Danielle Santa Brígida, do projeto Elas Por Elas
A população LGBTI+ chega no contexto da pandemia desamparada após a perda de direitos na saúde, educação, seguridade social, direitos trabalhistas, dentre outros. O cenário de hoje é fruto de perdas que vem ocorrendo desde o golpe de 2016, mas que foram intensamente aprofundadas por Bolsonaro.
O primeiro grande programa de enfrentamento à Lgbtfobia foi o Escola sem Homofobia (2004) lançado no governo Lula, o programa inicialmente identificou as violências racistas, machistas e LGBTfóbicas nas escolas, isso possibilitou a formulação de ações para construção de uma educação voltada ao respeito às diferenças.
Contudo este foi o grande alvo de grupos conservadores anti-direito e usado na campanha de 2018 como um dos definidores da eleição, pois ao longo desses anos mentiras vem sendo massificadas através da disseminação de fake news por milícias digitais com narrativas sobre “ideologia de gênero”, “kit gay” e outras.
Desde 2019, amargamos a censura na educação, que foi desde o enxugamento dos conteúdos dos livros das escolas públicas para pôr fim a uma educação cidadã e humanitária até o envio de contatos do Palácio do Planalto nesses mesmos livros que foram distribuídos esse ano para denúncias de profissionais da educação que falem sobre direitos humanos em sala de aula, o que eles denominaram de “ideologia de gênero.”
Todas as expressões da existência LGBTI+ vêm sendo negadas por este governo também na publicidade das empresas públicas e nos investimentos em cultura.
Esse apagamento de nossa existência somado a crise econômica e humanitária que vivemos coloca a população à margem das políticas públicas e com difícil acesso às políticas de combate à pandemia.
Se antes, o acesso à saúde era difícil, com este novo contexto se tornou impossível. E para a população LGBTI+ em situação de pobreza, prostituição e ou informalidade a burocracia estabelecida pelo governo tornou impossível o acesso.
Estamos diante da confirmação de um modelo esgotado de exploração de trabalhadoras e trabalhadores, secularmente firmada na necropolítica que descarta os corpos negros e LGBTI+ e objetifica a vida e corpo das mulheres. Assim, Bolsonaro empurra milhares, talvez milhões de pessoas para a morte e para a violência com seu discurso negacionista, violento e discriminatória.
Nossa segurança, existência e nossas vidas depende hoje exclusivamente de nossos esforços contra o esmagamento do Estado brasileiro. São as iniciativas feminista e solidárias que tem amenizado as dores de LGBTI+ que vivem em solidão, abandono familiar e pobreza.
Neste 17 de Maio, não há trégua à Lgbtfobia, a violência e a discriminação, pois o movimento LGBTI+ de esquerda se uniu com organizações parceiras da nossa luta para organizar o Festival 17M, e marcarão este dia com uma lição de união pela cidadania e respeito a todas, todos e todes.