O governo Bolsonaro avança na entrega do patrimônio público, promovendo de maneira metódica e criminosa o desmanche da Petrobras. A diretoria da empresa estatal, comandada pelo economista Roberto Castelo Branco, deu início à venda de participação nos campos de Marlim, Voador, Marlim Leste e Marlim Sul, conhecidos como Polo Marlim, em águas profundas na Bacia de Campos, no litoral do Rio de Janeiro. O atentado contra a soberania nacional vai sendo executado de maneira torpe, com o silêncio cúmplice de militares e dos partidos da direita nacional – DEM e PSDB. Tudo para agradar ao mercado e atender aos interesses dos Estados Unidos.
O anúncio da venda de Marlim confirma a intenção da estatal de se desfazer – sem justificativa comercial – de áreas estratégicas no pré-sal de Campos. A ideia é entregar o patrimônio para reforçar o desmonte do setor petroleiro nacional. A Petrobrás já vendeu a BR Distribuidora, anunciou a entrega de campos terrestres na Bahia, o desmonte das operações no Norte e Nordeste, enquanto está disposta a dar para concorrentes metade das refinarias brasileiras, tudo em nome da política entreguista e anti-nacional de Bolsonaro e do ministro Paulo Guedes.
A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), criticou a decisão do Palácio do Planalto. “É traição aos interesses do povo e a prova de que o governo Bolsonaro atua contra o futuro do país”, criticou. O presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Petrobrás, senador Jean Paul Prates (PT-RN), disse que não há justificativa para o desmonte da estatal. “Isso vai contra o desenvolvimento do Brasil e os interesses do país”, lamentou. O PT estuda medidas jurídicas para impedir a sabotagem do governo.
A Petrobrás pretende vender 50% de sua participação nas áreas de Marlim, mantendo-se como operadora, com os 50% restantes. Os quatro campos começaram a produzir entre 1991 e 2000 e têm significativo potencial produtivo, devido às descobertas no Pré-Sal ainda no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Hoje, a Petrobras produz nas áreas do pré-sal batizadas de Brava e Tracajá, e deve iniciar em 2022 um teste de longa duração na descoberta de Poraquê Alto. O polo atualmente produz 240 mil barris por dia de óleo equivalente, terceiro maior volume do país.
Os campos de Marlim e Voador passam por processos de revitalização, que preveem a substituição de nove plataformas por duas unidades flutuantes de produção (FPSOs). O objetivo é aumentar a eficiência da produção e reduzir custos de operação, o que vai ajudar no aumento da produção e extensão da vida útil dos campos. As novas unidades, chamadas Anita Garibaldi e Ana Néri, foram contratadas à Modec e à Yinson, respectivamente, e têm previsão de entrada em operação em 2022 e 2023.
A importância das áreas para a Petrobras foi evidenciada em setembro, quando a empresa divulgou uma prévia do plano de negócios 2021-2025. A companhia deve investir entre US$ 8,8 bilhões e US$ 11 bilhões em áreas do pós-sal no período, com foco em seis campos, entre eles, Marlim, Marlim Sul e Marlim Leste.
Esta não é, no entanto, a primeira vez que a Petrobras tenta se desfazer de Marlim. No governo do golpista Michel Temer, em 2018, a estatal chegou a criar uma joint venture com a chinesa CNODC para ceder 20% de sua participação no campo, mas a parceria não foi concretizada.
Da Redação, com informações do Valor Econômico