Após transferir o subsecretário de Política Fiscal, Erik Figueiredo, para a presidência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a fim de contestar o evidente crescimento da fome no Brasil, Paulo Guedes voltou a negar o inegável. “A tática política é de barulho: 33 milhões de pessoas passando fome. É mentira, é falso. Não são esses os números”, disse em evento do setor automotivo em São Paulo, nesta quarta (21).
O ministro-banqueiro de Jair Bolsonaro fez a afirmação ao garantir que, na comparação com outras grandes economias, o desempenho brasileiro está melhor. “Isso são fatos econômicos, não adianta”, comentou, antes de investir contra os fatos sociais que considera mentirosos. Embora também não tenha apontado quantas pessoas realmente passariam fome país afora.
LEIA MAIS: Bolsonaro usa Ipea para tentar esconder 33 milhões de famintos no país
LEIA MAIS: Fome avança em todas as regiões e é mais cruel em lares com crianças
Guedes disse apenas que “o consumo dos mais frágeis” estaria garantido com a transferência de renda. “Por isso, é impossível que tenha 33 milhões de pessoas passando fome. Elas estão recebendo três vezes mais do que recebiam antes”, afirmou, com sua lógica de conveniência. “Mesmo que tenha tido inflação e aumento de preço, não multiplicou por três, então o poder de compra está mais do que preservado.”
LEIA MAIS: Auxílio insuficiente: R$ 600 de hoje equivalem a R$ 491 de 2020
Nas redes sociais, a ex-ministra Tereza Campello se apressou em socorrer os fatos. “Guedes e Bozo mais uma vez questionam a fome e os dados apurados pela Rede de Pesquisadores em Soberania e Segurança Alimentar, Rede PENSSAN. Negar as evidências não mudará a realidade. Tão pouco colocar “antolhos” evitará que se deparem nas ruas com a tragédia social”, afirmou em sequência de postagens no Twiter.
Ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome durante o Governo Dilma Rousseff, Tereza ressaltou que Guedes coordena o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Seria útil ter oferecido à sociedade e ao governo bases científicas que permitissem construir políticas públicas para enfrentar a fome e a Insegurança Alimentar. Não fez. Por isso a Rede Penssan foi a campo. Não cabe ao governo dar pitacos. Tem que agir”, apontou, lembrando que Guedes vem sucateando o IBGE.
LEIA MAIS: Auxílio Brasil não paga nem cesta básica para mais de 2,4 milhões de famílias
“Em quatro anos não aprenderam nada, só resta o negacionismo”, criticou Tereza. “Destruíram a estratégia brasileira de enfrentamento a fome e pobreza e construíram um programa mal desenhado. Por isso a fome está de volta. Com Lula vamos tirar o Brasil, novamente, do MAPA da FOME e reconstruir o país.”
Da Redação