Todos consideramos necessária uma reforma política: diminuição dos partidos, financiamento público de campanha, alterações nas coligações e outras modificações sobre datas e obrigações. Porém deve-se avançar para além dessas reformas pontuais, que apesar de necessárias, não irão alterar o cenário político brasileiro.
Como sempre diz o ex-presidente Lula, “é necessário colocar os pobres no orçamento”, e isso realmente deve acontecer. Mas sugiro algo além: devemos colocar os pobres, trabalhadores, negros, LGBTs, mulheres e todos os que são marginalizados não apenas no orçamento, mas também na política. Para isso, retorno ao Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político.
Esse movimento, ocorrido em 2014, é um grande marco no Brasil de participação das camadas marginalizadas da população em uma ampla discussão sobre o sistema político brasileiro. É isso que devemos retornar.
É muito claro que com a exposição da mídia sobre os casos de corrupção, a classe política tenha cada vez mais repúdio da população. E isso é compreensível. Mas como alterar esse quadro e impedir que políticos fascistas ganham as eleições: colocando a população na política. Para isso devemos ir nos bairros pobres, nas periferias, nos pequenos sindicatos, nos locais de trabalho, nas praças, nas escolas, nas igrejas e convocar a população para debater: qual país queremos?
O debate deve ser incentivado e resultar em um grande processo de constituinte para o Brasil. Os deputados e senadores da atual legislatura ou mesmo da próxima, não podem fazer a Assembleia Constituinte, pois eles irão manter seus privilégios e talvez até regredir em diversos pontos a nossa, infelizmente destruída, Constituição Cidadã. A proposta é portanto criar debates nas cidades, principalmente nas periferias e bairros mais pobres, sobre uma nova constituição para o Brasil com a participação dos trabalhadores.
Para chegarmos lá, é necessário criar a confiança dos que são marginalizados pela sociedade. Em uma entrevista à Globo News, o papa Francisco afirma que a Igreja Católica abriu espaço para outras religiões ao se tornar uma igreja de correspondência, enviava cartas ao fiéis para convidá-los ou informá-los da igreja.
O problema reside justamente neste distanciamento, o que podemos comparar com a situação política. Não se deve possuir uma forma de comunicação apenas por cartas, e-mails, sites, blogs, vídeos e áudios que, apesar de serem de extrema importância para contrapor ao oligopólio da mídia, também ir pessoalmente, fazer confraternizações, debates, aulas públicas, festas e outras formas de integração presencial com a população que não participa efetivamente com a política institucional. Isso gera empatia e confiança.
Por fim, quero apenas considerar que nada é fácil. Mas o contexto sugere duas opções: ou a política se distancia cada vez mais do cidadão (representativa) e este elege políticos cada vez menos comprometidos com o bem social; ou a política se aproxima dos cidadãos (democracia direta) e estes participam mais ativamente da política e criam condições para um Brasil melhor.
Por Denis James Pereira, licenciando em História e bacharel em Humanidades pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina (MG), para a Tribuna de Debates do 6º Congresso. Saiba como participar.