A guerra de extermínio articulada pela elite financeira contra o governo Petista e o PT se espalhou pelo país com a participação do Judiciário golpista, com a participação ativa de partidos desejosos de poder e acesso privilegiado aos recursos públicos e com o apoio da classe média que, como afirmou Jesse Souza em seu livro “Radiografia do Golpe”, se apavorou com a possibilidade de compartilhar seu capital cultural com “os de baixo”.
Mas nada disso seria possível sem uma mídia monopolista, enriquecida com recursos públicos e historicamente golpistas. Por que nosso olhar, em quase 20 anos de poder, não foi mais atento a um setor que, vivendo de recursos públicos, de concessões públicas, de influência política, repito, não foi atento o suficiente para reformular esse setor? Isso evitaria o golpe? Não acredito, pois também nos afastamos da militância de base, passamos esse período vivendo de eleições em eleições, modelando nosso comportamento, lá na ponta, nos diretórios municipais, ao modelito tradicional de política partidária.
Quase impossível evitar o golpe, mas enfrentando uma reestruturação na comunicação, não teríamos a disseminação a uma só voz do ódio ao PT, a campanha sistemática e financiada com recursos públicos que assistimos, com maior ou menor intensidade, ao longo dos governos petistas. E só para trazer um exemplo claro: se o governo Haddad contasse com mídias democráticas, certamente não teria perdido a eleição para um Dória. Em quatro anos não lembro de uma única notícia veiculada nos meios de comunicação tradicionais elogiando o melhor prefeito que São Paulo já teve. Quando uma iniciativa era elogiada, simplesmente se omitia o autor.
E como promover a mudança?
1. Pela elaboração de uma política de comunicação democrática e popular que sirva à educação política e seja reflexo da atuação autônoma de segmentos organizados da sociedade.
2. Pela definição e pela luta por uma legislação que abra espaço e privilegie – ao contrário da atual que persegue – a comunicação popular e comunitária, os veículos de organizações sindicais, rádios, tvs e mídias virtuais geridas e comandadas por coletivos e entidades dos movimentos sociais, destinados a construir, no dia a dia, a história dos trabalhadores, a cidadania e os programas de inclusão social e de educação. Uma legislação que se reforce as iniciativas de rádios e canais de televisão via web e os projetos de educação populares vinculados a coletivos alternativos de educação.
3. Com fortalecimento das universidades públicas e privadas com a iniciativa de parcerias em projetos de extensão, voltados para os cursos de Comunicação Social, em que as disciplinas de Comunicação Comunitária sejam efetivamente pensadas em parcerias que estimulem a mobilização social e o reforço ao espírito crítico dos estudantes e da população em geral.
4. Através da definição, pelo PT, de uma política interna de estimulo à criação de coletivos nas bases partidárias para debates permanentes da comunicação e execução de modelos populares de políticas públicas, como oficinas de comunicação popular, reprodução de modelos exitosos , encontros, seminários, eventos diversos sobre esses temas. A base petista, diante dos novos modos de comunicação virtual precisa aprender a usar e reproduzir essa comunicação popular adquirindo autonomia e conhecimento suficiente para gerar uma massa crítica em oposição à mídia comercial.
5. Pela defesa ampla e intransigente de um programa de redução drástica no monopólio comercial de rádios e Tvs, com a discussão iniciada na Constituinte que até hoje não foi sequer tocada, embora fosse ainda muito tímida. Como evidentemente não é o partido que cria essa legislação e temos um Congresso corrupto e golpista, é preciso modelar essa proposta de forma a criar pressão popular na base para que haja uma reforma efetiva, retirando das mãos de alguns poucos as TVs (cinco famílias) e as rádios (na mão de igrejas, deputados e senadores), considerando-se os respectivos prazos de concessões vencidos.
6. Com a definição de um programa mínimo de comunicação popular a ser implementado em todas as administrações petistas, onde existam, e que inclua prioritariamente o apoio às iniciativas de comunicação popular existentes.
Por Edna Della Nina, filiada ao PT Paulínia, para a Tribuna de Debates do 6º Congresso. Saiba como participar.