O robusto crescimento do PIB brasileiro no segundo trimestre, de 1,4% frente ao primeiro, poderia ter sido ainda maior, não fosse o freio do patamar escandalosamente elevado da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 10,5% ao ano. O impacto destrutivo dessa política monetária nefasta na cadeia produtiva tem afetado diversos setores econômicos, que se manifestam contra a atual administração do Banco Central, presidido pelo bolsonarista Roberto Campos Neto.
No nível atual, a Selic cria barreiras ao desenvolvimento. Na construção civil, por exemplo, dificulta o financiamento de projetos de longo prazo, impactando o mercado imobiliário e a infraestrutura. Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) recentemente declarou que as taxas de juros acima de 9% tornam as operações excessivamente onerosas, prejudicando o lançamento de projetos e afetando a cadeia produtiva.
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O varejo também sente o peso dessa política, pois o crédito se torna mais caro e a confiança do consumidor diminui, levando a uma queda no consumo. “Os juros elevados reduzem o poder de compra, o que se reflete diretamente no faturamento do varejo”, afirmou Felipe Tavares, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A situação é uma bola de neve: menor confiança leva a menos consumo, que por sua vez agrava a situação econômica do setor.
Impacto na indústria e em toda economia
A indústria, responsável por cerca de 25,5% do PIB nacional e 33% da arrecadação de impostos federais, também sofre com o efeito dos juros altos. Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), criticou a decisão do Banco Central, presidido pelo bolsonarista Campos Neto, de manter a Selic em 10,5%. Ele afirma que a medida prejudica a atividade econômica e a competitividade, limitando o crescimento industrial e a criação de empregos.
Já para Rafael Lucchesi, diretor de desenvolvimento industrial da CNI, a taxa de juros elevada incentiva um “rentismo improdutivo” e trava o desenvolvimento nacional. “Temos uma taxa artificialmente elevada, derivada da concentração bancária. Quem perde com isso é toda a sociedade brasileira: as famílias, as empresas e o setor produtivo”, afirma.
Além de afetar diretamente os setores produtivos, a atual Selic tem um impacto devastador na economia como um todo. O crescimento do PIB, mesmo em ritmo acelerado, pode não ser sustentável a longo prazo se a política monetária continuar a restringir o crédito e desincentivar o investimento. O Brasil, com a 2a maior taxa de juros reais do mundo, enfrenta o desafio de equilibrar o controle da inflação e o impulsionamento econômico.
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O deputado federal Lindbergh Farias (PT/RJ) também vem criticando há tempos o freio que a política do Banco Central vem impondo ao desenvolvimento do Brasil. Em sua mais recente declaração sobre o assunto, na rede social Bluesky, Lindbergh acusa o presidente da autarquia de prejudicar o país. “Tenho convicção que se Campos Neto não tivesse sabotado tanto com juros abusivos, poderíamos ter crescimento acima de 4% ao ano”, afirmou.
Brasil cresceu 1,4% no 2° trimestre e acumula crescimento de 3,3% em um ano. Tenho convicção que se Campos Neto não tivesse sabotado tanto com juros abusivos, poderíamos ter crescimento acima de 4% ao ano, gerando empregos e reduzindo desigualdade. Ainda bem q a era Campos Neto está próxima do fim!
— Lindbergh Farias (@lindberghfarias.bsky.social) Sep 3, 2024 at 12:17
A diminuição dos juros é essencial para fomentar o investimento, aumentar a competitividade das empresas e promover um desenvolvimento sustentável, com geração de empregos e melhora da qualidade de vida da população. Seu retorno a patamares compatíveis com as necessidades do país é uma questão que precisa ser resolvida com urgência. “Esperamos que a Selic volte a ser reduzida o quanto antes”, afirmou Ricardo Alban.
De Redação