputado estadual Pepe Vargas(PT), também presente ao ato, “o povo precisa debater as privatizações. Vamos realizar um Plebiscito Popular para que a população do RS possa dizer o que pensa das privatizações. Eduardo Leite disse na campanha que não iria privatizar o Banrisul e o Corsan, mas ele mentiu. Agora é o povo que precisa decidir”.
O ato contou ainda com a presença de demais lideranças petistas, como o ex-prefeito de Porto Alegre,Raul Pont, e o ex-ministro Miguel Rossetto.
Comitê do Plebiscito
Em julho deste ano, centrais sindicais, movimentos sociais, frentes populares, lideranças de partidos políticos e entidades representativas lançaram no Rio Grande do Sul o Comitê do Plebiscito Popular no Rio Grande do Sul, como uma reação da sociedade à política de privatizações do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) e do governador Eduardo Leite (PSDB).
Segundo os organizadores, a consulta será feita em formato híbrido, através de uma plataforma de democracia participativa, garantindo o voto em cédula para comunidades sem acesso à internet. Para tanto, o comitê já organizou comissões de mobilização, finanças, comunicação e pedagógica.
Um manifesto convidando a população gaúcha a somar-se à iniciativa já está publicada na internet para a coleta de assinaturas de apoio. Clique aqui para assinar o manifesto.
Privatização da Carris
Também na segunda-feira, em Porto Alegre, uma outra manifestação contra privatização de serviço público foi realizada. Dessa vez foram os trabalhadores da Carris – empresa de transporte público com controle acionário da Prefeitura – que cruzaram os braços em protesto contra o projeto de lei apresentado pelo prefeito Sebastião Melo (MDB), que propõe privatizar a empresa.
O projeto de privatização da Carris foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e está pronto para ser votado em plenário.
A mobilização iniciou por volta das 2h da madrugada e foi crescendo até o amanhecer, em frente à garagem da Carris, situado no bairro Partenon, na Zona Leste.
Segundo o presidente do Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre, Sandro Abbade, a mobilização teve a ampla adesão dos funcionários da empresa. Segundo ele, os trabalhadores querem que o prefeito retire o projeto da Câmara e negocie junto com os funcionários outra solução para melhorar a situação financeira da Carris.
Da Redação, com CUT-RS e Sul 21