Parlamentares da Bancada do PT repudiaram hoje (8) as declarações xenofóbicas e preconceituosas do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), contra o Nordeste. Os deputados criticaram a defesa de Zema de colocar o Sul e o Sudeste contra o Nordeste e apontaram a ignorância do governador de Minas, por desconhecer o papel do estado na integração nacional e também a existência de 246 municípios mineiros que recebem benefícios da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) .
O vice-líder do governo na Câmara, Rogério Correia (PT-MG), se solidarizou com os nordestinos e frisou que Zema desrespeitou os mineiros com ataques em que visou colocar o Sul e o Sudeste contra o Nordeste. “É preciso dizer que isso é o Zema; não é Minas Gerais. Minas Gerais é Guimarães Rosa, que cravou que Minas são muitas” e é “uma fusão importante de culturas e povos”.
O parlamentar assinalou que, ao contrário do governador do Novo, o povo mineiro é muito acolhedor, em especial o do Vale do Jequitinhonha, região que foi diretamente atacada por Zema. Segundo Rogério Correia, o preconceito de Zema é sobretudo contra os pobres. “Então, ele tem preconceito com a parte pobre de Minas também, e faz esse ataque aos mineiros”, observou.
Norte de Minas
O deputado recordou que Zema já havia atacado o Norte do estado antes, quando criticou a região por não se desenvolver e não atrair indústrias e disse, literalmente, que as empresas deviam ir para a região já que os trabalhadores de lá aceitariam qualquer emprego de R$ 200,00. “Isso ele falou do povo mineiro do Jequitinhonha. Então, o preconceito dele não contra o Nordeste, mas se dá porque ele realmente não consegue conviver com aqueles que são os trabalhadores do povo”, comentou Correia.
Segundo ele, Zema só pensa no chamado mercado, em “vender e vender”, tanto que tem insistido em privatizar a Cemig e Copasa, duas estatais com lucros bilionários anuais. Rogério Correia pediu para os nordestinos não considerarem a fala de Zema como de algum mineiro, “mas sim de alguém do mercado que não está interessado em fazer com que o Brasil cresça, que combata as desigualdades, seja unificado e o povo mais pobre possa se beneficiar do desenvolvimento”.
Divisão do País
O deputado Leonardo Monteiro (PT-MG) também repudiou a fala preconceituosa de Zema na qual propôs a divisão do País. “Esquece o governador que boa parte do estado de Minas Gerais está no semiárido. Quase a metade dos municípios de Minas Gerais está hoje na área mineira da Sudene”, observou. “A fala do governador é segregadora, separatista, discriminatória, enquanto temos o presidente Lula trabalhando pela unidade do País”.
Já Helder Salomão (PT-ES) condenou a proposta de Zema, de organizar uma Frente Sul-Sudeste contra o Norte e o Nordeste. “Eu sou da Região Sudeste do País, mas quero dizer que o governador de Minas mostra, com essa proposta, todo o seu preconceito, sua visão supremacista ao desconsiderar a importância econômica, estratégica, ambiental, cultural e histórica das Regiões Norte e Nordeste do País. É uma visão de quem quer desunir o Brasil, de quem quer estimular o conflito ao invés de unir o Brasil em torno de um projeto de Nação”, afirmou.
O deputado capixaba disse que a fala de Zema é um “desserviço” ao País, já que é preciso considerar a importância de todas as regiões de um país de dimensões continentais. “E é preciso trabalharmos, como tem feito o Presidente Lula, para unir o Brasil. Esta visão excludente, preconceituosa do governador de Minas Gerais é efetivamente lamentável e deve, sim, ser repudiada”.
Pobreza cognitiva
O deputado Flávio Nogueira (PT-PI) observou que Zema estarreceu o Brasil com sua xenofobia e preconceito e cogitou a hipótese de o governador mineiro “sofrer de pobreza cognitiva”. Segundo Nogueira, Zema “não reflete, não pensa, não toma conhecimento de que vivemos outra época, outro clima, não o clima do ano passado, quando, durante 4 anos, ouvimos declarações absurdas, declarações que sempre provocavam o descontentamento de pessoas, de regiões, de estados”.
O deputado piauiense criticou a ignorância de Zema e destacou que Minas sempre teve papel histórico na integração nacional. Lembrou que no século XIX o mineiro Bernardo Pereira de Vasconcelos fez com que o Brasil não perdesse a sua unidade, evitando, junto com outros líderes da época, que “o Brasil não se esfacelasse e as províncias não se tornassem cada uma delas uma República”. E completou: “Portanto, o País unitário devemos a muitos mineiros. E esse Governador de Minas Gerais não aprendeu com seus conterrâneos.”
Fernando Mineiro (PT-RN) igualmente repudiou a proposta separatista de Zema e disse que o governador mineiro quer entrar na disputado do espólio do bolsonarismo, derrotado nas urnas no ano passado. “Há uma disputa em curso no Brasil, e é importante que essa disputa seja explicitada, para que a sociedade conheça os atores e os personagens da história dessa quadra brasileira, do período que nós estamos passando. Infelizmente, nós temos ainda esse tipo de ação que precisa ser combatida”.
Do PT na Câmara